Mais infoProdutora: Japan StudioEditora: Sony Computer EntertainmentLançamento: 13/08/2013Plataformas: Género:

Do estúdio que trouxe pérolas como Shadow of the Colossus, Ico e Demon’s Souls chega-nos Open Me para a PS Vita. A usar e abusar das capacidades de realidade aumentada, Open Me promete revolucionar o panorama dos jogos de puzzles. Será que a promessa se concretiza ou estamos perante um político português transformado metaforicamente em jogo?

As mentes nipónicas sempre nos proporcionaram experiências que não lembravam ao diabo. Basta lembrar a loucura que era, nos idos anos 90, ver ‘Nunca Digas Banzai’ (cujo nome original era Takeshi’s Castle) numa mistura entre o brilhante e o sádico e que marcou uma geração. É certo que para isso também contribuiram as brilhantes dobragens em português que criavam nomes e vozes que aproximavam o programa à realidade portuguesa de então. Contudo, as provas a que o Conde Takeshi submetia os concorrentes (por vezes mais de cem), entre armadilhas e obstáculos quase intransponíveis, tranformavam o programa num desafio quase impossível de ultrapassar. Por isso basta constatar que durante os três anos de programa apenas nove pessoas conseguiram chegar ao fim.

Porque é que me lembrei do ‘Nunca Digas Banzai’? Porque um jogo como Open Me tem aquele je ne sai quoi específico da realidade japonesa. Não imagino uma produtora ocidental a criar um jogo em cujo objectivo é abrir caixas de todas as maneiras e feitios, com código, com cadeado, com um botão, com 20 botões, com um compartimento secreto, com câmaras, robôs, ou lâminas capazes de te estropiar os dedos. Felizmente, a realidade é apenas aumentada e não realidade a sério. Seja como for o sadismo é o mesmo.

Open Me é sobretudo um jogo de puzzles ‘diferente’. Tenho muitas dúvidas que a maioria dos utilizadores da Vita alguma vez sequer tenham pegado nos cartões de Realidade Aumentada, ou AR cards, e disso eu sou exemplo. No entanto, há que dar o braço a torcer e reconhecer a imaginação que foi precisa para criar Open Me. Abrir virtualmente uma caixa na tua mesa, sofá ou mesmo no chão é inovador.

Quando começas Open Me podes escolher ou não usar um AR card, contudo a experiência funciona melhor se o escolheres. Colocas o AR card por cima de uma superfície plana e a tua Vita trata do resto. Coloca-te uma caixa por cima da superfície que definiste e o jogo desenrola-se a partir daí com os sucessivos puzzles a serem-te colocados à frente através da realidade aumentada e tu só tens de os resolver.

Ainda assim, o facto de te obrigar a andar de lado para lado de cada caixa envolve um esforço que, quem joga, nem sempre está disposto a fazer. É certo que a Wii já quebrou uma série de barreiras nesse aspecto mas andar com a Vita em volta de uma caixa que só existe no teu ecrã é, no mínimo, confuso e pode provocar enjoos. Para além do mais tens de jogar obrigatoriamente num local bem iluminado e sobretudo espaçoso para que te possas deslocar de lado para lado sem tropeçar em nada e, acima de tudo, de modo a que nada te obstrua a câmara da Vita. Caso contrário estarás constantemente a ver a caixa a desaparecer e a reaparecer.

Os puzzles em si vão entre jogos de memória onde tens de recordar determinadas sequências para abrir as caixas a outros onde tens de carregar determinadas vezes num botão durante tempo limitado. No final recebes sempre uma nota pelo teu desempenho. Podes ainda criar os teus próprios puzzles e enviá-los aos teus amigos para resolverem.

Veredicto

Depois do sentimento de maravilha que tens após veres uma caixa a aparecer no teu sofá por magia, pouco resta e o jogo, numa questão de segundos, passa de algo espectacular para uma experiência frustrante. Nem sempre o ecrã táctil da Vita te permite desempenhar as sequências que o jogo te exige e os problemas que a câmara por vezes tem em reconhecer as superfícies e os AR cards também não abonam em favor de Open Me. A estes factores junta-se o facto de entre cada puzzle a consola ter de automaticamente reconhecer o AR card novamente, diminuindo assim o dinamismo que poderia existir caso os tempos de espera entre cada desafio fossem menores. Para além do mais, a dificuldade de alguns dos puzzles é simplesmente abismal limitando assim a utilização deste jogo da parte de jogadores mais novos. Open Me perde pelos problemas técnicos de uma tecnologia que ainda não está perfeitamente consolidada na PS Vita. Ainda vamos ter de esperar mais uns tempos por um jogo de realidade aumentada bem conseguido. Este é, até ver, o melhor jogo de AR na PS Vita embora, como vos disse ao longo desta análise, actualmente isso não queira dizer grande coisa por isso leva, do WASD, a pontuação de 4/10.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.