Jogos que completam 20 anos em 2018: <br/> SoulCalibur

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Este artigo pertence à rubricaJogos que completam 20 anos em 2018” onde recordamos jogos que tiveram um grande impacto na indústria. Hoje vamos recordar como surgiu a série de combates com recurso a espadas e lanças.

Numa época liderada por Street Fighter e Mortal Kombat, começaram a surgir jogos de luta que davam uso a armas, claramente numa tentativa de se destacar destes campeões de vendas. Entre os vários títulos que surgiram, como Battle Arena Toshiden, Last Bronx e ainda o terrível Star Wars: Masters of Teras Kasi, nas arcadas existia um tal de SoulEdge (SoulBlade, no ocidente) que dava os primeiros passos. Este jogo destacava-se pelas histórias de cada personagem e na forma como as armas colidiam. A sua inevitável sequela, intitulada SoulCalibur, acabou por ser lançada para a Dreamcast e foi aí que a série entrou para a história.

SoulCalibur foi produzido numa altura onde as complexidades da captura de movimentos de actores eram ainda desconhecidas de muitos. Apresentava um combate que ia além das simples combos, estendendo-se ao longo de várias e fluentes disciplinas de luta. A Namco viu em SoulEdge uma mina de oportunidades e aproveitou todas elas. Havia uma premissa de combate pronta a evoluir, dotada de controlos construídos com várias nuances e efeitos visuais soberbos. Obviamente, tendo em conta o hardware limitado da Dreamcast na altura.

O enredo também se mostrou surpreendentemente elaborado. Era uma espécie de história de fantasia mais adequada a uma série de lutas do que as histórias cruzadas de vingança de Street Fighter ou o caos do Torneio de Punho de Ferro, de Tekken. SoulCalibur conseguiu consolidar nessa história toda a essência do género de luta de forma incrível, com uma caracterização nascida da expressão física, guerreiros nascidos da técnica e lendas nascidas da batalha.

O universo do jogo gira à volta de um conflito entre duas espadas lendárias: A Soul Edge e a Soul Calibur. Soul Edge é uma enorme espada mágica envergada com duas mãos que corrompe física e mentalmente todos aqueles que a erguem. Soul Calibur, por outro lado, é a espada benigna, criada especialmente para destruir a Soul Edge. Todos os lutadores estão interessados nestas espadas e, de certa forma, estão dispostos a lutar entre si para as obter. Até mesmo dando a sua… alma…

Outro aspecto interessante sobre as personagens está na forma como são facilmente reconhecidas. Por exemplo, Siegfried, um dos principais protagonistas da série, pode facilmente ser identificado pela sua enorme espada remanescente com a buster sword de Cloud em Final Fantasy VII, enquanto que Mitsurugi, o samurai, é facilmente identificado pela sua katana Japonesa. A criação deste e de outros padrões visuais bastante distintos é uma das marcas desta série, mesmo que mais tarde algumas personagens partilhem estilos e alguns pormenores.

Todos os jogos da série possuem uma configuração de apenas quatro botões, que consistem num ataque horizontal, ataque vertical, pontapé e bloqueio. Um ponto importante a considerar nestes jogos era a arma que a nossa personagem escolhida usava. Personagens com armas pesadas eram lentas a movimentar-se mas tinham um bom alcance, enquanto que as personagens com armas mais pequenas era mais rápidos, mas com ataques menos fortes a cada golpe infligido.

Este jogo também trouxe várias inovações para o género de luta em três dimensões que não podem ser negligenciadas. Uma delas é a possibilidade de movimentar em qualquer sentido e a qualquer momento, o que torna o ataque ao inimigo e a possibilidade de fazer manobras, muito mais fácil. Outra grande inovação é conhecida tecnicamente como “forgiving buffering”. Esta funcionalidade permite criar enormes combinações sem respeitar nenhum tempo cronometrado para carregar nos botões certos. Isto garante mais diversão em vez de preocupar os jogadores com os timings dos controlos de cada personagem.

Ao longo da sua vida, a série SoulCalibur tornou-se a ideal para quem procura uma alternativa aos conhecidos títulos de luta. Para muitos, o combate acaba por ser muito mais consistente que Street Fighter ou Tekken, sendo também mais tolerante nos combos. Claro que, a dada altura, perdemo-nos na sua lista de lutadores, questionando os estranhos convidados especiais que surgiram ao longo da série. Foi o caso de Link, Ezio Auditore, Darth Vader e mais recentemente Geralt of Rivia, da série The Witcher. Uma coisa é certa, estruturalmente, a série oferece uma demanda coerente cimentada pelos seus sucessores, tornando-o mais profundo ao invés de empobrecer o produto original. E poucos jogos conseguiram este feito.

Hoje em dia, para jogar este título terão duas hipóteses: Através dos discos originais da SEGA Dreamcast ou através do port lançado via Xbox Live Arcade para a Xbox 360, com retrocompatibildiade na Xbox One. 

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