Ser ou não ser? Jogador ou Gamer? Eis a questão!

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Muito antes do Gamer existia o Jogador. Este aguardava ansiosamente por novos jogos, novas entradas nas suas séries favoritas. Sempre com uma enorme vontade de descobrir o que os iria diferenciar pela positiva dos seus antecessores ou dos demais títulos do seu género, esforçava-se por apreciar as experiências que lhes chegavam às mãos como um todo. Se um título era mau, explicava de forma construtiva o porquê, ou melhor ainda, simplesmente parava de o jogar. Até que um dia, algo aconteceu. A evolução do Jogador deu origem a outra criatura. Se no mundo natural, o pacato ruminante conheceu o predador, nos jogos… O Jogador conheceu o Gamer.

Então mas não são os dois uma e a mesma coisa, uma vez que Gamer é Jogador em Inglês?” Não, caro leitor! Muito mais do que uma mera tradução, ser-se Gamer não é, nem nunca foi para todos. O termo Gamer é o resultado de todo um processo evolucional que, com o passar do tempo, culminou no sinónimo de um estatuto auto-atribuído por quem se considera sê-lo. E, claro, não é qualquer um que o consegue alcançar. Mas divago… Onde estávamos? Ah! O Jogador conheceu o Gamer.

Mas como é que ocorreu, este salto evolutivo que deu origem ao Gamer? Ora bem, enquanto que nos primórdios, o modesto Jogador se restringia às regras oferecidas pelos criadores das suas experiências, o Gamer sempre pensou em levar a coisa mais além. Passaram a ser vistos como uma elite pela sua forma de jogar que era mais séria, profissional se quiserem, mas ao mesmo tempo mais fria e calculista do que a do Jogador. O Gamer rapidamente se diferenciou pelos graus de sucesso e continuou a evoluir.

Hoje, apesar de algumas exepções, aos olhos dos Gamers toda a indústria de videojogos tem obrigatoriamente de estar em constante provação. Ela está em constante dívida para com eles e raros são os casos em que lhes paga. Enquanto que o pobre e modesto Jogador, perdoem-me novamente a redundância, joga, na sua paz ignorante, o Gamer analisa, esmiúça, disseca em busca da(s) falha(s), que o façam desistir de adquirir ou jogar a alguma coisa. Quando as encontra, chega a hora de sair para as ruas e gritar a plenos pulmões, profetizando que o fim está próximo.

O olhar do “bicho” Gamer é incisivo, perscrutante até. Onde o Jogador aponta algo como sendo pertinente, o Gamer conclui que é evidente. Aquilo que para o Jogador é bom, é para o Gamer um condescendente: “Cumpre“. Toda a inovação que o Jogador, por vezes, só consegue elaborar com um simples e ingénuo “Bué da fixe!“, é para o Gamer não mais do que uma obrigação.

Indigna-se com relativa facilidade e, tal como a sua paciência, a felicidade do bicho Gamer é efémera. Seja qual for a novidade e por muito ofuscante que seja, contrariamente ao embasbacado Jogador, depressa esta “perspicaz” criatura descobre as maquinações que se escondem por detrás dela. O “Finalmente” não consta no vocabulário do Gamer. Se alguma medida tiver de ser tomada por alguém da indústria, pois que seja tomada imediatamente. Para o Gamer, uma jogada de Marketing é, no que se diz na gíria: Para Meninos…

Qual oráculo, o Gamer é tudo num só ser, não há nada que não compreenda e nada sobre o qual não opine com uma incapacitante e mordaz certeza. “Raramente erra e nunca está certo.” Esperem, será que é assim?

A sua postura é estóica e as suas convicções, inabaláveis. A não ser que seja corrigido por outro Gamer tão conhecedor como ele, e por outro, e por outro, e por… outro. Nunca se poupa a esforços no que diz e está sempre pronto a ajudar o Jogador. Coitadinho, muitas vezes nem se apercebe que precisa de ser ajudado. O Gamer é de tal forma bom e fiel aos seus princípios que, caso venha a adquirir um jogo e/ou a usufruir de um serviço que tenha criticado… Jamais será em prol do seu entretenimento. Será mais um sacrifício em nome de um mundo melhor…

Só que enquanto o Gamer passa por todas estas provações, o Jogador… Joga. Alheio às lutas, batalhas e guerras travadas lá fora, diz sorrindo: “Prefiro desfrutar das coisas do que estar sempre a chatear-me com elas.” Pfff… Menino…

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