Reportagem – Sobreviver em Days Gone

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No passado dia 25 de Fevereiro, decorreu a apresentação à imprensa do próximo grande exclusivo PlayStation 4, Days Gone. Desde que foi anunciado e mesmo depois de sucessivos adiamentos, este é um jogo muito aguardado do Bend Studio.

Algures na Tapada da Ajuda em Lisboa, mais precisamente num espaço decorado a rigor no Instituto Superior de Agronomia, fomos transportados para um cenário apocalíptico, depois de uma terrível invasão de zombies. O evento contou com a presença do “suspeito do costume” João Lopes da Sony Interactive Entertainment Portugal, que deu as boas vindas aos jornalistas e convidados. Logo de seguida, apresentou o representante do Bend Studio, o Senior Staff Animator Emmanuel Roth.

Apresentação fui sucinta, dando o mote para o motivo de ali estarmos, conhecer o jogo. Entre cada sessão de experimentação, tivemos a oportunidade de falar com Emmanuel sobre muitos pormenores e curiosidades acerca da produção e do jogo em si. E também estivemos também à conversa com o actor Felipe Duarte, a voz nacional da dobragem do protagonista Deacon St. John.

Estas duas entrevistas podem ser acompanhadas na íntegra aqui e aqui, respectivamente.

Claro que estávamos neste espaço com a importante missão de tomarmos o primeiro contacto oficial com o jogo em si. Ao nosso dispor, um conjunto de consolas PlayStation 4 Pro, monitores de alta definição e, claro, um excelente headset para escutarmos a excelente localização para Português que o jogo vai oferecer. A demonstração disponível pertence a uma build muito próxima do produto final, que apenas nos deu acesso às primeiras horas de jogo.

Numa era em que o Online parece quase obrigatório para cada nova franquia, é bom ver que está de volta aquela fórmula de jogo a solo que só a PlayStation 4 parece saber fazer. Não significa que só mesmo os jogos da SIE o fazem. Contudo, vejam só que jogos ganharam os mais elevados prémios. God of War, Spider-Man, Detroit: Become Human, todos exclusivos da PlayStation 4 e todos a apostar no modo de jogo a solo. Há espaço para todos os géneros e todos os tipos de experiência, é certo. Contudo, Days Gone é mais um título “contra a maré” aparente. E ainda bem que assim é, pelo que irão ler.

Talvez já saibam qual a história de Days Gone. Deacon St. John é um ex-motoqueiro a braços com um enorme dilema. Tem de sobreviver a uma enorme perda e ainda lutar contra bandos de marginais e… zombies.

Esperem, esperem… Não se vão já embora.

Eu bem sei que o mercado está cheio de jogos deste calibre, de sobrevivência com zombies em mundos abertos à exploração. Contudo, em primeiro lugar, este não é o vosso vulgar shooter com zombies. É que nem sequer são zombies, propriamente, nem de personalidade nem sequer de nome, porque se chamam de “Freakers”.

Bom, voltando a Deacon, gostaria que pudessem jogar este jogo quando for lançado para se inteirarem da história. Ainda assim, dou-vos uma ideia do enredo, até porque uma boa parte foi já revelada em trailers e vídeos promocionais. Este ex-motoqueiro encontrou o seu amor Sarah e deixou os seus dias de marginal para uma nova oportunidade. Acontece que, subitamente, o mundo se virou de pernas para o ar, a sua esposa acabou evacuada e o seu paradeiro incerto. Deacon acaba para trás, para ajudar o seu melhor amigo Boozer, igualmente motard, que está ferido. Esse é só o preâmbulo da trama.

Do que pudemos testar do jogo, esta história parece bem mais complexa que esta curta introdução. Deacon e Boozer possuem uma química interessante, fruto dos actores que emprestaram a cara e dos que emprestaram a voz. O resultado, pelo menos na versão testada dobrada para Português, é uma série de diálogos muito “terrenos”, por vezes rudes, como aliás são as próprias personagens. É mais do mesmo neste exclusivos da Sony. E só temos a apreciar esta aposta na narrativa credível e muito bem ensaiada na nossa língua.

Em termos de jogabilidade, este também não é o título de sobrevivência com zombies que estão habituados. Embora não tivéssemos muito tempo para aprofundar, Deacon tem uma profunda ligação com a sua mota, que age como meio de locomoção mas também é um auxílio em algumas secções de combate. Combate esse que nos pareceu francamente fluido e muito bem desenhado. Imaginem uma lógica de The Last of Us, com elementos furtivos e uma constante pressão por recursos para crafting.

Os zombies, perdão, os freakers são também eles protagonistas nesta história. Esqueçam aqueles monstros lentos e desmiolados. Nesta história, estes seres são mutações evolutivas e que apresentam inúmeras classes diferentes. Travámos conhecimento com os Swarmers, os mais vulgares que gostam de agir em bandos. Mas, os que mais nos aterrorizaram foram os Newts que, à falta de melhor designação, são adolescentes mutantes e, de certa forma, algo tímidos. Adoram emboscar e os seus grunhidos são terríveis.

Há mais freakers para descobrir, no entanto. Numa breve conversa com a produção, ficámos a saber que os Swarmers aparecem em grupos muito maiores e mais desafiantes. Haverão Screamers que chamam ainda mais freakers, os musculados Breakers que são “duros de roer” e não podemos esquecer os animais infectados, como os rápidos lobos ou os omnipresentes corvos. Estamos, de facto, longe dos mais conhecidos estereótipos neste género, o que nos faz pensar na forma como também The Last of Us quebrou esse “ritmo” repetitivo nestes jogos de sobrevivência.

O combate, obviamente, faz-se com armas de diversos tipos. Começamos com uma pistola e uma caçadeira, mas mais armas haverão para vos alegrar. Notem que, mediante a dificuldade do jogo, as munições e unidades de cocktail-molotov ou explosivos são incrivelmente limitadas. Teremos de angariar muitos recursos para “construir” munições e equipamento e lembrem-se que os bolsos estão limitados.

De um modo geral, os tiroteios são bastante lineares. Deacon pode escolher que arma usar consoante as distâncias e o tipo de ataque ou defesa que precisa executar. Há um forte incentivo à acção furtiva, eliminando um inimigo de cada vez de forma silenciosa. Para isso, podemos marcar inimigos com os binóculos e depois diminuir as hostes até a zona estar limpa e disponível para saquear recursos ou cumprir a missão. Notem, porém, que quando a acção é contra marginais, eles disparam de volta e, digo-vos, “foram aos treinos”. São algo precisos demais, mesmo quando estamos em movimento. Um ajuste seria bem vindo.

E tal como os demais jogos da Sony, esta é mais uma demonstração das capacidades técnicas da PlayStation 4. Começando com as cenas intermédias de uma qualidade quase cinematográfica, onde irão reconhecer, pelo menos, o actor principal Sam Witwer, famoso por dar a cara a Starkiller em Star Wars: The Force Unleashed e umas quantas aparições em séries de TV. Contudo, todo o jogo tem um cuidado visual deslumbrante, com imensos pormenores de qualidade, sobretudo ao nível da iluminação e efeitos visuais.

Infelizmente, nem tudo nesta demonstração me impressionou pela positiva. Alguns problemas de som na dobragem impediram a melhor das experiências. Também não gostei muito da forma como o jogo está constantemente a interromper a acção com cenas intermédias e ecrãs de carregamento. Também não gostei muito da lentidão da reposta no controlo das motas. Confesso que não perdi muito tempo a afinar sensibilidades no Dualshock 4, mas parece-me que o controlo precisa de um “tweak”.

É óbvio que, nesta fase, ainda há bastante para fazer até ao lançamento. Espero honestamente que estes problemas sejam mitigados a bem da excelente experiência que todo o jogo aparenta ser. Em nada, porém, estas questões menores afectaram a nossa apreciação geral do jogo. Days Gone parece-nos francamente brilhante e com ganas de lutar pelo título de jogo do ano. Ainda é cedo, bem sabemos, mas é esta é a nossa convicção. E só jogamos umas duas horas da demonstração disponível.

Agora vem a fase da espera. Days Gone tem data marcada para 26 de Abril como um exclusivo PlayStation 4. Há várias edições para pré-encomendar e devem contar também com a nossa análise, senão antes, algures na data de lançamento.

Esta previsão foi possível mediante convite da Sony Interactive Entertainment Portugal. A versão analisada foi disponibilizada no espaço do evento e não foi autorizada a recolha de imagens do jogo da build que testámos. As imagens foram cedidas pela editora/distribuidora e foram capturadas numa PS4 Pro.

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