DOOM na Nintendo Switch surpreende pela positiva

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Depois do incrível sucesso do mais recente DOOM, já sabia o que podia esperar agora que chegou também à Nintendo Switch. O fantástico jogo de acção da Id Software tem aqui uma nova vida pela Panic Button Games e tivemos oportunidade de colocá-lo à prova.

Esmagar demónios com os próprios punhos, poças de sangue avulsas e balas a voar em todas as direcções, tudo isto acompanhado com uma banda sonora exemplar. Este DOOM que vou falar hoje, é precisamente o mesmo que jogámos no ano passado. No entanto, como será que se comporta numa consola de performance inferior às plataformas em que o jogo foi inicialmente lançado? Essa é a grande questão, como é que a equipa responsável pelo port conseguiu colocar um jogo deste calibre, numa consola que já sabemos ter um processamento e poder gráfico é inferior a uma PS4, por exemplo? Posso adiantar que houve alguns sacrifícios, como devem calcular. Mas, há alguns benefícios.

O grande trunfo da Nintendo Switch é a possibilidade de quase reinventar o conceito de um título, ao torná-lo acessível em qualquer lado, graças a esta consola portátil. Antigamente, tínhamos uma clara diferença entre os jogos lançados para as consolas domésticas e os lançados para as plataformas portáteis. Com a Nintendo Switch, esse paradigma fica um pouco mitigado, uma vez que os seus jogos conseguem uma melhor capacidade gráfica, ao mesmo tempo que mantém a sua portabilidade.

Este novo DOOM tornou-se num sucesso instantâneo. Na nossa análise original indicámos que possuía “uma campanha digna do jogo original, com a mesma lógica de dificuldade e velocidade do título de 1993, mantendo uma boa parte das mecânicas que aprendemos (a custo) a dominar”. É um clássico First Person Shooter em todos os sentidos, incluindo na sua história simples. Acordamos em Marte, temos demónios a rodear-nos, pegamos numa arma e, a partir daí, não paramos de disparar. O jogo mantém-nos a mexer, a disparar e a divertir-nos. Seria bom que este port mantivesse todos estes ingredientes ou teríamos uma experiência bem menos interessante.

Esta fórmula de sucesso que mantém a essência do clássico DOOM, forçando os jogadores a continuarem a avançar e a encontrar o seu caminho nos tiroteio em vez de evitá-los, está bem patente também nesta nova versão. A acção vem sempre de encontro com o jogador e é essa a sensação de um clássico FPS, seja com um ecrã menor ou na doca com a televisão ligada. Continua frenético, divertido e visceral. Então, como se justifica esta nova versão, lançada tão depois e com as limitações já conhecidas da Switch?

Não posso negar que fiquei muito surpreendido por ver este título a funcionar na perfeição na Switch. Alguns sacrifícios foram feitos e são significativos. O jogo mantém o seu rácio de fotogramas fixo, algo muito importante num jogo com um ritmo tão frenético como este. Infelizmente, para esse efeito o grafismo sofreu algumas alterações. Para começar, o jogo apenas a 30 FPS, ao contrário da sua versão original que corria a 60 FPS nas várias plataformas. As texturas parecem um pouco desfocadas, as animações parecem também mais simples e os efeitos visuais são, de facto, menos impressionantes. Em suma, por causa de alguma optimização causada pelo hardware, todo o jogo parece estar menos polido.

Se jogaram o jogo na PlayStation 4, Xbox One ou até mesmo no PC, irão notar essa grande diferença. No entanto, tendo em conta o que já jogámos na Nintendo Switch, até é uma experiência muito vistosa. Arrisco dizer que está no topo de jogos com melhor grafismo para esta consola. E, melhor, este não possui um grafismo estilo banda-desenhada que alguns títulos da Big-N apostam para contornar alguns problemas. Mesmo assim, apesar do seu grande esforço para manter a experiência intacta, não há dúvida que, se dão grande importância ao grafismo, não se vão impressionar muito com este port.

Compensado todos estes sacrifícios, porém, temos o interessante benefício da portabilidade. Se colocar a consola na doca e jogar na minha televisão de 48”, estes detalhes são muito mais gritantes, como é óbvio. Mas, quando o jogo no modo portátil, o pequeno ecrã da Switch até ajuda a esconder algumas imperfeições. Julgo até que, se calhar, a produção privilegiou o pequeno ecrã da consola. O melhor é que neste modo, podemos jogar em qualquer lugar. E não há nada mais “hardcore” que colocar os auscultadores nos ouvidos e desancar demónios em qualquer lado, ao som do heavy metal da banda-sonora.

Mas, que dizer do conteúdo? Fora as limitações e características que assinalei, felizmente é precisamente o mesmo jogo que foi lançado em 2016. Ou melhor, quase! Apesar de incluir todos os DLC que foram lançados nas outras plataformas, não possui o adorado editor de mapas que tanto apreciámos no jogo original. Assim sendo, fica-se pelos mapas originais, incluindo todos os seus modos, nomeadamente Team Deathmatch, Domination, Clan Arena, Soul Harvest, Freeze Tag e Warpath.

Infelizmente, não me foi possível testar convenientemente o modo multi-jogador. Enquanto escrevia esta análise, os servidores estavam ainda intermitentes e por vezes até nem estavam disponíveis. Eventualmente, lá consegui jogar algumas sessões com bots a solo que, embora seja competente para treino, nunca é a mesma coisa, obviamente. Do que testei, a jogabilidade parece intacta, mantendo igualmente a tal taxa de fotograma fixa, garantindo a mesma fluidez. É o esperado, portanto.

Veredicto

A questão mais importante que se coloca é saber o quanto a portabilidade é importante para vocês. O jogo não tem o mesmo aspecto das outras versões, o que torna este port visualmente inferior. Mesmo assim, há uma certa magia poder jogar DOOM no comboio, durante o almoço ou quando estamos na divisão forrada de azulejos. Realmente, o seu ritmo frenético é ideal para um jogo portátil. Os fãs deste género que não têm oportunidade de jogar este título noutros lados, devem considerá-lo essencial para a Nintendo Switch. Os veteranos, penso, até nem ficarão muito desapontados se derem valor à questão da portabilidade. Os demais… bom… podem ir ao inferno!

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