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Análise: Lone Survivor: The Director’s Cut

Já alguma vez imaginaram acordar de manhã e dar de caras com o mundo virado do avesso?

“Penso que a coisa que mais alívio nos traz, neste mundo, seja a incapacidade da mente humana em correlacionar todos os seus conhecimentos.”
O Despertar de Cthulhu, H.P. Lovecraft

“You” (Tu), a personagem principal de Lone Survivor, vive num mundo pós-apocalíptico onde um terrível vírus transforma as pessoas em monstros que viram a sua própria carne, de dentro para fora, e as transforma em temíveis predadores. Mesmo que a verdadeira identidade de “You” já não interesse neste mundo devastado, a sua sobrevivência é essencial numa luta constante contra o cansaço, a fome e o medo daquilo que espreita a cada canto.

Aquilo que tomamos por garantido no nosso dia-a-dia não o é para “You”. Uma bilha de gás, uma frigideira, uma pilha para a lanterna são questões de sobrevivência para quem vive num mundo devastado por monstros. E se, a início, acreditas que estás sozinho, depressa te apercebes que existem mais sobreviventes. No entanto, será que eles são reais ou existem apenas na tua mente?

A fazer lembrar as comics americanas de The Walking Dead, Lone Survivor explora arduamente o lado psicológico da sobrevivência neste estranho mundo pós-apocalíptico. “You” vai ter de tomar a difícil decisão ‘matrixiana’ sobre qual o comprimido a tomar: o azul, o verde ou o vermelho. Correndo o sério risco de sentir os efeitos secundários de cada um ou até mesmo de degradar a sua saúde mental.

Este side scroller survival horror usa e abusa do estilo retro para te deixar desconfortável no sofá, no autocarro ou onde quer que te apeteça jogar. A portabilidade da PS Vita brilha mais uma vez com este jogo independente. Se queres explorar o jogo ao máximo, saca dos auscultadores da gaveta, encafua-te na cave ou no sótão e arrepia-te com as sonoridades tenebrosas de Lone Survivor. Cada corredor escuro e silencioso esconde potenciais surpresas desagradáveis. Um susto, um monstro ou, pior até, a tua própria morte.

Infelizmente, Lone Survivor peca pela repetição de cenários e de premissas. Embora a história te mantenha interessado até ao fim, tens de repetir a passagem pelo mesmo cenário vezes sem conta enquanto procuras coisas tão simples como algo que te alimente ou te dê um pouco mais de energia. A construção do jogo podia ser, por isso, menos entediante em algumas partes.

A luta pela sobrevivência de “You” leva-o à tentativa constante para perceber o que é real e o que não o é. O que lhe está à frente dos olhos e aquilo que não passa de mero fruto da sua loucura. E, se Lovecraft sugere que a incapacidade de compreender tudo o que vemos possa ser um alívio, a constante luta de “You” para perceber o que acontece à sua volta pode ser precisamente o catalisador da sua demência, já que muitas vezes somos os nossos maiores inimigos.

Lone Survivor é perturbante, um survival horror digno de ter sido escrito por Stephen King, Edgar Allan Poe ou o próprio H.P. Lovecraft. A única saída do mundo de “You” é a insanidade. Estás pronto para te assustar?

  • ProdutoraJasper Byrne, Superflat Games/Curve Studios
  • EditoraCurve Digital
  • Lançamento24 de Setembro 2013
  • PlataformasPS3, Vita
  • GéneroAcção, Aventura
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Sem pontuação

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Não Gostámos
  • Repetitivo
  • Entediante por vezes

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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