Produção ainda trabalha em melhorar No Man’s Sky

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Já é considerado como uma das maiores desilusões do ano e ainda faltam alguns meses para 2016 acabar. No Man’s Sky parece não ter sobrevivido às elevadas expectativas, mas isso não significa que a Hello Games não continue a trabalhar para o melhorar, quase um mês depois do seu lançamento.

Erros graves, sobretudo na versão PC, assolaram o lançamento deste jogo Indie de exploração espacial. Ao longo deste tempo, um total de quatro actualizações já foram lançadas para tentar apaziguar as reclamações dos jogadores que todos os dias se fazem ouvir. Por outro lado, embora uma boa parte dos problemas técnicos mais assinaláveis já tenha sido resolvida com essas actualizações, a comunidade também continua pouco impressionada com a sua jogabilidade geral.

Após algum silêncio perturbador para os fãs, numa recente publicação no seu blogue oficial, a produção afirma que “o que interessa agora é o que fazemos e não o que dizemos“. Nesta sucinta publicação, a Hello Games promete, não só resolver alguns problemas que ainda persistam, mas também “melhorar, expandir e elaborar o universo No Man’s Sky”. A promessa parece ser que actualizações gratuitas futuras venham alterar a jogabilidade por adicionar novas funcionalidades e mecânicas, talvez criando um jogo mais próximo daquilo que prometia há uns três anos. Quem sabe, até com a tal funcionalidade multi-jogador que parece ter sido esquecida e cuja ausência criticámos na nossa análise.

Esta comunicação parece vir tentar “comprar tempo”, uma vez que, segundo estatísticas da plataforma Steam, cerca de 90% da quantidade de jogadores iniciais abandonou por completo o título. Ainda nesta plataforma, a onda de pedidos de reembolso foi tão assinalável que obrigou a Valve a colocar um aviso especial na página do jogo, dadas tantas tentativas de pedir o dinheiro de volta já fora do período acordado (4 horas totais de jogo ou 15 dias após a compra).

Embora os problemas técnicos na PlayStation 4 não tivessem sido tão gritantes, a versão da consola também sofreu de problemas com inúmeros crashes e bugs, entretanto aparentemente reduzidos (mas não totalmente resolvidos). Não tendo dados actuais da quantidade de jogadores que ainda jogam o título na PS4, podemos assumir pelas redes sociais e fóruns que a insatisfação nesta versão estará mais virada para a sua jogabilidade aquém do esperado. Contudo, também nesta plataforma houve protestos a nível técnico, com jogadores que não conseguiam sequer iniciar o título logo nos primeiros dias.

Como a produção não fala em nenhum plano em concreto, a promessa de mais e melhor fica só no ar. Surge depois de imensas críticas à forma como a produção reage de forma lenta às observações e pedidos dos fãs. Comprometido a não se deixar intimidar com a sua dimensão, o pequeno estúdio informa que contratou mais staff, exactamente para lidar com a dita comunidade. Esta medida parece querer afastar Sean Murray do cerne dos ataques dos fãs. Basta pesquisar no Youtube a quantidade de vídeos de ataque pessoal ao director do estúdio para perceber porquê.

Resta saber se esta vontade se mantém ao ponto de nos entregar o jogo que todos queriam jogar. Até já há quem não queira esperar e meta mãos à obra, com diversos mods criados pela comunidade de modo a melhorar diversos aspectos do jogo. Contudo, cabe à produção efectivamente agir e melhorar o seu produto quanto antes. Afinal, desde a sua apresentação ao mundo que os fãs esperam por uma experiência fantástica, imersiva, expansível e intrigante e este jogo em mãos parece apenas um roçar de superfície.

O que nos parece é que desde que soubemos da existência de No Man’s Sky (na altura tido como um MMO), a máquina de publicidade foi implacável a promover algo que, aparentemente, nem exisitia. A dada altura, parece que o pequeno Indie foi vítima de uma golpada comercial, em que um humilde título com muita ambição de ser grande e vindo de uma pequena produtora, prometia “reinventar a roda”. Entre atrasos, questões legais, acusações de uso indevido de uma fórmula e uma data de lançamento complicada (durante um período de férias) foi, ainda assim, um sucesso de pré-vendas, gerando um impressionante Hype.

Talvez dada essa sua popularidade, exacerbada pelas já mencionadas campanhas de promoção, pela convicção dos produtores em entrevista e pela febre pelos títulos tipo Sandbox, parece que No Man’s Sky foi apressado, mesmo com quase três anos na forja. Nem é razoável sequer falar na precisão científica, afinal nunca se falou num jogo de simulação rigoroso. A questão é que 20 horas de jogo depois, perdemos noção do seu objectivo, chegando a um centro da galáxia só para ser enviado de volta “à casa da partida” com as mesmas reticências.

Faltou um enredo mais rico e que desse a sensação de participação do jogador nos seus eventos ou um objectivo geral mais concreto com uma boa finalização. Um bom argumentista teria criado uma linha de raciocínio que ligaria o início e o fim da viagem. Ao invés disso, sentimo-nos perdidos na vastidão do espaço, sem grande motivação para agir depois de tanta repetição. Por outro lado, talvez melhores mecânicas de voo, melhor gestão de espaço de armazenagem, melhor interacção com o meio ambiente e espécies extraterrestres também tornassem No Man’s Sky bastante melhor.

Dá a entender é que a produção perdeu imenso tempo com a tal fórmula aleatória procedimental, esquecendo um pouco a restante lógica. Uma das maiores fontes de desapontamento, foi a descoberta de que os novos seres que encontramos nos planetas não eram nada parecidos ao que vimos nas promoções. Nos trailers e vídeos iniciais, haviam dinossauros gigantes e outros seres mais ou menos estranhos, mas de alguma forma convencionais. No seu lugar há fauna (e flora) absurda, por vezes sem qualquer nexo, como uma mistura de vários conceitos, parecendo uma experiência falhada a pedir que a exterminem.

Gostávamos muito que No Man’s Sky provasse que, lá no meio dos seus planetas uniformes com animais impossíveis, se escondesse um título que só precisa de mais compreensão e uns melhoramentos. Infelizmente, não só parece que a Hello Games não tem capacidade de evoluir o seu produto em tão pouco tempo, praticamente quase criando algo novo de raiz, como essa iniciativa virá tarde demais para os milhares que já puseram o jogo de lado.

Ainda estão dispostos a dar mais um tempo a No Man’s Sky?

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