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Análise: Yooka-Laylee

Na geração de 32 e 64-bits, a produtora Rare era uma das mais conhecidas com títulos como Banjo-Kazooie e Donkey Kong 64. Hoje, enquanto a equipa actual está a trabalhar noutros géneros, alguns veteranos desta produtora aproveitaram para fazer aquilo que fazem melhor, criando um sucessor espiritual desse género, chamado de Yooka-Laylee.  

Este título fez muito furor quando foi anunciado numa campanha de angariação de fundos via Kickstarter. Afinal de contas, era um jogo de plataformas criado por antigos produtores da Rare que prometiam um título muito semelhante a Banjo-Kazooie, usando também uma dupla bastante dinâmica de personagens. Depois de alguns adiamentos, temos finalmente este jogo nas nossas mãos e podemos dizer-vos que é uma verdadeira viagem ao passado. Só que esta viagem tem tanto de bom, como de mau. Já vos explico porquê.

Antes de começarmos, vamos conhecer esta equipa. Yooka e Laylee são dois amigos. Não sabemos como se conheceram, mas sabemos que se trata de um rapaz e uma rapariga que partilham a paixão pela aventura. Yooka é um camaleão e o principal responsável pelos saltos e pelos ataques. Laylee, sempre presente no topo da cabeça de Yooka, é uma morcego com um humor muito sarcástico e que ajuda o cameleão em saltos mais altos, além de conseguir também atordoar os inimigos com o seu sonar.

O jogo começa com esta improvável dupla a aproveitar o sol em Shipwreck Creek, uma pequena baía com um grande navio naufragado (tal como o nome indica). De repente, o seu banho de sol é interrompido por Capital B e Dr. Quack, uma equipa terrível que criou uma máquina capaz de sugar todos os livros. Esta máquina está a tentar recriar um livro muito antigo e poderoso por angariar todos os outros livros já existentes. Um desses livros pertencia à nossa equipa de protagonistas e, como devem calcular, estes vão querer descobrir os responsáveis, ao mesmo tempo que tentam reaver o que é seu.

A história não é a mais brilhante, mas serve para o seu propósito. Outros pormenores são contados através de breves diálogos entre os dois protagonistas e também com outras personagens com que se vão cruzando ao longo da aventura. Irão notar que há várias referências a outros jogos, tanto clássicos como modernos. A “voz” das personagens é reproduzida de acordo com o diálogo em si, mas é criada com barulhos e grunhidos que não se percebem. Logicamente, que convém lerem as legendas.

Esta opção criativa em particular, leva-me a um dos primeiros pontos negativos neste jogo. Na época de Banjo-Kazooie, era compreensível a razão dos diálogos não serem compostos por vozes reais, uma vez que havia uma clara limitação de hardware da época. Num jogo em pleno 2017 não faz qualquer sentido, na minha opinião. Principalmente numa época que usamos mais equipamento sonoro de qualidade, torna-se incrivelmente irritante estarmos constantemente a ouvir sons agudos. Damos por nós a tentar passar os diálogos o mais rápido possível, chegando mesmo a baixar o som por completo.

Grunhidos à parte, nota-se claramente que jogos de plataformas são a especialidade desta equipa. No total, existem cinco mundos para visitar e explorar. São conhecidos como Grand Tomes (Grandes Livros) e, tal como uma boa peça literária, têm todos um tema específico. Não podemos esquecer também o mundo de Hivory Towers, que serve como base, ou hub, para aceder a estes mundos. Todos estes espaços estão repletos de objectos para descobrir e coleccionar, com muitos detalhes interessantes.

Espalhados pelos cinco mundos, encontrarão várias personagens. Uma que nos deparei e achei imensa piada foi “Kartos”, o “God of Ore”, que nos oferece um desafio com uma pequena carruagem de minar. Uma grande homenagem ao célebre Kratos de God of War e  aos lendários níveis de Donkey Kong. Outra personagem que encontrarão várias vezes é Rextro que, em troca de algumas raras moedas encontradas pelos mundos, desbloqueia vários jogos em arcadas. Normalmente são mini-jogos, como um jogo de corridas visto de cima que nos fez lembrar alguns clássicos de MS-DOS. Estes mini-jogos, já agora, podem ser jogados até um máximo de quatro jogadores e, uma vez desbloqueados, podem ser facilmente acedidos através do menu principal do jogo.

Ao longo dos mapas, fiquem atentos a todos os coleccionáveis que vão encontrando. A principal moeda nesta aventura são as páginas douradas (Pagies) e as penas que antigamente eram usadas para escrever (Quill). As Pagies pertencem a um livro mágico e servem para desbloquear novos mundos, mas também para expandir os que já foram previamente desbloqueados. Um sistema interessante que nos leva a querer voltar a visitar os mundos já visitados ou a optar por caminhos que antes estavam interditados.

As Quill por outro lado, servem para desbloquear novos movimentos e melhorias para Yooka e Laylee. Estas melhorias variam entre um poderoso ataque de Ground Slam ou até o sonar de Laylee para atordoar os inimigos. As Quill são fáceis de encontrar, segundo as personagens do jogo, em cada mundo existem 200 para apanhar. Já as pagies, são mais complicadas e muitas vezes têm algum mistério para resolver ou um boss para derrotar antes de as apanhar.

Criar um título para apelar aos fãs veteranos de jogos de plataformas, pode ser uma “espada de dois gumes”, entre lógicas antiquadas e ainda válidas. Por exemplo, não existe qualquer mapa e para encontrar todos os segredos, vão ter de dispensar algum tempo e usar a vossa própria orientação. Outro factor menos consensual, é a falta de checkpoints mais curtos. Se falharem em alguma secção mais desafiante, serão transportados para a última porta que usaram e terão de voltar a fazer grande parte da secção em questão. Claro que isto era uma realidade nos jogos mais antigos. No entanto, para os jogadores da nova geração, que estão habituados a outras cortesias, estas mecânicas podem ser um problema.

Yooka-Laylee, mesmo assim, nem é o jogo mais difícil que já experimentei. Existem secções mais desafiantes e frustrantes que outras mas, como a prática faz a perfeição, após algumas tentativas consegui passá-las sem problema. Isto leva-me a concluir que qualquer desafio deste jogo conseguirá ser ultrapassado com alguma paciência, basta continuarem a tentar. E, quanto a mim, este desafio até oferece um bom sentido de recompensa pelos esforços, algo que se perde cada vez mais no facilitismo geral dos títulos modernos.

Regra geral nesta geração tão habituada à arquitectura tridimensional dos jogos, a câmara é a principal causadora de alguma frustração em títulos modernos de plataformas. Afinal de contas, se ela não se enquadrar bem na nossa acção, poderá acabar numa plataforma falhada e no infame ecrã de Game Over. Neste título, felizmente, a câmara até está muito bem afinada na maior parte das vezes. Mesmo assim, algumas vezes não chegou a centrar como deveria em locais mais confinados. Felizmente, com o pressionar de um botão, é posicionada imediatamente nas costas dos protagonistas, o que evitou muitos problemas.

Como seria de esperar, é no grafismo que reside todo o “charme” de Yooka-Laylee. Quem jogou Banzo-Kazooie irá certamente reconhecer o estilo visual com todas as suas cores vibrantes. Contudo, desta vez os polígonos básicos do jogo de 1998, foram substituídos por modelos, texturas e animações mais suaves e detalhados. Não devem esperar foto-realismo ou grande efeitos visuais de computação gráfica. Não é esse o objectivo deste género de plataformas. Esperem, isso sim, um estilo tipo banda-desenhada com imensos pequenos detalhes artísticos. A ênfase não estará tanto no visual e sim na jogabilidade, mas não deixa de ser competente a entregar uma boa experiência visual.

Um grande bónus em Yooka-Laylee é a possibilidade de jogar toda a campanha em modo cooperativo com a ajuda de um amigo. Ao contrário do que poderiam pensar, porém, não ficam responsáveis por cada um dos protagonistas. O primeiro jogador ficará em controlo de Yooka e Laylee, tal como se jogasse sozinho e o seu amigo (Player 2) terá controlo sobre um enxame, conhecido como The Bee Team. Com estas abelhas, consegue apanhar Quills e Pagies enquanto a dupla percorre as restantes plataformas. Não será propriamente tão apelativo jogar com as pequenas abelhas, mas é uma cooperação curiosa e que até funciona muito bem. É útil, sobretudo, para não perder nenhum dos coleccionáveis.

Veredicto

Yooka-Laylee é exactamente o que os fãs de Banjo-Kazooie podiam pedir num jogo de plataformas moderno que pudesse manter todo o espírito desse clássico. Contudo, existem algumas opções de concepção que se mantêm demasiado agarradas à sua inspiração, tornando-se datadas. E, não se deixem enganar pelo seu grafismo colorido e pelas suas personagens amigáveis. Tal como qualquer outro jogo de plataformas clássico, consegue ser implacável e frustrar alguns jogadores menos experientes. Talvez este género tenha evoluído tanto que esta lógica frustre muita gente, mas os veteranos agradecem!

  • ProdutoraPlaytonic Games
  • EditoraTeam17
  • Lançamento11 de Abril 2017
  • PlataformasPS4, PS4 Pro, Switch, Xbox One
  • GéneroPlataformas
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Sons das "vozes" das personagens
  • Alguns checkpoints demasiado afastados

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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