Bayonetta encontra nova casa na Nintendo Switch

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Embora a consola anterior da Nintendo não tivesse o sucesso desejado, até teve direito a grandes exclusivos. Um deles foi o segundo título de Bayonetta. E seria uma questão de tempo até a famosa bruxa chegar à Nintendo Switch num bundle com os dois jogos. 

Enquanto escrevo estas linhas, a Nintendo Switch já vendeu mais unidades no seu ano de vida do que a sua antecessora em seis anos. As vendas devem-se também à maior quantidade de títulos disponíveis. Há indies, exclusivos e excelentes adaptações como já abordámos aqui e aqui. Enquanto o terceiro título da saga não chega, os dois jogos que já analisámos no seu lançamento original (Bayonetta e Bayonetta 2) têm uma nova vida na Switch, dando-lhe mais motivos para continuar a ser uma referência. Da autoria da Platinum Games esta série popular no género hack and slash renasce e nós temos uma encontro marcado com esta bruxa de pistolas em punho.

Se nunca jogaram um destes títulos, tento explicar o que poderão encontrar na sua jogabilidade. Bayonetta é um jogo ao estilo de Devil May Cry ou God of War, com grande foco no combate directo contra os adversário que surgem em catadupa, dando uso a uma perspectiva na terceira pessoa. A fórmula não é nova, mas o conceito e design são realmente únicos. O jogo original já foi lançado há uma década, tendo sido uma grande revelação na sua época. Porque nada é eterno, infelizmente, o primeiro Bayonetta já mostra alguns sinais de idade, principalmente quando temos o seu sucessor no mesmo pacote e podemos compará-los lado a lado.

Podia tentar explicar-vos a tresloucada história por trás destes jogos, mas nem conseguiria abreviar a sua história rocambolesca em poucas linhas. O que precisam de saber é que a trama tem lugar em quatro dimensões: Paraíso, Inferno, Purgatório e o nosso mundo. Com o seu enorme cabelo, Bayonetta consegue envolver o seu corpo (aquilo não é um fato, é o seu cabelo!) e invocar demónios. Ao longo dos dois jogos irão combater com anjos, demónios e a certa altura vão também combater com Deus. Sim, aquele criador de tudo e todos. Eu sei, parece uma história demente de algum filme série B, mas é o que temos para lidar aqui. Não se preocupem que o resto compensa.

O que estes títulos conseguem fazer muito bem é introduzir novos jogadores neste género de acção, sem esquecer os veteranos. Devo dizer que a jogabilidade requer alguma dedicação. Os jogos são difíceis mas de uma forma justa. Quando morrerem vão sentir que foi por causa de um erro vosso e não por alguma injustiça na lógica. O combate é fácil de aprender e, mesmo quem gosta de carregar freneticamente nos botões, verá que é recompensando com precisão e com combinações, que fazem com que, até que o menos experiente, pareça um mestre. Os combos derivam da forma como carregam e combinam os botões e são posteriormente melhorados com as armas que a protagonista tem consigo.

Com um número específico de ataques bem sucedidos, terão acesso ao Umbran Climax para chamar novos ataques e bestas para o vosso auxílio. O grande segredo para o sucesso está em evitar os ataques inimigos no momento preciso. Ao acertar no tempo certo, serão recompensados com Witch Time, que irá abrandar os inimigos e deixá-los vulneráveis durante um curto período de tempo. Mesmo que não consigam esse tempo certo a desviar, só o facto de se esquivarem e não serem atingidos, aumenta o contador de combos. Isto resulta em ataques especiais e ajuda a determinar o vosso ranking em cada combate.

Como seria de esperar, estes títulos são adaptações directas da versão da Wii U. E isto não se aplica apenas ao conteúdo como também ao nível de funcionalidades e controlos. Por exemplo, temos disponíveis os mesmos controlos touch que foram adicionados para aqueles que preferiam tocar no ecrã do gamepad da Wii U ao invés dos botões dos comandos. Apesar desta não ser a melhor forma de jogar, é interessante ver como estes dois jogos tiram partido do ecrã táctil da Switch em vez de o ignorar como fazem outros títulos. Por vezes, até nos esquecemos desta funcionalidade da consola.

De resto, posso dizer-vos que estes são virtualmente os mesmos jogos que jogaram nas anteriores plataformas. Sem grandes vantagens sobre a versão da Wii U, onde até os preços da versão digital são os mesmos, este lançamento será maioritariamente direccionado aos que se juntaram recentemente à Nintendo com a mais recente consola. Ou então, aos coleccionadores e nostálgicos que querem regressar à série. Porque nem mesmo o conteúdo mereceu adições substanciais (já vou falar do conteúdo exclusivo), a única vantagem que consigo destacar nesta reedição na Switch, será a do uso da mobilidade desta consolas híbrida, podendo jogar onde quer que estejamos. E, obviamente, é preciso ter em conta a capacidades do hardware.

Em termos técnicos, ambos os jogos correm numa resolução de 720p esteja a consola na doca ou em modo portátil. Este sacrifício de dimensão deve-se à decisão da produtora em manter a fluidez do combate, fixando a taxa de fotogramas em 60 FPS fixos. Apesar de compreender a decisão e de funcionar bastante bem quando jogado em modo portátil, acho que este jogo merecia uma maior resolução quando jogado numa televisão. A sua qualidade de animações e efeitos visuais parece perder-se em tão baixa resolução. Sobretudo num televisão Full HD 1080p ou superior.

Estas novas versões da Switch incluem alguns bónus de conteúdo para usar. São meramente itens cosméticos mas adicionam alguma variedade visual. Bayonetta tem agora fatos de outras séries da Nintendo para se vestir, entre elas Samus Aran de Metroid, Fox de Star Fox, Link de The Legend of Zelda e Peach, a princesa de Super Mario. Uma adição engraçada que traz alguma magia da Nintendo para a série. Considerando que estes fatos são gerados pelo cabelo da bruxa, diria que é muito talentosa a fazer penteados.

Porque este é um jogo para consolas Nintendo, não poderiam faltar os célebres brinquedos interactivos com figuras de jogo chamados Amiibos. Em Bayonetta 2 podem usar até 32 Amiibos diariamente. Estes garantem acesso a vários itens no jogo, como fatos e Halos (moeda do jogo). Para terem uma noção, logo após a primeira missão, se tiverem todos os Amiibo necessários, terão Halos suficientes para adquirir todos os movimentos do jogo e ainda sobra algum dinheiro virtual para gastar em melhorias de vida e magia.

Criar uma série que inclui um sistema de combate tão refinado, uma história completamente tresloucada com personagens, música e jogabilidade a condizer e ao mesmo tempo conseguir agradar a veteranos e recém-chegados ao género, não é tarefa fácil. A série Bayonetta consegue fazê-lo. E esta reedição na Switch, mesmo sendo uma adaptação directa das versões da Wii U, revive dois jogos essenciais para os fãs de jogos de acção. Enquanto esperamos por Bayonetta 3, esta será a melhor revisita possível dois grandes clássicos, num bundle a preço simpático e tirando partido da portabilidade da consola. Apenas não esperem algum realmente novo.

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