10 Maus Finais de Jogo

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Grandes jogos, geralmente, são associados a grandes enredos. De um modo geral, apaixonamo-nos tanto por determinados jogos que só queremos terminá-los para ver o que acontece com personagens ou eventos. Mas há um ou outro jogo que nos deixa em suspenso para saber o que aconteceu a determinadas personagens. Outros acabam, simplesmente, mal. Alguns, são convites para sequelas, mas outros ficam em suspenso. O que mais custa aceitar é que estes são grandes jogos que gostámos de jogar mas nem por isso gostámos de acabar.

Excusado será dizer que há uma tonelada de spoilers neste artigo. Ficam avisados!

Assassins_Creed_cover22Assassin’s Creed 

Depois de horas a fio a dar pancada e a fazer parkour na época das Cruzadas com Altaïr ibn-La’Ahad, aqui e ali, apercebemo-nos de um enredo muito maior que envolve a personagem Desmond Miles. Desmond está prisioneiro de uma obscura empresa chamada Abstergo e no final do jogo ganhamos a capacidade de ler mensagens ocultas no apartamento em que se encontra preso. Quando estávamos entusiasmados para dar cabo dos Templários. O jogo acaba deixando milhares de perguntas sobre Desmond e Altaïr… Curiosamente na altura, nada faria prever que viesse sequer a ter uma sequela…

Teve sequela? Teve… foi a grande fonte financeira da Ubisoft até hoje. Com resultados mistos, a série já vai na quarta parte tendo diversos jogos intermédios pelo caminho. O enredo de Desmond tornou-se maior que o mundo inteiro mais umas luas de Saturno e deu voltas a roçar o demente. Se queríamos saber mais sobre a Abstergo e os Assassinos, foi-nos dito. Mas se calhar foi informação a mais.

256px-BorderlandscoverBorderlands

Mundo aberto, muito saque e muitas armas (milhares de modelos). Horas a perseguir o famoso Vault algures no planeta Pandora. O jogo é um fantástico poço de acção e humor que nos prende para tentar evoluir as personagens e conseguir cada vez mais armas e explosivos, mais dementes que os anteriores. Quando chegamos finalmente ao Vault, confrontamos um monstro. Quando o derrotamos lá dentro, o Vault é selado por mais 200 anos e o jogo termina… Então mas… tanto trabalho para evoluir e… é isto? Não há recompensa pelo nível que atingimos? Então e o saque dentro do próprio Vault, de que nos vale? Nada, rien, nothing, zero…

Teve Sequela? Teve. Se dissesse que era mais do mesmo, não estaria a ser justo. Ok, mas é mais do mesmo. Até mesmo as novas personagens são demasiado semelhantes. Apesar de finalmente ter um antagonista à altura, Borderlands 2 termina como o primeiro… Sem noção de recompensa…

Fallout_3_cover_artFallout 3

Num mundo pós-apocalíptico, toda a gente pode ser amiga e toda a gente pode ser inimiga. Independentemente de termos sido santos ou pecadores, o jogo termina sempre com a activação do sistema de purificação de água no Jefferson Memorial. Mas… e depois? Morremos nós como grandes heróis estóicos ou enviamos de forma malévola um companheiro para morrer por nós. A acção decorre na mesma, sem que possamos alterar seja o que for ou interferir nos eventos como até aquela altura sempre pudemos fazer. Se aquela era a fonte de salvação da humanidade que já podia ter água potável, não fica assim muito por contar? E as decisões que tomámos, afectam ou não esse renascer da sociedade? A história parece avançar a correr nas últimas missões, em contraste com as horas que levamos a lá chegar e tanta coisa fica para trás que dá pena.

Teve Sequela? Não. Até agora, pelo menos, mas fala-se num Fallout 4 por aí. Houve um Fallout New Vegas que é umas espécie de enredo paralelo em que não são abordados sequer os eventos de Fallout 3. Não sabemos como a humanidade se safou e se todas as decisões tomadas, até mesmo de assassinato de pessoas chave teve ou não impacto. Poucos jogos nos fazem sentir o poder das decisões como Fallout 3 e mesmo assim o fim é isento de emoção e as decisões não parecem ter peso.

256px-BioShock_coverBioshock

O fim de Bioshock é irrelevante e anticlimático. Isto porque algumas horas antes já tínhamos (finalmente) assassinado Andrew Ryan, o criador da cidade sub-aquática chamada de Rapture. Ryan seria o grande antagonista que nos obriga a percorrer a cidade contra tudo e todos, obrigando inclusive a matar os Big Daddies que descobrimos serem inocentes no enredo todo. Um tal de Fontaine, aparentemente nosso amigo, revela-se uma boa besta e protagoniza uma reviravolta que nos deixa a perguntar que raio andámos a fazer no jogo todo, quando o inimigo era o fulano que nos sussurrava “would you kindly…”. É porreiro, sim, mas, como já disse, é anti-climático e parece que todo o trabalho de matar Ryan não teve qualquer sentido.

Teve Sequela? Teve uma espécie de sequela. Chamou-se Bioshock 2, sim, mas foi um fiasco para todos, sobretudo os fãs incondicionais. Entretanto lá saiu um Bioshock Infinite muito superior em termos de desenlace e com um fim decente, sendo um dos melhores jogos de 2013.

Star_Wars_-_Republic_Commando_CoverartStar Wars Republic Commandos

Sempre que me perguntam que tipo de jogo é, eu respondo que era o jogo de acção na primeira pessoa que todos os fãs de Star Wars queriam. Bons gráficos, boa acção, talvez o tema não fosse muito consensual, mas que foi um grande jogo foi. Seguimos a acção de quatro soldados de elite, Comandos da República que lutam contra os Separatistas. Os membros da Delta Squad “Boss”, “Scorch”, “Fixer” e “Sev” possuem diferentes armas e personalidades. Quando finalmente executamos a missão final em Kashyyyk, a Delta Squad sobre um duro ataque e Sev é dado como desaparecido. Ao invés de o irmos resgatar, o jogo termina. Jamais saberemos o que aconteceu a Sev.

Teve Sequela? Não. A LucasArts abandonou todos os projectos de sequelas para este jogo e mais tarde acabou por abandonar a produção “in house”.  Mas teve uma série de livros escritos pela veterana Karen Traviss. Infelizmente, pouco ou nada é mencionado acerca de Sev. A Delta Squad acaba por receber um novo membro na equipa e o fim do jogo original jamais é abordado. Por muito que os fãs o tivessem pedido publicamente.

230px-KOTOR_IIStar Wars Knights of the Old Republic II – The Sith Lords

Quando lerem acerca de grandes jogos RPG, vão tropeçar na série Knights of the Old Republic ou KotOR. Ainda hoje são poucos os jogos que conseguem eclipsar o primeiro KotOR. Só que o segundo jogo da série foi uma fonte de frustração para a comunidade Star Wars. Muitos erros, muitos buracos no enredo e um fim quase absurdo. Houve tanta tentativa de fuga ao fim do primeiro jogo que Darth Revan (o seu herói) se torna um mito. Pior é o fim rocambolesco e demasiado rápido em que a Jedi Exile (personagem principal em KotOR II) ou se torna Dark Lord dos Sith ou, segundo o cânone, parte em busca de Revan nas Regiões Desconhecidas. Tudo muito à pressa e apenas narrado pela antagonista Darth Traya. Sem que possamos ver nada e com total ausência de “sumo”. Fica tanta coisa por explicar…

Teve Sequela? Não. Teve umas aventuras pelo mundo das comics e uma coisa criada à pressa pela Bioware a que chamaram enredo para o jogo MMO The Old Republic, onde algumas perguntas tentam ser respondidas, mas onde os buracos e contradições são abundantes. Ficamos sem saber quase nada do que se passou depois de KotOR II.

Batman_Arkham_City_Game_CoverBatman Arkham City

Amigos dos filmes de Hollywood e dos videojogos: JAMAIS! Jamais se matam personagens chave de banda desenhada nos vossos meios. Isso só pode acontecer no meio onde nascem as personagens de banda-desenhada: Na própria banda desenhada!
A morte de Joker no final de Batman Arkham City é dos eventos mais anti-climáticos e depressivos que assisti como fã de Batman, seja em filme ou em jogo. É que já mataram de forma insípida tantos vilões em filmes com qualidade duvidosa e não me chocou tanto como ver Batman a carregar o corpo do Joker no final deste jogo tão brilhante. Não gostei, é ofensivo. A música de fundo e o ambiente pesado não ajudam. Acho que a malta da Rocksteady quis acabar com um choque… e conseguiram.

Teve Sequela? Não, teve uma prequela. Chama-se Batman Arkham Origins e quem produziu o enredo soube muito bem reagir ao terramoto causado pelo segundo jogo da série e colocou Joker de volta no centro da acção. Só que o preço a pagar foi a falta dos actores que deram a voz nos dois primeiros jogos. Mesmo assim é um grande jogo e restitui a glória da banda-desenhada.

TheLastOfUs

The Last of Us

Esperem lá! The Last of Us é intocável, hã? Jogo do ano 2013 aqui no WASD, não é para falar mal, oh gente!
É? Neste ponto é, infelizmente.
Ellie está nos braços de Joel enquanto na sua cabeça pode estar a salvação da humanidade. Inconsciente, Ellie não sabe que Joel acaba de assassinar a sua melhor amiga para evitar a cura da humanidade e para a qual Ellie se voluntariou para se sacrificar. A contradição de Joel ser o grande salvador de Ellie e ao mesmo tempo o maior assassino da humanidade, deixa-nos irritados. Talvez porque Ellie nunca chega a saber disso. Mas suspeita. De repente, o fim em suspenso na face de dúvida de Ellie… Queríamos tanto saber o que se passou depois.

Teve Sequela? Ainda não, mas aposto que vai ter. Não é normal a Naughty Dog deixar enredos a meio. Neste caso, pode muito bem ser uma grande manobra para nem sequer vacilarmos a comprar o segundo jogo. Eu, pelo menos, estou fisgado.

250px-Mass_Effect_3_Game_CoverMass Effect 3

Fóruns inteiros… Não digo só threads ou um ou outro artigo. Há fóruns inteiros contra o final de Mass Effect 3. São ao todos três finais mas um só é canónico. Depois de o Comandante Sheppard conseguir finalmente activar o Catalyst e, por conseguinte, destruir os Reapers e Mass Relays, todas as civilizações sobreviventes ficam privadas da tecnologia que lhes permitiu viajar pela Galáxia. Pior, o próprio Shepard, grande herói inspirador da humanidade, morre em todos os fins, por mais que escolhamos ser boas pessoas ou vis assassinos injuriadores. Só que nesse tal único fim canónico, vemos um torso que conseguimos identificar como sendo a armadura de Shepard e há um suspiro e depois… os créditos finais.
Há uma sensação de vazio. Todas a decisões no primeiro jogo que puderam influenciar o segundo e as dos segundo que influenciaram o terceiro, são descartadas, triviais e sem sentido no fim. Porque tudo acaba sem cerimónia e sem orientação.

Teve Sequela? Não, nem vai ter. A Bioware já explicou que a produção de Mass Effect vai continuar mas Sheppard já não volta. Pior que os três fins sem nexo onde as nossas decisões ao longo de três jogos não contam para nada, é ficar sem saber o que aconteceu ao herói da Galáxia e líder da humanidade na luta contra os Reapers. Há até mesmo quem já tivesse reescrito todo o enredo e exigido um remake. Claro que isso nunca vai acontecer.

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Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots

Não me considero uma autoridade de Metal Gear Solid, mas serei, sem dúvida, uma das pessoas no WASD que mais jogou este jogo e mais seguiu atentamente a série. MGS4 foi dos jogos que mais justificou a existência de uma Playstation 3 em casa de muita gente. É uma viagem rocambolesca dentro da cabeça do criador Hideo Kojima que termina nalgumas das cenas mais lamechas que há memória. Há um casamento, há um reencontro com um pai, há uma redefinição de amizade, mas há, acima de tudo a noção que Solid Snake, personagem que aprendemos a amar desde o primeiro Metal Gear, é um badameco que até vai morrer prematuramente. Um fim inglório e insípido para Solid Snake, que merecia ao menos, morrer com honra. Mas não… vai morrer cedo e de velhice prematura mesmo que, no fim, Otacon lhe diga que vai ajudá-lo a obter uma cura. Nunca iremos saber.

Teve Sequela? Não, nem vai ter tão depressa. Não sei se um dia Hideo Kojima irá alguma vez pegar novamente na história de Solid Snake. Metal Gear Solid V será, mais uma vez, acerca do seu pai Naked Snake durante a Guerra Fria. Se um dia Solid Snake voltar, espero que volte como o grande herói que foi e a quem Kojima forçou a reforma antecipada.

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