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Análise: Killzone: Shadow Fall

É tudo novo para os lados da Guerrilla Studios. A consola é nova, o objectivo é novo e até as personagens e enredo são novos. Se Killzone 3 definiu o que de melhor se podia extrair da Playstation 3, Killzone: Shadow Fall seria o grande jogo para puxar pela novíssima Playstation 4. Só que nestas mudanças todas, será que Killzone ainda é um dos melhores shooters de sempre?

Desde há algum tempo, que a Guerrilla Studios está a fugir à trama central que acompanhou Templar, Rico e amigos, começando por centrar Killzone 2 em Sev e depois em Killzone 3 a matar quase toda a gente. O enredo deu voltas e os bons eram maus e os maus passaram quase a bons. Pior, na incursão na Playstation Vita com Killzone: Mercenary, a série começou a mostrar que estava determinada a romper com o que tínhamos como garantido. Neste jogo, passámos a acção de volta a Vekta a capital dos humanos da ISA, mas na pele de mercenários em missões pontuais contra Helghast ou ISA, indiscriminadamente, e a combater em espaços confinados e em assaltos claustrofóbicos, ao contrário dos vastos mapas da trilogia. Tudo isto foi algo estranho, se bem que estava muito bem embrulhado num jogo graficamente deslumbrante para a portátil da Sony. O enredo, esse, parece destruído sem real definição dos heróis ou antagonistas. A ISA passou a vilã depois de ter sido a heroína que libertou Vekta da invasão Helghast. Os Helghast passaram a oprimidos no seu planeta numa enorme conspiração xenófoba por parte da ISA. Enfim…

Cerca de 30 anos depois da detonação dos depósitos de Petrusite em Helghan que o tornaram inabitável, os refugiados Helghast foram recebidos em Vekta, sendo permitido que ocupem metade do planeta. Entre civis e militares, a população vive dividida por um grande muro erguido para dividir a facção Helghast e da VSA (forças de segurança de Vekta). Acontece que estas tréguas são apenas um embuste, a guerra continua, embora veladas por operações secretas nas sombras da cidade. Na vanguarda destas operações estão os Shadow Marshalls que transportam pessoas furtivamente além do muro. Lucas Kellan é a figura central do enredo quando ele e o seu pai são obrigados a fugir perante a ameaça Helghast. Sem querer revelar demasiado, digamos que Lucas é assediado a integrar as forças dos Shadow Marshalls e integrar esta força em operações furtivas. Até descobrir que nem tudo é o que parece em Vekta e é ainda pior no próprio planeta Helghan…
Dúvidas sobre a legitimidade da VSA ou da integridade dos Helghast farão com que lá para o meio da história surja (mais uma vez) uma reviravolta na definição dos bons e dos vilões. O final, adianto, é um “cliffhanger” em que ficamos a olhar para o ecrã estupefactos.

Este foi um dos jogos em que a Sony apostou para ser um Showcase gráfico da Playstation 4. Independentemente se gostamos ou não do enredo, há que mencionar que este jogo figura como um “Launch Game” da nova consola e temos de apreciar a sua qualidade gráfica. Tínhamos já testado uma versão beta do jogo na nossa visita ao “The Playce” e queríamos muito jogar a versão final para ver até onde ia a potência da PS4.

A primeira abordagem ao jogo é na gigante cidade de Vekta. Paisagem enorme cheia de detalhes no horizonte. Recordo com saudade os fantásticos filtros visuais em Killzone 2 que o tornavam tão deslumbrante na PS3. Aqui o jogo está polido, diria que está polido demais. Mesmo nos bairros de lata da cidade Helghast em Vekta, a imagem não confere aquele aspecto poeirento e sujo que experimentámos no segundo jogo da série. Mas, em contrapartida possui muito mais detalhe, muitos mais objectos, muitos deles destrutíveis.

De notar que os mapas possuem diversas zonas abertas. Ao contrário dos jogos anteriores, este jogo pretende apostar mais nos mapas abertos à exploração em que a táctica vence a força. O que quer dizer que a vastidão de mapas puxa mesmo pela Playstation 4. Sempre a correr a 1080p (Full HD) com uma fluidez impecável, mesmo nos momentos de maior caos, com muitas partículas e explosões, a consola não se ressente e a qualidade das texturas, quase foto-realistas, proporcionam momentos de deslumbre gráfico. Uma nota de especial destaque para os modelos e animações faciais das personagens com elevada qualidade e detalhe.
Como em todos os outros jogos da série, também o som e banda-sonora são irrepreensíveis. Destaco especialmente o excelente casting de vozes que dão uma tremenda qualidade ao enredo.

E é na vastidão dos seus mapas que descobrimos o novo rumo de Killzone, mais precisamente na sua jogabilidade. Agora podemos optar por diversos trajectos no vasto mapa da missão. Há um convite para a acção furtiva mas é, quanto a mim, fraco na oferta. Sim, podemos passar despercebidos com recurso aos obstáculos e evitar o confronto, mas basta um pequeno deslize ou um tiro num elemento e todos os outros disparam na nossa direcção com previsão infalível. Nos jogos anteriores basicamente tínhamos de ir à carga contra hordas de inimigos em vagas. Aqui temos de usar a cabeça e os obstáculos para os combater. E nem sempre isso é fácil, sobretudo quando somos um só contra dezenas de soldados. Tenho de dizer, porém, que por vezes essa vastidão “encolhe” para secções claustrofóbicas em que toda essa estratégia fica sem efeito. Deveria ser uma tentativa de balanço da Guerrilla, mas acaba por ser só uma inconveniência para o jogador que se vê a braços com falta de saídas para fuga.

Felizmente, agora já não estamos sozinhos nesses momentos mais frustrantes. Introduzido no jogo para a PS Vita, acompanha-nos um pequeno robot chamado OWL. Este pequeno drone que voa, possui diversas aplicações como desactivar ou activar computadores remotamente, largar cargas electromagnéticas para desactivas escudos dos inimigos ou até de lançar uma corda para descermos precipícios. Mas é a sua capacidade de gerar um escudo protector ou de disparar contra meliantes que nos vai ajudar mais. Este pequeno robot pode ainda nos ressuscitar se tivermos pacotes médicos.

Nem sempre o OWL é uma ajuda suficiente. Há momentos frustrantes nesta nova abordagem. Um bom exemplo está nos níveis com snipers à distância e soldados com escudos na proximidade. Mesmo que lancemos o OWL num soldado, o sniper e a sua precisão quase desumana não dão tréguas. Se fizermos ao contrário, não melhora muito a situação porque os soldados com escudo são virtualmente imortais até removermos o dito cujo. É preciso flanquear, largar uma mina electromagnética para desactivar o escudo e depois sim alvejar o meliante. Só no meio, ele também dispara e não está sozinho… Digo-vos que odeio os checkpoints deste jogo que são espaçados demais e frustrantes de aturar.

Depois é preciso dizer que a jogabilidade está mais próxima dos jogos arcade que outra coisa. Há quem prefira um shooter mais linear e mais “rápido” que este novo Killzone tenta ser. Imaginem um jogo mais na linha de um Call of Duty em termos de linearidade. Para isso jogávamos Call of Duty, certo? Killzone foi sempre sinónimo de jogo compassado e “pesado”. Esta nova abordagem não é do agrado de todos.

Resta-nos falar do online. Dez mapas compõem a oferta deste jogo, com mapas citadinos, florestas ou dentro de edifícios. São extraídos das missões do modo carreira e são igualmente detalhados e de elevada qualidade. Existem três classes para escolher: o Scout, Assault e Support, cada um com armamento e gadjets próprios. Os modos de jogo não diferem muito dos anteriores jogos, com excepção de um modo chamado Paranoia em que jogamos só com um vida contra os restantes, sem respawn. A Guerrilla incentiva a criarmos as nossas próprias regras e lógica das sessões online ou deixarmos isto em aberto e jogarmos com as regras alheias. Foi interessante jogar num servidor só com snipers, por exemplo.

De notar que a progressão neste jogo não visa buscar armas ou acessórios. Estes estão todos desbloqueados no arranque. A progressão também não é feita por pontos de experiência. Progredimos online por cumprir desafios, como destruir uma torre inimiga com explosivos desbloqueia uma habilidade da classe que escolhemos. Honestamente não incentiva a muitas horas de jogo, mas é interessante progredir sem sequer fazer muitos pontos, apenas cumprindo os objectivos.

Veredicto

Haja um jogo que justifique a Playstation 4 lá em casa. Killzone Shadow Fall é isso mesmo. Um dos motivos de muita gente comprar o bundle da nova consola é este jogo vir incluído. Tirando outros jogos de terceiros, este jogo será o que vai puxar mais pela PS4. A nova abordagem pode não agradar muito aos fãs da série, mas é um sério piscar de olho aos fãs dos shooters mais directos ao assunto. Este novo Killzone pretende rejuvenescer-se e reinventar a série e até o consegue. Quanto a mim isso é positivo.

  • ProdutoraGuerrilla Studios
  • EditoraSony Computer Entertainment
  • Lançamento29 de Novembro 2013
  • PlataformasPS4
  • GéneroFPS
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Alguma dificuldade extrema
  • Checkpoints espaçados demais

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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