De exilados a conquistadores em Conan: Exiles

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Há algum tempo que estamos a testar Conan: Exiles, cortesia da sua produtora Funcom. Contudo, os primeiros dias de acesso antecipado deste jogo não foram isentos de problemas. Como entrou, recentemente, numa fase mais estabilizada com novo conteúdo, vamos contar-vos como está a ser a nossa experiência neste MMO de sobrevivência.

Tudo começa de uma forma simples. Escolher uma personagem. Até aqui tudo bem, nada a assinalar… até chegarmos a uma parte em que temos de escolher a dimensão da sexualidade da personagem. No caso das senhoras serão os seios, no caso dos senhores… isso. Sim, a nudez faz parte deste jogo. É possível activar uma protecção via opções ou nos servidores que tapa a genitália de ambos os sexos mas, por defeito, não estará omitida. Parece irrelevante, mas notem que este foi, curiosamente, um dos maiores destaques deste jogo nas suas meta-avaliações no Steam. Aquela regra de “falem bem ou mal, desde que falem de mim” aplica-se na perfeição a Conan: Exiles. O tal jogo de sobrevivência em que podemos aumentar o tamanho dos “atributos”, ganhou tal fama que a Funcom nem conseguiu lidar com o fluxo de jogadores das primeiras semanas.

Mas nem só de genitália é composto este jogo, como é óbvio. Depois de escolhermos a nossa personagem, passamos a saber que o próprio Conan, o Bárbaro nos libertou do Exílio do deserto. Agora, nus e sem recursos, percebemos que esta região tem tanto de desolada como de perigosa. Ao longe, avistamos umas estranhas ruínas que nos apontam para um trilho que se perde no horizonte. Ao segui-lo encontramos o que parece ser um oásis. Pelo caminho encontramos algumas ajudas, como uma pedras e galhos. Sem grandes ajudas, percebemos que podemos criar algumas peças combinando-as. Com toda a mestria de um artesão símio, construímos uma rude faca. Pronto, estamos prontos para conquistar o mundo. Até surgir do nada um monstro anão que nos mata em segundos… Respawn…

Talvez tenha exagerado um pouco, ok? Notem, porém, que este jogo pode ser, por vezes, incrivelmente injusto. Trata-se de um jogo de sobrevivência, contra inúmeros desafios e com interacção com outros jogadores num ambiente online (ou offline, já lá vamos). O intuito é que possamos estabelecer-nos numa habitação, que nos armemos e reunamos recursos para, de um simples casebre, formar um império. Contudo, isto requer planeamento cuidado e poucos erros cometidos. Esperem que caia a noite sem que tenham uma tocha à mão, por exemplo, e até se perdem na escuridão. Só que com a evolução natural das coisas, eventualmente o jogo começa a tornar-se gradualmente mais desafiante, uma vez que a expansão do território traz novas necessidades, mas também novos perigos e ameaças. Morram longe da base e terão de percorrer todo esse caminho novamente para encontrar o corpo e recuperar o equipamento. É melhor planear bem o que fazer a seguir.

Pelo meio, encontramos vida animal muito pouco amistosa, entre animais passivos que só atacam se nos aproximamos e outros que nos perseguem impiedosamente de forma activa. Desde hienas e infames crocodilos, há também seres estranhos e monstruosos que têm a tendência para nos emboscar a meio de actividades. Mas, quem sabe os nossos maiores inimigos serão sempre os humanos. Apesar de existirem alguns humanos artificiais com boas intenções, há também outros exilados em busca de glória, entre artificiais e outros jogadores reais em servidores públicos. Há também algumas zonas de combate para descobrir, como templos aparentemente abandonados, mas repletos de dementes guerreiros que se escondem nas sombras. E se os seres deste mundo não vos matarem, podem sempre morrer de sede.

Como em outros jogos de sobrevivência, a fome, a sede e a privação de recursos no geral pode levar à morte. Estabelecer-se numa região remota longe de água, por exemplo, é um risco enorme porque estamos constantemente a precisar de hidratação. A fome também é um factor a ter em conta, obrigando-nos a apanhar larvas (bleah) ou a caçar animais de forma constante. Mas não podemos simplesmente comer qualquer carne crua. Se o fizermos, ficamos doentes, inibindo-nos e até podendo conduzir à morte. Convém cozinhar a carne, mas para isso precisamos de recursos para construir uma fogueira. Há algumas lacunas nesta lógica, como seria de esperar e a produção ainda está a tentar encontrar um ponto de equilíbrio.

Para construir tudo neste mundo precisamos de recorrer ao extenso sistema de crafting. Tal como em muitos outros jogos do género, aqui também contamos com um sistema de colecção de engramas que teremos de desbloquear com a evolução da personagem. Cada vez que caçamos, exploramos ou construímos algo, ganhamos pontos de experiência. Num novo nível, desbloqueamos novas habilidades, como um maior espaço de inventário ou peso da carga, mais duração de corrida, etc. Mas, também ganhamos pontos especiais para desbloquear esquemáticos de construção de novos itens. E convém ir desbloqueando estes engramas para chegarmos a um nível que nos possibilite criar mais e melhores artefactos e peças de equipamento.

A primeira peça que quererão construir de forma urgente é um saco-cama. Todas as camas representam pontos de savegame. Sem elas, se morrerem, acordam sempre no deserto. Felizmente, são muito simples de fazer e perdem só uns minutos a manufacturar. Só que para construir algo mais complexo, não basta evoluir a personagem e desbloquear o respectivo engrama. É preciso reunir recursos. O aço, por exemplo, precisa de uma forja e uma armadura só pode ser manufacturada numa bancada de armeiro. Depois, é preciso procurar peles de animais para curtir, ferro bruto para derreter e outros recursos, entre abundantes e outros que é preciso mesmo explorar o mapa no seu encalço. Nem queiram saber o tempo que perdemos a procurar teias de aranha para fazer linhas, por exemplo. O sistema de crafting pode ser demente em determinadas alturas. Exigindo quantidades exageradas de materiais que, por vezes, nem conseguimos carregar, obrigando a fazer várias viagens para minar e trazer tudo o que é preciso.

A dada altura, a nossa humilde casa começa a ganhar uma dimensão considerável. Está na altura de olhar para o horizonte e dar asas ao nosso espírito expansionista. Jogando a solo num servidor privado offline, este desejo é só proporcional à nossa capacidade de atacar e eliminar todos os animais e personagens artificiais que ousem cruzar-se connosco. Mas não executem todos os humanos logo à partida. É que este jogo esconde uma sombria mecânica de tortura e escravatura. Sim, é verdade, de exilados passamos a tiranos num ápice, talvez já percebamos porque nos prenderam num tronco no meio do deserto. E notem que não nos ficamos por torturar pessoas até ficarem nossos escravos, é também possível sacrificar os pobres escravos para desbloquear poderes especiais.

Eventualmente, a nossa tirania pode ser desafiada por outros jogadores. O que torna também a acção mais interessante. A ideia é que se formem alianças ou declarem guerras entre impérios. E aqui entramos numa inevitável batalha. O esquema de combate deste jogo é bastante linear, entre armas de combate próximo como espadas, machados, escudos, entre outros e armas de combate à distância com dardos ou arcos e flechas. Recentemente, a Funcom introduziu também algumas armas de sítio como as catapultas que podem ser construídas reunindo recursos. Aconselho vivamente a não se envolverem em combates por tudo e por nada, até porque ao início não terão muitas hipóteses contra jogadores armados até aos dentes.

E não foram só essas armas de sítio que a Funcom adicionou ao jogo. Desde que o jogo chegou ao Early Access do Steam já recebeu 24 actualizações e adições de conteúdo. Numa última actualização, foram adicionadas mais armas, armaduras e equipamento. E há também uma nova e desafiante masmorra, intitulada “The Dregs”, para explorar e obter loot único. A defendê-la terão novos seres e até mortos-vivos. Lá para o final da sua exploração, também está um boss temível, pelo que a produção aconselha a sua exploração apenas a jogadores entre os níveis 10 e 20. E a produção promete mais adições deste calibre, todas (até agora) inteiramente gratuitas.

Também o grafismo tem vindo a receber um atenção especial da produção desde que nos chegou. Inicialmente, o aspecto geral das paisagens, a modelação dos objectos e das personagens e os efeitos visuais eram bastante competentes. contudo, algumas animações precisavam claramente de umas quantas actualizações. Não posso dizer que o jogo está já num patamar de qualidade superior, mas para lá caminha. Muitas coisas aidna precisam de polimento, com a detecção de danos em combate ou algumas texturas e modelos que ainda não estão no seu melhor. No entanto, o jogo que temos hoje é uma evolução do que foi nos seus primeiros dias. E é de esperar que, neste campo, a Funcom não pare de inovar e polir.

Como é óbvio, por esta altura estarão a perguntar se nesta fase vale a pena apostar em Conan Exiles. Como é lógico, tratando-se de um jogo ainda em acesso antecipado, ainda há muito para fazer. Há óbvios desequilíbrios de lógicas e muitos bugs que são combatidos pela Funcom de forma implacável. Também o conceito Sandbox sem linha de enredo leva a algum desnorte dos jogadores, claramente a precisarem de um tutorial ou orientação de progresso. Contudo, os planos da produção estão bem delineados para os próximos meses e esperam-se grandes alterações e melhoramentos até ao seu lançamento.

O meu conselho é óbvio: Se estão dispostos a ultrapassar alguns bugs e lógicas por balancear, Conan: Exiles é um jogo desafiante para quem gosta do género. Ao comprar este título no seu estado actual, terão já muito para fazer e descobrir, num título divertido que deve ser jogado com amigo ou desconhecidos online. Isto, enquanto ajudam a Funcom a cumprir a promessa de um jogo muito maior que planeia trazer-nos.

O lançamento da versão final de Conan: Exiles está planeado para o início de 2018 no PC, PlayStation 4 e Xbox One. Já agora, até ao fim do ano esta ultima plataforma recebe este jogo também em acesso antecipado no programa Xbox Preview.

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