Antevisão da Playstation 4: O Hardware

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Há uma guerra velada, silenciosa, mas não menos dolorosa para os fãs dos videojogos em consolas. Desde há muito tempo que a evolução do hardware informático faz da consola Playstation 3 um objecto tecnologicamente antiquado. E a tal guerra (a da performance) é perdida a cada evolução de processadores e placas gráficas que atingem os PC e… não as consolas. Depois há o software que teima em ser complexo de programar ao ponto de obrigar a ports de PC ou de outras consolas. Mas tudo poderá mudar a 29 de Novembro com a nova Playstation 4. Vou-vos mostrar num artigo de duas partes como o Hardware e Software da PS4 prometem dar luta ao melhor dos PCs. Por agora, vamos falar sobre o material duro… o Hardware, leia-se! 

A nova consola da Sony pretende colocar-se no topo da tecnologia. Só que, conhecendo este meio da informática, todos sabemos que o que é excelente hoje, amanhã estará obsoleto. Quando se diz “amanhã” leia-se daqui a uns dois meses. E existe uma verdadeira vantagem nos computadores pessoais (PC) que é podermos evoluir o hardware e acompanhar as tecnologias e optimizações.

Acredito, porém, que um bom sistema optimizado pode durar uma década ou mesmo mais. A prova disso, é o facto da Playstation 3 se ter portado muito bem com determinados jogos de produção própria que “puxaram” pelo seu hardware. Jogos como “The Last of Us” ou “Killzone 3” mostraram que a consola tinha muito para dar. Já outros jogos, se calhar, pediam a sua reforma. Sintoma que o seu hardware já não podia processar os gráficos modernos ou as novas ferramentas de animação e produção de jogos.

No caso da Playstation 4, penso eu, a questão não será se irá ultrapassar os PCs dedicados em termos de performance. Será sim, apresentar uma excelente solução, com um preço muito mais acessível do que essas máquinas que podem atingir valores com quatro dígitos.

O Design da Playstation 4

Opiniões à parte, a Playstation 4 tenta inovar um pouco, fugindo às tradicionais linhas curvas das três gerações de Playstation 3, criando uma estrutura rectilínea, facetada e angular com um design moderno. Trata-se de um poliedro (mais precisamente um paralelepípedo oblíquo, obrigado professores de Geometria), com acabamento em preto mate.

No frontal, entre duas placas que possuem o logótipo gravado, estão as entradas USB. Não sabemos se na sua história a PS4 terá mais portas USB como as primeiras versões da PS3. Para já, só se vislumbram duas entradas USB 3.0 para ligações diversas, como Pen Drives ou cabos de alimentação dos comandos. E nunca serão demais estas portas USB.

Na traseira com uma grelha de ventilação que ocupa a extensão da consola, estão as costumeiras ligações de Ethernet (Rede), HDMI e fibra óptica (áudio) e uma porta auxiliar (AUX) para ligar a Playstation Camera. Aqui aprecio bastante este último pormenor porque, como sabem, na PS3 a PS Eye (câmera) tinha de ser ligada numa das entradas USB limitando o uso de uma só entrada para comandos ou Pen Drives.

Além das ligações com fio, a PS4 possibilita conectividade wireless para Wi-Fi (tipo B, G e N) e Bluetooth 2.1 para uso com headsets e comandos. Nada de novo aqui, mas gosto particularmente do facto da rede Wi-Fi poder albergar vários tipos, evitando incompatibilidades com routers, além do uso do sistema BlueTooth em vez do vulgar wireless por rádio, por ser um protocolo comprovadamente mais rápido e eficaz, sobretudo nos comandos Dualshock.

Resta só mencionar que a Playstation 4, ao contrário da sua antecessora, tem vindo a ser apresentada na horizontal, parecendo ser essa a sua orientação favorável. A PS3, por exemplo, favorecia a posição vertical, embora pudesse ser instalada nas duas formas.

Nas imagens abaixo, poderão ver a PS4 dissecada. Notem como só existe um ventilador activo para toda a consola e como este está colocado numa conduta para a traseira. Tal como a PS3 a ventilação é de um sentido e para trás. Assim sendo, estar na vertical ou deitada poderá não ser um factor importante para o seu uso.

No Interior da Playstation 4

A Sony aliou-se à AMD para criar uma APU (Unidade de Aceleração de Processamento) personalizada que incorpora tanto a CPU (Unidade de Processamento Central) como o GPU (Processador Gráfico). Geralmente num PC estas unidades estão separadas em Processador (CPU) e Placa Gráfica.

A CPU é um produto directo da experiência em processadores da AMD, com os seus dois módulos Quad Core (x86-64) de 8 núcleos. Nascido da arquitectura da AMD denominada como “Jaguar”, baseiam-se no lendário processador AMD64. Não havendo, de momento, benchmarks próprios para este processador, digamos que está ao nível dos processadores de terceira e quarta geração a 64 Bits que equipam portáteis e PCs de topo. O que é excelente.

Já o GPU é fruto da recente aquisição por parte da AMD da reputada ATI. O processador gráfico é um Radeon personalizado com 18 unidades de computação capazes de produzir uns respeitáveis 1.84 TeraFLOPs de informação gráfica. Para os mais leigos são muitos “flops”, eu sei. Assim de repente, uma placa gráfica de alta performance com o triplo do preço da Playstation 4 é capaz de produzir 3.0 TFLOPS de informação… ora, comparativamente, a PS4 bate-se muito bem… a um terço do preço. Nada mau.

O que é interessante é que a APU fica cativada para o processamento de informação e grafismo. Isto, uma vez que a PS4 possui uma série de outros sub-processadores para processamentos secundários como compressão de áudio e tarefas menores como actualização de redes sociais, downloads e uploads de informação e outras tarefas independentes, garantindo que não se sobrepõem ao que realmente interessa, o jogo em si, correndo no background.

Já agora, esta capacidade de envio e recepção de imagem e som com alta qualidade (resoluções HD de 1080p com várias pistas de áudio MP3) já foi, inclusive, alvo de testes e chegou-se à conclusão que o próprio Youtube não suporta tanta informação. Certamente veremos ou um serviço alternativo ao serviço de vídeos da Google ou a própria Sony acabará por resolver isto com um novo formato de streaming de vídeo.

A nível de memória RAM, a PS4 conta com 8 GB de memória a GDDR5 para todo o sistema. Para terem uma ideia, a tecnologia GDDR5 equipa as gráficas dos PCs de topo e estes 8 GB são 10 vezes mais que a memória da PS3!

Tal como a sua antecessora, a Playstation 4 possui um disco rígido interno de 2,5” (que equipam os portáteis modernos) que é passível de ser trocado. Esperava, honestamente que a Sony optasse pela tecnologia Solid State Drive (30% mais rápido e sem emissão de ruído) ao invés destas unidades HDD de 5400 rpm. Talvez o preço ainda elevado das SSD pendesse para esta decisão. Sempre podemos fazer upgrade, trocando o disco de 500GB incluído.

O sistema fica completo com o seu formato físico de leitura, em continuidade à aposta da Sony no capaz sistema Blu Ray Disc. Ainda hoje é o melhor sistema óptico em termos de capacidade e rapidez de leitura de informação. Comparativamente, a nova unidade de leitura BD consegue 27 MB por segundo, três vezes mais que a PS3 que só conseguia no máximo 9 MB por segundo.

O Dualshock 4

Companheiro inseparável de qualquer consola é o seu comando. O Dualshock 4 é o filho mais novo de uma família de galardoados comandos que pouco mudaram desde a sua apresentação na PS One. Com o DS4, porém, o salto tecnológico foi maior do que todos os outros. De herança tem o seu aspecto geral, o Wireless (via Bluetooth) e possuir os sensores de movimento SixAxis, além dos motores de vibração rumble. De resto, tudo é novidade.

O que saltará mais à vista será o seu novo touchpad. Na parte superior do comando o DS4 possui um painel de toque com capacidade multi-touch (dois pontos) e botão integrado. Tal como na Playstation Vita, não subestimem a capacidade da interacção por toque. Estou pessoalmente ansioso por ver jogos usarem esta capacidade.

Em vez dos aborrecidos LEDs vermelhos que apenas davam a indicação de carga ou número do comando no sistema, o DS4 agora possui um painel iluminado que muda de cor. Uma herança directa da lógica de cores do PS Move, a Playstation Camera pode seguir a posição do comando através deste painel luminoso. Já os jogos, poderão usar este painel para mudar a cor consoante condições da jogabilidade ou simplesmente para diferenciar jogadores.

Mas mais novidades integram o DS4. Agora já não terão de se debater por um headset decente para jogarem online. Com cada DS4 está incluído um auricular com microfone incorporado que é ligado no próprio comando. Isto não é novidade se pensarmos que há anos que temos isto na Xbox 360. Mas, que é prático, é.

Outra novidade é a ausência dos incompreendidos botões “Start” e “Select”. Agora vão encontrar no centro o botão PS (para aceder ao menu) e na orla superior um botão “Options” e um botão “Share”. Este será o botão mais interessante de usarmos enquanto jogamos. Entre outras funcionalidades, este botão permite, num só clique, partilharmos o jogo que estamos a jogar em vídeo, por stream, com os nossos amigos.

A Playstation Camera

Ora bem. Pode não ser o item que mais irá vender com a nova PS4. Mas, não só está incluído em diversos bundles da nova consola, como é um artigo de lançamento em conjunto. A Playstation Camera é a terceira geração de câmeras que a Sony produz para as suas consolas de videojogos.

Desta vez tem quase o dobro do tamanho da anterior, a Playstation Eye, e possui uma maior resolução máxima com 1280×800 píxeis (contra os 640×480 da anterior) mas apenas a 60fps, metade da sua antecessora. De notar, porém, que este periférico possui não uma mas duas câmeras paralelas. Estas permitem a interpretação de profundidade como o olho humano, servindo, por exemplo, para saber a posição espacial dos comandos DS4, e a sua resolução permite reconhecimento facial e outras características. A câmara possui ainda um microfone de quatro canais para captura de som integrado. Exactamente o mesmo da PS Eye.

A PS Camera será um utensílio bastante útil para diversos jogos que usem o comando Playstation Move (Compatível com a PS4 para quem já o tem na PS3), para video-chat, agora muito mais presente na nova consola, inclusive durante os jogos e ainda para interacção com outros periféricos como o Wonderbook e outras ferramentas de realidade aumentada. Por seu lado, os microfones servirão para comunicações e mesmo comandos por voz, em substituição dos microfones de auriculares, para quem preferir.

E aqui está o que podem esperar em termos de Hardware da nova Playstation 4. Não percam na próxima semana a minha abordagem ao Software da nova consola da Sony, os serviços e capacidades da PSN e ainda como este hardware se integra.

As fotos do interior da Playstation 4 são uma cortesia do site WIRED.com

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