Reportagem – Detroit: Become Human

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O próximo jogo da visão de David Cage, já está Gold e chegará sensivelmente dentro de um mês. No entanto, no passado dia 16 de Abril estivemos no espaço WIP – Lisbon Events em Lisboa para a apresentação à imprensa de Detroit: Become Human

Uma vez mais, coube a João Lopes, PR Manager da Sony PlayStation em Portugal a tarefa de abrir o evento com uma introdução sucinta ao jogo. Após essa apresentação, coube ao representante da produtora Quantic Dream, o Associate Game Director Gregorie Diaconu apresentar um interessante vídeo que mostrou os bastidores do processo criativo deste novo título. Infelizmente, à data desta reportagem o vídeo ainda não foi divulgado pela Sony, mas cremos que será partilhado em breve nos canais oficiais.

Depois, foi ocasião de dois dos momentos chave do evento. Tivemos a oportunidade de experimentar a demonstração do jogo em primeira mão. Esta foi uma demo que nos deu oportunidade jogar umas duas horas sem interrupções e já com a localização em Português completa. O jogo estava disponível em diversas consolas dispostas no espaço e onde os jogadores puderam experimentar uma versão quase final do jogo.

Também foi a altura de passarmos às entrevistas, não só com Gregorie, que também falou connosco, mas também conversar com os actores Portugueses que dão a voz a Kara, Connor e Markus. Victória Guerra, Diogo Morgado e José Mata respectivamente. Uma vez mais, é de louvar este esforço importante de localizar o jogo na nossa língua, garantindo uma tradução integral. Este é o vídeo de making-of desta dobragem.

Claro que o verdadeiro motivo desta apresentação é primeiro “hands-on” possível antes do lançamento ainda um pouco longe. O contacto com Detroit: Become Human é perfeitamente natural. Habituados que estamos aos títulos de David Cage, tudo nos parece francamente familiar. É uma aventura gráfica de acção indirecta, baseando-se nas opções visuais, de diálogo e de acções que são dadas ao jogador. De um modo geral, Detroit segue o modelo criado pelos jogos anteriores da Quantic, como Heavy Rain ou Beyond: Two Souls. Contudo, parece que a produtora aprendeu com os erros desse último jogo.

Acho mesmo que, logo nos primeiros minutos, este título recupera mesmo aquela forma única de contar uma história em várias perspectivas que Heavy Rain aperfeiçoou. Na demonstração que pude testar, comecei com a já célebre cena de negociação de reféns com Connor “Hostage”. Depois parti para uma cena em que Kara é reclamada pelo seu “dono” numa loja de reparações de andróides. Daí, fui com Markus num simples recado para comprar equipamento de pintura que não termina muito bem. Daqui em diante, intercalei entre estas três perspectivas tão peculiares. Infelizmente, muita da trama só se irá desenrolar mais para a frente, mas a génese de muitas questões surge mesmo aqui.

Detroit mostra-nos uma história bastante actual. Apesar de se passar no futuro, os temas usados podiam ser comentados em qualquer jornal de hoje em dia. E não, não falo apenas nos avanços a da Inteligência Artificial, ao ponto de interferir nas nossas vidas. A mensagem do jogo é bem mais profunda que isto. Afinal tem no título a ideia que os andróides podem “tornar-se humanos”. E isto eleva a fasquia da discussão das injustiças sociais, neste caso dos seres sintéticos. Estes estão a trocar os falíveis humanos nas mais diversas tarefas, levando a problemas sociais e a inevitável suspeita e fobia de andróides. E, entretanto, os próprios andróides ganham consciência destas injustiças.

Enquanto que Connor mostra o lado do “sistema” que pretende que os seres sintéticos sejam só mesmo isso, eliminando os desviantes com pensamentos mais “humanos”, Kara age por desejo de defender quem precisa. Já Markus só quer ser livre da opressão e revolta-se contra quem o tenta dominar. Pelo meio, todos fazem um esforço para se manter na sua programação, no seu “formato”. Contudo, a dada altura, somos nós a jogar e a tomar as decisões por si. E nós, claro, somos humanos. Somos nós que interpelamos a acção com as nossas emoções. E, aqui, acho que Detroit é verdadeiramente surpreendente na sua mensagem, com dezenas de desenlaces e fins únicos despoletados pelas vossas decisões. Algo que é mencionado também na entrevista com Gregorie.

Não vou aprofundar muito mais do seu enredo, até porque a demonstração que joguei foi limitada, com muitas cenas intermédias e acção complementar e com a narrativa a demorar um pouco a desenvolver. Contudo, penso que aquela atmosfera de Heavy Rain está lá, embora não tenha um grande mistério por detrás para desvendar, pelo menos no início. Isso não invalida de nos sentirmos envolvidos pela história ou de nos interessarmos pelos eventos que enfrentamos, notem. Apanhar roupa espalhada ou arrumar o lixo de um drogado, pai de uma filha aterrorizada, pode parecer uma tarefa menial, mas confere uma profundidade à atitude mecânica padronizada, que mais tarde vai ser posta em causa.

E, sim, estão de volta aquelas mecânicas e interacção baseadas nos infames Quick Time Events. Não sou fã desta muleta técnica, mas em todos os jogos da Quantic Dream temos uma versão “menos má” dos QTE. Entre o pressionar de vários botões e gatilhos, também teremos de mover os analógicos em determinadas direcções e até usar o touchpad de forma intuitiva. De facto, o Dualshock 4 é usado na sua plenitude e confere uma imersão interessante. Claro que a interacção mais interessante faz-se nos diálogos, alguns com temporizador e condicionados pelo que conseguimos observar, angariar ou até com outros diálogos anteriores.

O que mais irão apreciar neste jogo será a sua beleza visual. Tudo tem um aspecto muito polido e que tira partido da PlayStation 4. Na apresentação, pudemos experimentar o jogo na PS4 Pro e tudo parecia roçar a perfeição. Desde as feições dos actores recriadas com imenso pormenor, até ao trabalho de concepção da vibrante cidade de Detroit num futuro não muito longínquo. Toda a apresentação me pareceu absolutamente genial. Já estamos habituados que os estúdios ligados à Sony nos tragam aventuras visualmente deslumbrantes. E esta é mais uma prova da qualidade possível do hardware da PS4 e da PS4 Pro. E o claro destaque é para reprodução das feições dos actores.

Pude visitar imensos locais diferentes no jogo e, tirando o facto de haver mesmo poucos objectos para interagir, estando tudo bastante coreografado, há cuidado na modelação de cenários, objectos e personagens. Quem sabe, é este mesmo o problema do jogo. Tudo é tão belo que desejamos que este seja um Role Play Game e não uma aventura gráfica. Queríamos mais interacção mais exploração, mais opções de tirar proveito do que nos é mostrado. Quem sabe a versão final do jogo nos traga mais liberdade que esta demonstração nos deu oportunidade de testar. Ou então, estamos a querer um jogo totalmente diferente deste…

Antevemos mais uma aventura de grande rigor narrativo. Parece mesmo que a Quantic Dream voltou ao seu ADN original que aprimorou em Heavy Rain, especialmente no pormenor de termos múltiplas personagens e linhas de enredo convergente. E depois temos toda uma experiência visual deslumbrante e rica em pormenores. É mais um grande jogo a mostrar o que a PS4 é capaz de fazer. Teremos de esperar pelo próximo mês para dar-mos o nosso veredicto final. A experiência destas horas privilegiadas de primeiro contacto, porém, foram muito positivas.

Detroit: Become Human será lançado a 25 de Maio num exclusivo PlayStation 4 e PlayStation 4 Pro. A demonstração do jogo, que inclui toda a primeira cena “Hostage” fica hoje disponível na PlayStation Store de forma gratuita.

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