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Análise: Saitek X-55 Rhino H.O.T.A.S. System

Antes de mais, sejam bem vindos à nossa nova secção de Simuladores de Voo. Para quem não conhece, saibam que existem céus virtuais por esse mundo fora para pilotos de todas as categorias. Desde o simples entusiasta ao piloto profissional, os Simuladores de Voo existem para satisfazer o sonho de muitos, mesmo que seja de forma virtual. Aqui no WASD aproveitamos o know-how de alguns membros da redacção para vos trazer destaques de software e hardware desta área.

A Saitek é uma das mais conceituadas produtoras de Hardware para Simulação. Nascida da prestigiada criadora de hardware para gaming Mad Catz, a Saitek ganhou notoriedade por produzir controlos e peças modulares para construtores de cockpits para simulação de voo. Em pouco tempo, não só lançou diversas inovações nesta área tão específica, como ainda soube aperfeiçoar esses dispositivos. Fruto dessa vontade de inovar são os fantásticos Joysticks e sistemas HOTAS que culminam neste mais recente X-55 Rhino. Mas, primeiro que tudo, o que é um HOTAS?

HOTAS, ou melhor, H.O.T.A.S. é uma sigla que significa “Hands On Throttle And Stick” que na gíria militar aeronáutica surgiu para denominar o sistema que equipava os aviões militares que permitia ao piloto controlar quase todos os aspectos do voo e de combate com a mão esquerda no quadrante de potência (Throttle) e a mão direita no manche (Flightstick). Existem diversos sistemas HOTAS de diversas marcas, sendo a Saitek a produtora de quatro modelos diferentes.

Na história deste X-55 surgem primeiro os antecessores X-52 e X-52Pro. Estes dois sistemas são os HOTAS menos dispendiosos da linha de voo da Saitek. O primeiro totalmente em plástico e o segundo idêntico, mas com algumas peças em alumínio. Entretanto, surgiu o fantástico X-65F, este já num patamar tecnológico muito avançado com um sensor de forças embutido no manche ao invés de sensores tipo potenciómetros com eixos móveis. Finalmente, o X-55 veio assumir um compromisso de relação Qualidade / Preço em relação aos seus irmãos mais velhos. Isto porque o facto do manche do X-65F não se mover (por causa do tal sensor de forças) fazia com que os utilizadores se queixassem um pouco do hábito necessário para melhorar a sua prestação. Isto já para não falar no preço exagerado, fruto, sobretudo da sua construção em alumínio. Noutro campo, o da estética, os X-52 eram sistemas categoricamente feios. O design era duvidoso, por mais funcionais que fossem os joysticks e throttles. Felizmente que o X-55 não é tão dispendioso e difícil de habituar… nem tão feio…

O X-55 Rhino é agora a nova aposta da Saitek. Inspirado nos controlos do avião Boeing A-10 Warthog, o Rhino é um sistema de controlo para aviões de combate bimotor. Mas esta é só uma premissa já que, na realidade, como bem sabemos os controlos no mundo virtual são sempre adaptáveis. Podemos muito bem voar com este sistema na calmaria da aviação civil. Que é o que eu vou fazer também! Antes disso, vamos conhecer melhor os controlos.

Começamos pelo Joystick ou, usando um termo mais aeronáutico, o manche. Quem conhece o X-65F vai reconhecer este manche de imediato, porque é igual, embora de plástico. Com um design muito sóbrio podia muito bem sair de qualquer cockpit moderno. A diferença perante o seu antecessor, porém, é que não só é móvel (recordo que o X-65F possuía o tal sensor de forças, sendo totalmente imóvel) como é destacável e personalizável com um conjunto de quatro molas que lhe conferem diferentes resistências. A tecnologia única da Saitek de uma só mola, já deu provas de ser a mais eficaz, evitando forças desnecessárias ou duplicadas como em sistemas de duas ou mais molas interiores. Pessoalmente, fiquei pela mola de cor Azul porque me pareceu a que mais resistência oferecia, sem o exagero da Verde. O sistema de cores é interessante e até nos é oferecido um pequeno tubo para as guardar.

Continuando no manche, a sua base é muito mais ampla que os manches anteriores. Nestas questões dos Joysticks de mesa, as pequenas bases são, por vezes, problemáticas. Temos de prender o manche à mesa, sobretudo quando operamos aeronaves mais nervosas. Felizmente, esta base ampla ajuda muito e possui pés em borracha para adicionar mais alguma tracção para não nos fugir das mãos. Para os mais insistentes, há quatro furos na base para aparafusar numa superfície, algo que já tínhamos visto nos demais sistemas da Saitek.

Falando de ergonomia, este manche possui os botões e HAT (POV) switches virtualmente iguais ao sistema convencional do avião Lockheed F-16 Falcon, incluindo a placa inferior frontal para o dedo anelar, característica quase exclusiva deste aparelho. A mão assenta muito bem na sua base (que só tenho pena de não ser ajustável em altura como no X-52) e tem um acabamento aborrachado para uma melhor adaptação.

A nível de operação, este manche possui os tradicionais dois eixos (Elevador e Ailerons) com novos sensores de 16 bit conferindo-lhe muita precisão e um controlo extra para o eixo do leme vertical. Aqui tenho de realçar que, apesar de útil (para quem não tem pedais de controlo), não há forma de bloquear esta funcionalidade como era possível no X-52. Felizmente que, ao operar este eixo (torcendo-o), notei que possui uma mola forte que, de certa forma, evita activá-lo sem necessidade.

Passamos para o Throttle onde começo por realçar a quantidade de botões e selectores adicionais, muito práticos. Apesar de não estarem etiquetados, não permitindo pré-configurações, é possível programá-los para um pouco de tudo. Por exemplo, um botão para fazer descer ou subir flaps, outro para o trem de aterragem e ainda um outro para luzes e outros comutadores. As peças são em metal e com muita qualidade de montagem. Este selectores adicionam ainda mais opções para evitar usar o teclado e já tínhamos visto este aproveitamento da base do Throttle no sistema HOTAS Warthog da Thrustmaster. Infelizmente nem tudo é ouro neste design, mas já vou falar nisso.

A base do quadrante de potência é igualmente ampla, mais ou menos o mesmo que o manche. Também aqui isto é importante, dado que as manetes de potência, embora possuam um ajuste de inércia para se tornarem mais ou menos resistente na operação, exigem alguma força para operar. Não fossem os tais pés de borracha e não conseguíamos acelerar. Mais uma vez, os quatro furos para parafusos também estão presentes.

As manetes possuem um aspecto muito parecido ao avião A-10 em que este sistema se inspira. Os botões e selectores nelas, porém, lembram-me bastante os do X-52. A diferença principal está no facto de podermos dividir o controlo de potência em dois permitindo, com uma simples alavanca do lado esquerdo, operar os motores em separado ou em conjunto. Em termos de ergonomia, as pegas não são nada de extraordinário mas possuem a tal superfície aborrachada que gostei tanto no manche.

Na operação, este quadrante está ao nível dos demais com movimento suave nos dois controlos graças ao duplo sensor independente para os dois eixos. Notei que a operação dos botões e selectores nas manetes de potência em si, são eficazes, mas o mesmo não posso dizer dos botões e selectores da base. A essência do sistema HOTAS é que não precisaríamos retirar as mãos das pegas para o operar. Neste caso, os controlos estão fora desta lógica porque é preciso remover a mão das manetes. Mas nem é disso que falo. O que me aborreceu é que alguns dos botões ficam inacessíveis quando o controlo do Motor 2 fica por cima deles. Um pouco mais ao lado e tudo tinha sido resolvido, mas que tamanho teria a base? Já no HOTAS Warthog a solução da Thrustmaster foi levantar ligeiramente as pegas, mas no X-55 estas quase inibem os selectores quando estão por cima deles.

Já vamos passar para o voo em si, mas antes tenho de informar que a ligação dos dois módulos é individual. Ou seja, um cabo liga o Manche e outro liga o Throttle via USB (2.0 ou 3.0) ao computador. O que para quem quiser ampliar o cockpit seria sempre agradável evitar ligar mais um cabo USB (é a nossa sina, certo?). Neste caso, porém, terão mesmo de disponibilizar duas entradas USB. Notem que isto até é positivo, caso queiram, por exemplo, usar o manche ou o throttle em separado. Não será muito comum, mas é possível. Recordo que tanto no X-52/X-52Pro como no X-65F, o Manche liga-se ao Throttle e deste sai um cabo USB para o Computador. Não dava para usar os dois módulos em separado, mas pelo menos era só um cabo USB para conectar.

Antes de ligar o Rhino ao computador, temos de ir buscar os drivers e software mais recente no site da Saitek. É-nos dito que o novo program de programação de nome “HUD” é uma grande inovação tecnológica e queríamos ver isso mesmo. Depois de instalarmos os drivers e de no manche e base do throttle acender uma discreta luz verde (igual à do X65F), calibramos os eixos e accionamos o HUD pela primeira vez.

E, vede! Não é nada mais que o costumeiro software Saitek Smart Technology (SST) com outra cara. Desapontante.

Mesmo assim, continua a ser fácil de programar as teclas com vários perfis que podemos salvar num ficheiro e activar em qualquer altura. Apenas com este programa podemos usar o sistema de triplicação de teclas (três modos diferentes com um selector na base do Throttle) que conhecemos dos anteriores modelos. Infelizmente, porém, temos de desprogramar tudo nos próprios programas de simulação. Isto pode causar alguns problemas de configuração visto que tanto o HUD como o SST usam emulação de teclado. Ou seja, basta uma operação não possuir combinações de teclas designadas e não poderemos programar aquela função que queríamos. Há formas de o fazer, mas o utilizador comum não saberá como.

Para voar, escolho o lendário Microsoft Flight Simulator X, o concorrente Xplane 10 e o exigente Lock-On Flaming Cliffs 3. Convenhamos que são três simuladores diferentes de programar e de operar. Por isso mesmo os escolhi. No Flight Simulator X como no Xplane 10, o X-55 comportou-se bem, tanto com o software HUD como com os drivers a funcionar perfeitamente. A programação dos eixos, porém, deixei ao cargo do FSX e do Xplane para controlar as sensibilidades mais rapidamente. Em voo, para ajustar isto com o Saitek HUD tenho de alternar janelas com o Task Switch do windows. Não é muito agradável.

De um modo geral, nos aviões civis, os controlos de eixos do Ailerons e Elevador são muito precisos. Antes do X-55 voava com o X-52 e achei uma diferença enorme na precisão. Com alguns ajustes na sensibilidade, sobretudo no Xplane 10 que é muito mais realista e implacável, controlam-se aviões e helicópteros com suavidade. Isto é fruto da nova tecnologia dos tais sensores de 16Bit. Apenas terão de ajustar a sensibilidade ao vosso gosto e não se esqueçam que podem trocar a mola quando quiserem!

No Flaming Cliffs 3, porém, é que o Rhino mostra as garras (ok, os rinocerontes possuem chifres, é isso, ok?). Não é só pelo facto dos controlos serem muito mais sensíveis para aviões de combate, como também é nestes aparelhos que o sistema HOTAS se mostra mais útil. Afinal, o combate aéreo é que fez nascer o conceito HOTAS e é nele que brilha. Se num avião comercial isto é menos relevante porque tudo se passa mais devagar com poucos comandos para activar, nos caças e bombardeiros, a selecção das armas e do tipo de radar, a escolha dos canhões a meio para um dogfight emergente e até um ataque de precisão com bombas teleguiadas assume uma maior facilidade no X-55, como em qualquer outro HOTAS.

O FC3 é um simulador brutal. Não podemos cometer exageros de operação a nível de manobras nem podemos andar a forçar a fuselagem com piruetas. O X-55 permite precisão e controlo suave e eficaz, muito mais que o X-52 com o qual tinha constantemente de efectuar correcções. Mais do que suavidade, por outro lado, os ataques de precisão exigem concentração. Ter um sistema com tantos botões permite-me programar uma série de funções e selecções, sempre disponíveis. Ligar o Master Arm e seleccionar um míssil Ar-Terra Maverick, disparar e orientar a mira laser para o fazer atingir o alvo é um processo simples com o HOTAS. O X-55 só o torna ainda mais simplificado com mais botões. Mesmo que por vezes tivesse de acelerar um pouco o motor 2 para ligar algumas coisas. O tal problema que já vos falei.

Veredicto

E cá está. A essência do X-55 Rhino está nos simuladores de combate. Tudo bem que, como já disse, os periféricos deste género não são realmente específicos e podem ser adaptados às realidades dos simuladores que usamos. O próprio Ivo Pereira no vídeo que mostrámos usou-o noutros simuladores diferentes. Mas o que interessa aqui assinalar é que há toda uma série de dispositivos para simular, incluindo Flight Yokes (volantes) para aviões comerciais. Este X-55 existe para aviões militares, mais precisamente para caças! É aí que mostra a sua essência, fruto da sua herança do X-52, X-52Pro e X-65F dos quais herda muita coisa.

A favor, a sua construção robusta e programação fácil. Também gostei muito da personalização da mola do manche. Contra, só mesmo o facto do software HUD não inovar quase nada e da questão dos botões na base do Throttle ficarem tapados pelas manetes. No mercado Português, o preço também não é muito acessível, cerca de 200€. Trata-se de um sistema de plástico, para todos os efeitos. O X-52 custa metade do preço pelo mesmo material, mesmo que um pouco menos avançado tecnologicamente. E para quem quer voar a sério, vai precisar dos pedais do leme vertical que, com este orçamento, fica mais complicado adquirir. No entanto, não posso deixar de recomendar este sistema para os entusiastas que queiram voar com toda a ergonomia e a pensar nos sistemas dos aviões de combate modernos. Adorei voar com o X-55 Rhino.

  • MarcaSaitek
  • ModeloRhino H.O.T.A.S. System
  • Lançamento2014
  • PlataformasPC
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Software HUD não inova muito
  • Problemas de design
  • Preço algo elevado

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