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Análise – The Inpatient

Entre os jogos que a PlayStation apresentou em 2017, The Inpatient deixou-me mais entusiasmado para o experimentar no PlayStation VR. Pareceu-me a combinação perfeita de terror psicológico e grandes sustos, ainda por cima, da mesma produtora de Until Dawn.

A Supermassive Games sabe fazer grandes thrillers psicológicos. E é difícil falar deste novo título sem nos recordarmos um pouco do seu primeiro jogo. Nesse outro título de terror, lançado em exclusivo para a PlayStation 4 em 2015, um grupo de amigos tenta sobreviver a um psicopata. Durante esse processo, passam pelo que resta de um sanatório local, com vários rumores sobre uma terrível tragédia que aconteceu durante os anos 50. Ora bem, é este mesmo sanatório que serve de cenário para o título que vamos falar hoje. Eventualmente, até já jogaram Until Dawn (se não jogaram, deviam). No entanto, uma vez que este jogo serve de prequela, depois de passarem The Inpatient, já não terão desculpas para não passarem pelos arrepios do original.

O lançamento deste título faz com que Until Dawn seja uma espécie de trilogia. Provavelmente, a mais estranha trilogia que há memória, mas uma trilogia na mesma. O primeiro título, é como um filme de terror de adolescentes baseado em escolhas. Depois veio a sequela Rush of Blood, um shooter criado para o PS VR, que nos levava para dentro da mente de uma das personagens e que até tem uma ligação directa com o final do original. Por fim, temos este The Inpatient, que tem lugar no mesmo universo, mas no passado que antecede os eventos do título original, mais precisamente com 60 anos de diferença.

Nesta prequela, encarnamos o papel de um dos doentes do sanatório de Blackwood Pine. Como devem imaginar, ninguém é internado num sanatório completamente são. A personagem tem graves problemas de memória e, enquanto que o médico chefe continua a dizer que tudo ficará bem, percebemos rapidamente que não será esse o caso. O nosso objectivo passará por perceber, em primeiro lugar, o que nos aconteceu no nosso passado e, depois, desvendar o mistério que existe por trás deste hospício. Cada uma das nossas escolhas terá consequências na história, portanto, a atenção terá de ser redobrada.

Quem passou pelo enredo do primeiro jogo saberá de antemão o que irá acontecer no final inevitável deste The Inpatient e não terá aqui grandes revelações que possam mudar a forma como interpretaram a história de Until Dawn. No entanto, o facto de o sabermos não torna este jogo menos inquietante. O mais interessante está no facto de passarmos por locais familiares e conseguirmos juntar as peças do mistério. Quem não jogou o primeiro título, porém, pode sentir que a história é um pouco confusa. Mesmo assim, adianto que a conclusão será mais interessante e irá compensar a confusão inicial.

Os fãs do género de terror vão certamente gostar deste título, principalmente porque foi inteiramente criado para jogar com o PlayStation VR. Além da imersão expectável do 3D, o próprio enredo é igualmente imersivo, colocando-nos “lá”. Tal como em todos os jogos da Supermassive Games, este também é um título muito focado na narrativa, com as nossas escolhas a terem consequências directas na forma como a história se desenrola. Uma escolha mal feita e poderá levar-vos a saltar parte do capítulo ou à morte de alguma personagem. Aqui, é possível interagir com médicos, pacientes e auxiliares. Tudo o que nos rodeia irá reagir e levar a arcos diferentes de história.

Assim sendo, uma boa parte da jogabilidade passa pelas escolhas de diálogos, além de alguma interação pontual com os elementos dos cenários. Contudo, o foco da produtora parecer ter sido dado à atmosfera. O grafismo e efeitos visuais criam um ambiente muito bem conseguido, a meu ver superior a outros jogos para o PS VR e isso também ajuda bastante na imersão. O hospício está cheio de pequenos detalhes, desde o chão cheio de lixo, ao pó que preenche os móveis e paira no ar. Também as animações das personagens estão excepcionais, principalmente no caso do médico chefe que, quando se debruça para falar connosco, quase que sentimos o seu hálito.

Passei este jogo duas vezes, em cada uma dessas passagens agi para ter finais diferentes, tentando que personagens diferentes sobrevivessem. No entanto, para mim não ficou claro quais foram as acções que levaram às derradeiras conclusões. No final, é possível ver como as escolhas feitas durante o jogo influenciaram a trama. Mas, algumas das escolhas são obtusas e não são muito claras quanto ao desenlace. Deu-me a entender que as opções não estão apenas dependentes das escolhas de diálogo, mas também no tempo que esperei para agir ou demorei para tomar algumas das situações. Se assim foi, é sintoma de uma programação mais profunda da produção, o que seria genial. Espero que tenha sido mesmo isso.

Quanto à longevidade, de cada uma das vezes que o terminei, demorei cerca de 2 horas. Antes de pensarem que é pouco tempo para um jogo, lembrem-se que este é um título para a Realidade Virtual e, nesse caso, esta duração até é aceitável. Este tipo de jogos podem causar alguma instabilidade fisiológica ao fim de algum tempo. Apesar de raros, notei que alguns movimentos podem causar pequenas tonturas pontuais. A mim, por exemplo, aconteceu enquanto estava a empurrar a minha cadeira de rodas virtual. Infelizmente, é um problema comum quando o movimento no ecrã não está a ser feito por nós.

A curta duração, porém, é compensada pela fantástica imersão que já falei,  em que cada minuto parece durar uma eternidade. O jogo consegue ser igualmente muito imersivo ao nível da interacção, principalmente quando jogam com os PlayStation Move ou usam comandos de voz para responder a cada uma das vossas escolhas. Cada Move fica responsável por cada uma das mãos e a habilidade de falarmos para responder ao invés de usar um botão para seleccionar as opções, coloca-nos ainda mais no papel do paciente.

Veredicto

Grande parte do terror causado por The Inpatient é termos uma constante noção que não temos controlo da situação em que estamos. Isto cria uma tensão inquietante e perturbadora. Um tipo de terror realmente diferente. Se sabem a história de Until Dawn, sabem o que acontecerá ao infame Blackwood Sanitorium. Contudo, a forma como encarnamos um paciente e como vivemos os momentos de puro terror, torna esta experiência realmente aterrorizante. Junte-se a isso um grafismo cumpridor e uma interacção realmente envolvente, temos aqui um excelente título para PSVR que os amantes do género, simplesmente, não podem perder.

Esta análise foi realizada com recurso uma cópia para PlayStation 4 e PlayStation VR cedida pela Sony Interactive Entertainment Portugal.

  • ProdutoraSupermassive Games
  • EditoraSony Computer Entertainment
  • Lançamento24 de Janeiro 2018
  • PlataformasPS4, PS4 Pro, PSVR
  • GéneroAventura, Terror
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Sem pontuação

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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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