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Análise: Call of Duty: Ghosts

No passado dia 5 de Novembro, um pouco por todo o mundo, as lojas de videojogos encheram e quem por lá passava, sem estar precavido, foi assolado por uma multidão com uma caixa específica na mão. Mais um Call of Duty foi lançado. No meio do costumeiro hype a Activision conseguiu mais um sucesso de vendas. Mas será que Call of Duty: Ghosts consegue quebrar a rotina e finalmente se destacar dos seus antecessores?

Pessoalmente, tenho um histórico com a série Call of Duty. Modern Warfare e Modern Warfare 2 foram os dois jogos de acção na primeira pessoa que mais joguei na minha carreira pelas consolas. E não é por mero acaso que ambos foram produzidos pela então grande e promissora Infinity Ward. Hoje, esta empresa é uma mera sombra do poder de criação que foi outrora, já que meia empresa saiu em bloco com despedimentos por parte da Activision e rescisões de mútuo acordo. Assim a IW teve de se aliar à menos interessante Treyarch (responsável na altura por Call of Duty: Black Ops) para produzir o falível Modern Warfare 3. Entre este título e o posterior Black Ops II, a Activision demonstrou que estava sistematicamente a reproduzir a fórmula criada em MW2 e nunca mais inovou daí para a frente. O Online, afinal o forte desta série, foi ampliado varias vezes mas nunca inovou ou evoluiu do que é hoje um apanágio: Call of Duty passou a ser um clone de um grande jogo (MW2), apenas com outro título.

Resultado disso são as análises cada vez mais pro-forma ao jogo, apontando sistematicamente a sensação de repetição na série. No entanto, a fórmula tem sucesso nos fãs que não se importam de fazer pré-encomendas sem sequer ter acesso a uma Beta antes do lançamento. O resultado é mais um elevado volume de vendas, afinal o que realmente interessa, certo?

Mas vamos ao jogo em si.

O mundo está de pernas para o ar em 2023. Toda a área do médio oriente, incluindo os países ricos em petróleo, foi obliterada com recurso a armas nucleares. Isso deu poder a países produtores de petróleo na América do Sul, de modo a criarem uma Federação com interesses em dominar a economia mundial. Daí até chamarem a si o interesse da “polícia do mundo”, os EUA, foi um passo. Bastou para isso terem invadido uma Estação Espacial Militar, destruir diversas cidades nos EUA com ela e posteriormente tentar invadir a América do Norte por aí.

A solução para travar os planos da Federação é criar uma força especial chamada de Ghosts que engloba os melhores militares dos vários ramos das forças armadas dos EUA. Só que nos seus planos de combate, os Ghosts descobrem que um seu ex-membro se revoltou e está a ajudar o inimigo. Aí, nada como responder na mesma moeda, com as mesmas tácticas para explodir (muitas vezes) os Ghosts por dentro.

Tenho de vos dizer que gostei da premissa do enredo… no início. Parecia mesmo que iria ser uma aventura épica cheia de explosões (muitas mesmo) e repleta de coisas que só os amantes das operações especiais conseguem apreciar. Porém, a dada altura, tornou-se tudo muito aborrecido e repetitivo com os antagonistas demasiado previsíveis. O enredo dá uma volta que todos esperamos e nada de especial acontece com um fim a transpirar dejá vu

A dada altura com tanta explosão (a sério, perdi a vontade de contar o número de explosões no modo carreira), tiros, corrida e frenesim, pensamos que estamos a ver um filme de Michael Bay, ou algo do género.

Só que os filmes de Bay, ao menos, são de elevada qualidade técnica, por mais que o enredo não o seja. Call of Duty é um jogo tecnicamente datado. Mesmo na versão PC que testámos, os gráficos não impressionam com o já conhecido efeito “cartoon” das texturas de média e baixa resolução. Não é mau de todo, diga-se. Mas não há efeitos de luz ou de campo de visão, fazendo parecer a mesma qualidade gráfica de há cinco ou seis anos. As animações continuam a ser dignas de um jogo de arcada. Se nas cenas cinematográficas houve uma preocupação com a captura de movimentos e expressões faciais, durante o jogo em si a IW não perdeu muito tempo nas animações, sobretudo nos bonecos da Inteligência Artificial.

Depois é o som que não consigo explicar porque me incomoda. As armas têm uma sonoridade sintética. É um “pop, pop, pop” que não faz sentido com as tecnologias de hoje. Já vi jogos bem piores em termos técnicos com sons bem mais envolventes e realistas. Felizmente que o cast de vozes é muito bom. Actores como Brandon Routh (Superman Returns) ou Stephan Lang (Avatar) dão vida às personagens, mesmo que as animações não correspondam à acção. O bom trabalho da banda sonora acaba por tornar tudo mais épico, especialmente nos momentos mais frenéticos das explosões. (Já falei nas explosões?)

Mas, problemas técnicos à parte, o melhor de tudo no modo campanha acaba por ser, curiosamente, um ser de quatro patas chamado Riley que a dada altura podemos controlar. O cão é tão espectacular que até consegue saltar para dentro de um helicóptero e morder o piloto. Ah! Grande cão!

Por esta altura, estão os fãs de Call of Duty a gritar: “Mas este jogo é sobretudo o Multiplayer! Grande verdade, sim senhor. O modo campanha sempre foi algo acessório e meramente passatempo. Onde a acção se desenrola realmente é no multijogador competitivo e cooperativo dos COD. São muitas e muitas horas de jogo para fazer uma carreira online e desbloquear tudo o que existe para dar mais ou menos vantagem no campo de batalha.

Falando primeiro dos modos competitivos. Quem jogou Black Ops II recorda-se da enormidade de alterações e transformações, na maioria até interessantes, que o jogo recebeu. Ao invés de também inovar, porém, Ghosts perpetua a repetição. Inova apenas no armamento novo e no facto de podermos personalizar a personagem ao ponto de escolher o sexo feminino. De resto é o velho COD. E até se perdeu pelo caminho as pequenas pérolas de BO2 como os modos RTS.

Há até um modo novo chamado Squads que nos coloca na pele de comandante de uma facção controlada pelo computador contra outros jogadores na mesma situação. Não há combate real, apenas uma espécie de jogo de estratégia em que a equipa que lideramos é que evolui. De resto, é igual. Os modos famosos de Team Deathmatch, Free for All, Search And Destroy, Domination e o regresso de sucessos recentes como Kill Confirmed, Infected e Blitz. Toda a acção ocorre em 15 mapas, relativamente bem construídos e amplos.

Uma coisa que gostei muito foi, novamente, os cães do jogo. Além de Riley no modo campanha, os fiéis pastores alemães são uma constante. Acho que este jogo se podia chamar Call of Duty Dogs porque realmente são uma curiosa adição. Tal como em Modern Warfare 3, existem bónus chamados de Pointstreaks por acumulação de pontos. Curiosamente um desses bónus chama-se Guard Dog e é um simpático pastor alemão que percorre o mapa ladrando para inimigos, mesmo que estejam escondidos. Se um inimigo estiver muito perto de nós ele ataca e mata com um só golpe o meliante. Genial… Mas quando quis aproximar-me e fazer uma festinha levei um tiro e morri. É assim a guerra…

Como é apanágio dos jogos Call of Duty, há uma colecção de bugs e outros problemas para consolidar a tradição COD. Matchmaking a dar problemas a conectar e a entrar, animações incorrectas, texturas com erros (sobretudo na PS3), som cortado, entre outras situações “normais” de COD e aqui surge a pergunta: “Não há Beta testing destes jogos?” Públicas não, já o disse. Internas, certamente. Então porque não são corrigidos estes erros antes do lançamento?

Mas há mais COD nesta caixa. Numa tentativa de dar continuidade aos jogos da série pela mão da Treyarch que possuem os famosos modos Zombie, em Ghosts lutamos no modo cooperativo em níveis de sobrevivência contra… extraterrestres. O modo “Extinction” permite que quatro jogadores se juntem para combater hordas de extraterrestres de vários tamanhos e agressividade.

As personagens do jogo podem ter classes diferentes e armamento próprio. Por exemplo, podemos escolher uma classe com metralhadoras pesadas para apoio ou carabinas de assalto para ataques mais precisos. Este modo possui a sua própria carreira de evolução e bónus desbloqueáveis através de desafios que são apresentados ao jogador.

De notar que este modo só está disponível depois de terminar o primeiro capítulo do modo campanha ou chegar a nível 5 no modo multijogador competitivo. Infelizmente, depois de jogar a campanha há pouca paciência para mais repetição, porque é isso mesmo que este novo modo oferece. Os extraterrestres são previsíveis e incrivelmente pobres de espírito. Pelo menos no início. Depois começam a ficar cada vez mais ousados, violentos e… em maior número. Alguém diga à IW que mais ET’s não é mais interessante… são só mais ET’s!

Nas sessões que joguei dificilmente consegui deixar de fazer o paralelo com os jogos Resistance. Parece que a IW andou a jogar o shooter exclusivo da Sony e não se poupou a copiar algumas coisas, como o aspecto geral dos ET’s, mas pronto, pode ser só impressão minha…

Veredicto

Este é o décimo jogo da série, pessoal. O número 10! E bem sabemos que a fórmula vende, mas creio que ficou claro neste jogo que a Infinity Ward foi só marcar o ponto e garantir que mesmo sem inovar iriam repetir a fórmula. Há pouco de novo e muita sensação de já termos jogado este jogo com outro nome. Resta só esperar para ver o que a Activision vai fazer com a PS4 e XboxOne. Mas a avaliar pela versão PC, não creio que o jogo tenha potencial para surpreender.

  • ProdutoraInfinity Ward
  • EditoraActivision
  • Lançamento5 de Novembro 2013
  • PlataformasPC, PS3, Wii U, Xbox 360
  • GéneroFPS
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Sensação de Dejá Vu
  • Modo Cooperativo sem substância
  • Erros técnicos
  • Sons das armas são como pipocas no tacho

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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