Análise – Razer Kraken V3

A mais famosa e popular série de auscultadores da Razer está de volta com a sua terceira geração. Hoje temos o primeiro modelo básico desta nova série, o Razer Kraken V3, cheio de vontade de ser o novo “padrão”.

Tenho de ser muito honesto convosco. A minha relação da série Kraken é um de “amor/ódio”. Por um lado, sempre foram os meus auscultadores preferidos, dando uma óptima perspectiva de preço/qualidade no que se procura em auscultadores “premium” para gaming. Contudo, a Razer nem sempre escolheu os melhores componentes e materiais para equipar esta série, dando-lhes uma longevidade francamente duvidosa. Com a geração V3 dos Kraken, porém, parece que a Razer poderá ter acertado em cheio.

O que salta inicialmente à vista é o seu design. Estamos longe do aspecto “bojudo” das primeiras gerações Kraken, com um design bem mais comedido em dimensões, mantendo o chassis em aço. O que também se traduz no peso, agora pouco mais de 320g, um headset muito leve e que “esquecemos” na cabeça. O diâmetro e profundidade também foram revistos, tornando-os ligeiramente mais reduzidos e “arredondados” que os anteriores. Os LEDs coloridos para controlar com o Razer Chroma são rodeados por um anel em torno do logótipo da Razer, uma subtil adição.

No fundo, tudo isto é uma simplificação no design que apreciei bastante. Moderniza o conceito Kraken mas não o banaliza, mantendo o aspecto geral conhecido. O que não é uma simplificação é o novo design de bandelete, agora mais acolchoada e de maiores dimensões. De facto, nas gerações anteriores, este era um dos elementos de desconforto mais assinaláveis perante o peso acrescido dos auscultadores. Está muito melhor agora.

Outro elemento revisto é o microfone, agora uma peça amovível ao invés de ser retráctil como foi até agora. Mantém a sua flexibilidade mas noto que é mais curto em alcance. Capta muito bem a voz à mesma, que é o que interessa mas, já lá vamos. O que não gostei neste novo conceito é que perdemos o LED colorido que nos informa se o microfone está activo ou desactivado. Apenas temos um botão que fica mais saliente se estiver desligado, escondido na traseira do cup esquerdo.

Também o controlo de volume foi revisto, agora numa roda mais suave e com saliências mais tácteis. Também é uma revisão algo divisória, já que é mais fácil de ajustar o volume, sem dúvida, mas também mais propenso a ajustes involuntários, por exemplo se tivermos uma gola mais alta na camisola e movimentamos a cabeça. É algo mitigável mas preferiria outra solução, por exemplo com botões de ajuste, em vez da roda. Ou então, voltávamos ao passado com o controlo no cabo.

O que é importante ressalvar nisto tudo é uma enorme aposta em novos materiais nesta construção. A Razer não se limitou a redesenhar os Kraken, deu-lhes “roupa” nova. As almofadas dos cups continuam a ser feitas de espuma de memória, revestidas pela infame pele sintética que anteriormente se “descascava” ao fim de uns tempos. Contudo, na zona de contacto com a pele, é agora composto por tecido com transferência de calor, uma óptima ideia para evitar o seu famoso desgaste.

O mesmo acontece com a já mencionada bandelete, igualmente revestida a pele sintética no exterior, mas com tecido na zona de contacto com o cabelo/pele. Outro elemento muito criticado pela fraca durabilidade era a espuma do microfone, agra é uma espuma mais firme e grossa, não só protegendo mais o microfone do vento, como também o torna mais duradouro. De um modo geral, portanto, há uma verdadeira evolução positiva na durabilidade destes auscultadores.

Tecnologicamente, os Kraken V3 estão na vanguarda do que a Razer oferece em termos de tecnologia áudio. Lá dentro, estão drivers de 50mm Razer Triforce Titanium, o topo de gama da oferta Razer. Como não podia faltar, temos à disposição um equalizador digital e surround virtual da tecnologia THX Spatial Audio. O microfone cardióide é também do melhor que a Razer oferece a nível técnico, com tecnologia Hyperclear, com opção de cancelamento de ruído e vários ajustes na claridade de voz.

Graças à construção e materiais usados nos cups, a envolvência sonora e cancelamento passivo do ruído externo e com o surround virtual providenciado pela THX, torna a experiência sonora excelente. A frequência de resposta é competente, entre os 20Hz e os 20kHz com uma claridade invejável. Contudo, não posso deixar de assinalar que os graves são, algo… vá lá… humildes. Mesmo ligando o “bass boost” e ajustando o equalizador digital via Razer Synapse, falta-lhe algo “boom”. Era dum dos pontos fortes dos anteriores Kraken, perdendo-se aqui aquele “bass” característico.

Suspeito que a menor presença do graves se deva ao conceito de outra tecnologia, a de feedback háptico Hypersense. Não, os Kraken V3 que analisamos aqui não possuem feedback háptico (é outra versão) mas penso que aí reside o problema. A falta de Bass dos drivers Triforce é compensada pelo Hypersense nos auscultadores que o possuem, dando vibração para criar o efeito de “bass” e aqui sente-se a sua ausência. É possível obter algum Bass, notem, só que não é muito presente e se tentarem aumentar com o tal “bass boost” começam a ouvir distorção. O que é pena.

Quanto ao microfone, já expliquei que tem um alcance físico mais curto, parcialmente motivado pela nova ficha incorporada para o tornar amovível. Não é preciso, de facto, colocar o microfone na frente da boca, já que o microfone unidireccional capta bem a voz lateralmente. No entanto, as várias opções disponíveis no Razer Synapse precisam de imensos ajustes para obter o melhor deste microfone. Tem uma clareza normal para usar em chat mas admito que, para algo mais “profissional”, é melhor mesmo desligá-lo e optar por algo mais robusto.

A versão aqui analisada do Kraken V3 é a versão standard, a segunda no nível premium da Razer, com uma ligação de cabo simples. No site da Razer poderão encontrar ainda o Razer Kraken V3 X, uma versão mais barata de entrada de gama, também com cabo mas com drivers menores (40mm), sem surround virtual THX e com microfone fixo, o Razer Kraken V3 Hypersense, igual mas com o tal feedback háptico e ainda o Razer Kraken V3 Pro, o topo de gama com ligação wireless e… bom, tudo o resto e com uma etiqueta de preço a condizer.

Veredicto

Os Razer Kraken V3 possuem uma importante revisão no material usado na sua construção, a pensar na durabilidade e, claramente, baseando-se no feedback de tantos jogadores descontentes com a pele sintética de elevado desgaste nos anteriores modelos. São também mais leves, mais sóbrios e com muita tecnologia no interior. Infelizmente, há alguns pormenores menos positivos que assinalo acima e tenho de aconselhar vivamente que optem pela opção Hypersense porque o Bass aqui não vos vai impressionar. De resto, temos nova fasquia a ultrapassar no que toca a auscultadores de gaming.