Quando o filme é pior que o jogo

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A propósito do lançamento em breve do filme Halo: Nightfall que noticiámos aqui, não podemos esquecer que nem sempre os filmes criados por adaptação de videojogos correram bem. Estão na forja adaptações como Uncharted ou Metal Gear Solid, só podemos esperar que façam jus ao enorme sucesso dos jogos em que se inspiram. Isto porque há um passado triste na interpretação cinematográfica de algumas séries de videojogos de sucesso.

Já tivemos contacto com algumas aberrações de filmes que, caso o jogo não tivesse tanto sucesso, seriam o fim desastroso dessa série. Felizmente as produtoras tentam tornar os filmes como um pedaço extraído ou inspirado nos jogos e não parte deles (salvo algumas excepções). Há mesmo casos em que não se entende o critério da produção do filme que chega a fugir tanto ao jogo que em comum só possuem mesmo o título. Conheçam uma lista daqueles que considero serem as piores adaptações cinematográficas de jogos de sucesso.

Lara Croft: Tomb Raider – The Cradle of Life

É discutível se Angelina Jolie tinha os… atributos… necessários para tomar o papel de Lara Croft. Até nem foi muito mau o primeiro, mas neste segundo filme (de dois, felizmente) acontece um autêntico circo. Depois de andar à pancada com uns monges Shaolin, Lara resolve juntar-se aos serviços secretos britânicos (MI6) para encontrar a Caixa de Pandora e travar um cientista vencedor de um prémio Nobel que se tornou terrorista… Se ainda não estão confusos, pensem que Lara está no Casaquistão e usa a parabólica de uma família que estava a ver desenhos animados para comunicar com o MI6… não chega? Tomem lá pelo meio há um tubarão que gargareja… enfim…

Doom

Um clássico. Um dos pais dos modernos First Person Shooters. Definiu um género. Também deu nome a um dos piores filmes da era moderna. Não sei bem qual foi a pancada de usar o ex-wrestler “The Rock” numa boa quantidade de filmes de acção há uns anos. Maus actores à parte, o que é pior neste filme nem são os efeitos especiais que alguém fez na cave da casa dos pais, ou o protagonismo exagerado dos Marines, o pior de tudo é mesmo o enredo. É normal que o jogo não desse grande margem aos argumentistas, mas ao invés de abordar o tema da moral ou a luta do bem e do mal de um ponto de vista religioso ou metafísico, nada como recorrer à ciência. Então não é que alguém descobre que nascemos com um gene que nos faz boas ou más pessoas? Curioso… será que tem cura?

Resident Evil

Enfiem lá a Mila Jovovich com a Michele Rodrigues, com planos de imagem duvidosos, com vagas referências à Umbrella Corporation e aos dois primeiros jogos e facturem. Era bom se fosse assim tão fácil. Resident Evil há-de ser uma daquelas séries de culto incontornáveis do género “survival horror” com zombies. Qualquer um dos filmes desta série (porque um só não chegava) foi um fiasco de opinião e, sobretudo, de bilheteiras. Apesar do enredo dos jogos não ser muito vasto, a adaptação para filme tinha ali muito sumo para espremer, mas falhou, porque ignorou muito do lore da série. Tem uma cena inesquecível que é o corredor com laseres que foi criada por George Romero (pai do género zombie) antes de ser despedido pela Capcom. Depois de verem essa cena tirem o filme do leitor.

Max Payne

Que há de mal neste filme? Mark Wahlberg, por exemplo. E tudo o resto… Em vez de termos um film noir policial com um enredo sólido e cheio de twists, que o próprio jogo original faz questão de ser, temos um filme sobre estupefacientes que dão alucinações de ver monstrinhos com asas. Pior é que só mesmo a obcessão de Max em descobrir a identidade dos assassinos da sua família nos parece semelhante aos jogos com o mesmo nome, tudo o resto é uma descolagem completa dos videojogos. Wahlberg nem tentou sequer interpretar Max de acordo com o jogo, criando um rufia baixote com uma pistola.

Hitman

Quando se desperdiça a oportunidade de contar a história de um dos assassinos mais carismáticos da história dos videojogos, ficamos com a sensação que Hollywood não quer ser levada a sério. O Agente 47 dos videojogos é uma perigosa máquina assassina, tornada cachorrinho pachorrento e apaixonado neste filme. Apesar de considerar Timothy Olyphant um excelente actor, mesmo de cabeça rapada, o casting foi ligeiramente ao lado. Como aliás é o enredo todo que até dá lugar a algumas imprecisões. Felizmente a sequela programada foi cancelada dado a enorme vaia da comunidade, sobretudo dos fãs da série de videojogos.

Street Fighter

Jean Paul Van Damme como Guile. Tudo dito! Desde o aspecto ao sotaque, nada funciona. Mais? Kylie Minogue (sim, a cantora) como Cammy foi uma boa cunha. O facto de Ken (que nem sequer é loiro) e Ryu serem dois parolos de segundo plano, quando toda a gente sabe que são os principais protagonistas da série. A favor, só mesmo Raúl Juliá como General Bison, mas não chega. Todas as cenas de acção estão mal coreografadas, uma boa parte das personagens estão caricaturadas demais (Zangief é um parolo desmiolado, por exemplo), num péssimo enredo. Querem mais? Experimentem um Dhalsim que nem chega a lutar, um Blanka que parece um daqueles trolls porta-chaves dos anos 90 ou ainda um Honda operador de câmara…

Mortal Kombat: Anihilation

O jogo de luta rival de Street Fighter, também teve direito a umas aberrações cinematográfica. Na verdade teve três. Nem sei qual o pior Mortal Kombat no cinema, talvez o primeiro não fosse mau de todo, se não nos quisermos lembrar da péssima performance de… todos! Até mesmo Christopher Lambert (Highlander) é um Rayden aparvalhado. Mas o terceiro é qualquer coisa de espantoso. Os esquemas de combates esquecem a premissa: Pessoal, é um torneio COMBATE MORTAL! As pessoas tem de morrer e não voltar nas sequelas. E não queremos saber de paixões amorosas ou relações familiares para nada. Para os fãs, só mesmo uma quantidade gigante de personagens com péssimos castings e um Shao Khan com a inteligência de um puto de 4 anos.

Super Mario Bros.

Sabiam que existia? Com Bob Hoskins no papel de Mario, John Leguizamo como Luigi e Dennis Hopper como King Koopa, o casting nem é mau de todo. O problema é que adaptar para cinema um videojogo de plataformas com um enredo acéfalo (o herói é um canalizador, só aí já temos meia piada) é uma tarefa complexa. Mesmo assim, a produção fez um esforço tremendo de dar uma história a isto, falhando redondamente na sua vontade. Super Mario deve ser uma das sagas de videojogos mais famosas do mundo e era impossível escapar à crítica. Mas, humanizar Koopa como um fulano excêntrico que descende dos dinossauros, ainda hoje, me parece remoto demais. E ainda estou a sobreviver daquele aperto de mão entre os irmãos Mario…

Há mais? Há, claro que há. Ficaram de fora algumas aberrações como Double Dragon, Dungeon Siege ou Wing Commander que descobri recentemente. Por serem tão maus, nem perdi tempo a vê-los. Os que listei, no entanto, vi e arrependo-me, sobretudo porque alguns títulos pertencem à minha lista pessoal de jogos favoritos. Faz-nos querer que Hollywood fique longe dos videojogos. E vocês? Conhecem algum jogo que tenha sido mal adaptado para filme que não esteja nesta lista? Refilem nos comentários!

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