papersplease

Análise: Papers,Please

A cabine é apertada e desconfortável. Mal existe espaço para organizar toda a espécie de papeladas, desde passaportes a vistos de emprego caducados. Com uma fila interminável de emigrantes com situações diversas para esclarecer e decifrar, a pressão aumenta e o dia parece não ter fim. Parece um belo dia passado nas finanças ou nos Serviços estrangeiros e Fronteiras…mas não. Estou a falar de Papers,Please, um jogo com um dos temas e mecânica de jogo mais interessantes que por aí anda.

Criado por Lucas Pope, Papers, Please, coloca-nos no papel de um cidadão da cidade comunista de Arstozka, chamado para trabalhar como inspector de imigração na fronteira entre dois países que recentemente cessaram uma guerra de seis anos. Estes elementos fictícios inspirados no período opressivo da guerra fria vivido na Europa do Leste, alimentam toda um ambiente pesado e uma narrativa distópica que apesar de não ser muito complexa é decididamente envolvente em todos os aspectos.

Todo o foco da mecânica de jogo encontra-se na eficiência de observação e organização de espaço. Num espaço limitado de uma cabine de fronteira, o jogador inspecciona os documentos fornecidos pelos imigrantes ou requisitados por nós, usando vários métodos de avaliação dentro do no nosso workspace para determinar se estes se encontram em ordem ou não, impedindo assim espiões, traficantes e terroristas que podem mesmo acabar com o nosso dia de trabalho. Mas nada disto é preto no branco…existe uma enorme área cinzenta no que toca a decisões morais como uma rapariga imigrante nos dar um papel a pedir ajuda ao explicar que na fila existe um indivíduo que a vai prostituir se nós o deixarmos passar na fronteira…e quando ele aparece, para além de ter todos os documentos em ordem ainda nos oferece um panfleto de um bar de alterne, mesmo para estatelar o nosso nervosinho de dignidade. Ou então alguém que detectamos trazer medicamento colado na perna e aquilo que seria uma óbvia detenção criminal, torna-se rapidamente numa situação moral no mínimo dúbia quando a pessoa explica que apenas está a tentar trazer medicação para o filho que está a morrer e que está disposto a recompensar nos para fecharmos os olhos neste assunto.

Todas estas situações seriam facilmente resolvidas se não houve-se um sistema de sanção…que existe. Ao fim de cada dia somos confrontados com o nosso ordenado que varia consoante o número de imigrantes processados e penalidades devido erros da nossa avaliação dos documentos, propositados ou não. Este mesmo ordenado é então distribuído pelo jogador para pagar a renda, aquecimento, comida, medicação para os vários elementos da família que podem mesmo falecer.

Pode parecer bastante negro e opressivo…e é. Mas a mecânica de jogo e o sentimento de cumprimento de dever, desde a entrada de cada imigrante ao carimbo decisivo no passaporte é realmente único e realmente gratificante, porque cada caso é um caso. Tudo isto numa gloriosa apresentação de gráficos 8-bits e tudo a partir de um simples trabalho de secretária, envolvendo nos numa narrativa de espionagem e revolução que podem levar a finais diferentes. O jogador pode ainda depois de cumprir a campanha desbloquear o endless mode onde como o nome indica podemos avaliar para sempre documentos e vários casos para sempre, mas sem propósito, assim sim torna-se uma simulação de trabalho.

Veredicto

Com uma apresentação fantástica e um mecânica de jogo realmente única, Papers,Please, pode ser jogado em pequenas doses que vão realmente valer a pena. Com uma excelente curva de aprendizagem e com uma interação pseudo-social, o nosso ser fica tão envolvido em tanta regra e lei que nos faz sentir que estamos mesmo a cumprir um dever patriótico…”glory to Arstozka!”.

  • ProdutoraLucas Pope
  • Editora(independente)
  • Lançamento8 de Agosto 2013
  • PlataformasMac, PC
  • GéneroPuzzle, Simulação
?
Sem pontuação

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  • Por vezes evidenciar as discrepâncias pode não ser tão óbvio

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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