WRC-9

Análise – WRC 9

Mais um ano de Ralis, mais uma entrada na série oficial de jogos do Campeonato do Mundo de Rali ou, como é mais conhecido, o World Rally Championship, ou WRC. Esta franquia tem vindo a evoluir a olhos vistos em cada nova edição e este WRC 9 é uma clara evidência que a sua produtora valoriza muito esta franquia.

Como sabemos, esta marca está prestes a mudar de “dono”. Mas, enquanto isso não acontece, a produtora KT Racing e a editora Nacon têm dado provas que, não só são capazes de lidar com uma licença exigente, como estão cada vez mais consolidadas como excelentes produtoras de jogos de condução. Já temos falado aqui como os jogos de contéudo sazonal acabam por se repetir a cada novo capítulo. Contudo, o WRC real tem vindo a evoluir bastante, tanto ao nível de provas, como dos próprios veículos. Ainda não temos nos Ralis grandes restrições técnicas vindas da FIA como temos noutras provas de velocidade. Mesmo assim, a cada ano, os veículos evoluem e tornam-se bem diferentes na sua performance. E os próprios Ralis mudam, com novas provas e etapas a serem adicionadas ou alteradas. Assim, é muito improtante que os jogos desta franquia não sejam meros “replays” dos jogos anteriores.

Se acompanharam a minha análise a WRC 8, recordarão que menciono que é uma “excelente evolução na série”, com algumas reservas em alguns pormenores na condução. E sim, corro um sério risco de me repetir ao dizer que este jogo faz isso mesmo: evolui. Tudo bem, o grande salto de evolução que foi o jogo anterior seria um ritmo difícil de manter. Nessa altura, a KT apostou numa série de novidades que tornaram WRC 8 verdadeiramente inovador. Desde um robusto modo de carreira, até à grande renovação gráfica, esse terá sido o maior salto qualitativo nestes jogos. WRC 9 pode ser um pouco mais comedido nas novidades, como irão ver, mas mantém esse espírito evolutivo.

Curiosamente, o mundo dos Ralis até tem uma boa quantidade de jogos nesta indústria. Já nem falo dos jogos “off-road” que não são bem focados neste tipo de condução tão peculiar. Entre os “reis” deste género, seguem as séries DiRT e DiRT Rally da Codemasters, sem dúvida. Mas, arrisco dizer que os WRC da KT Racing estão agora, finalmente, quase a par com estas séries, nem que seja na imersão e no realismo da condução. Para isso, contará muitíssimo o acesso privilegiado da KT aos bastidores do mundo do WRC oficial, a participação na produção de pilotos reais e, claro, a comunidade de entusiastas dedicada à volta do jogo que tem vindo a dar o seu parecer.

Uma das críticas que tive do jogo anterior foi, de facto, na condução. O que é uma péssima questão negativa para ter num jogo destes… deveras. Como disse na altura, não é que o controlo dos veículos fosse mau de todo, era apenas inconsistente, falando algures do “veículo parecer rolar sobre ‘manteiga’, tornando-se totalmente incontrolável ao mínimo toque”. Obviamente que também depende do controlador ou volante que optem usar para este tipo de jogos e, claro, do vosso “kit de unhas”. O rali é, na sua mais pura essência, uma forma de arte a abordar curvas. Sobretudo numa simulação, se o carro não reagir como o esperado, vamos encontrar as valas laterais e paredes demasiadas vezes.

Não me considero um “às” dos Ralis, mas sou assíduo seguidor deste género de jogos. E sinto que possuo um certo à vontade para conduzir “de lado” de uma forma consistente. Quando encontro um jogo deste calibre que não facilita, que seja difícil porque preciso melhorar a minha prestação. Não porque sinta que aquela saída e pista ou toque numa parede lateral não foi propriamente culpa minha. Sim, há ajudas à condução, há até formas de dominar o veículo em termos de tracção, travagem, etc. Mas, é na sua essência mais crua que o Rali brilha. E é sem ajudas, sem facilitismo, que eu estabeleço sempre o meu ponto de partida numa avaliação neste género.

WRC 9 teve uma clara melhoria no comportamento dos veículos, felizmente. Não é já aquela “manteiga” que falo acima, mas também não temos os veículos “em cima de carris”, algo que podia acontecer facilmente se a produtora apostasse mais num jogo e não no simulador que sempre pretendeu entregar. Ainda assim, considero esta condução, mesmo sem ajudas, particularmente acessível a todos. Até porque os próprios veículos já possuem imensas ajudas e tecnologias para os tornar mais “domados” e seguros. Joguem pela pura diversão de abordar curvas em slide ou com interesse em fazer o melhor tempo possível, asseguro que se divertirão neste jogo. Para isto contam melhorias técnicas nas físicas e no controlo geral dos carros, bem melhores que em WRC 8.

Numa óptimo exemplo disto, nota-se melhor a inércia dos carros, na forma como reagem aos saltos, buracos e declives, nos diferentes pisos e nas mudanças de velocidade. Gosto particularmente da forma bem mais refinada do comportamento a transitar de alcatrão, gravilha ou neve. Isto torna-se ainda mais evidente nos diferentes tipos de tracção e capacidades dos vários automóveis simulados. Não preciso explicar que há mesmo diferenças palpáveis entre os clássicos, como o mítico Subaru Impreza e o novíssimo Hyundai i20. Mas, é perfeita esta condução? Como sempre digo em qualquer tipo de simulação, só mesmo quem tem experiência neste tipo de competição real é que poderá pegar no jogo e dizê-lo. Para mim, é óptima, como já disse.

De regresso, claro, está o modo de carreira, aquele modo viciante para nos ocupar por longas horas, simulando uma inteira época ao serviço de uma equipa de WRC. Voltam os objectivos desta equipa e dos patrocinadores para nos dar a devida pressão. Voltam as etapas calendarizadas, sempre a jogar com as melhorias nas mecânicas. Há diversos tipos de provas paralelas às do campeonato, com muito para fazer e evoluir. Contudo, aqui a KT Racing não foi tão inovadora. Com excepção de umas poucas alterações (como um melhor controlo do calendário de eventos ou nas mecânicas dos carros entre provas, por exemplo), acho mesmo que é uma completa cópia do modo de carreira do ano passado. Para quem gosta de atacar um modo a solo a cada nova época, serve o propósito. Quem procura algo de novo, é melhor continuar a navegar nos menus…

Uma vez mais, há uma grande aposta destes jogos no online, sobretudo a olhar para os cada vez mais influentes eSports. Uma das novidades nesta oferta é um novo sistema de Clubes, onde os jogadores podem criar os seus próprios campeonatos para competir online. Mas, quem sabe a novidade mais interessante e com enorme potencial para as competições online, é a nova adição dos “Co-Drivers”. Ou seja, a capacidade de alguém se juntar numa sessão e agir como navegador. É uma tarefa um tanto complicada esta, exigindo imensa concentração e rigor. Por isso mesmo, será francamente interessante ver uma parelha bem entrosada a jogar online. Venham de lá esses vídeos, porque o meu co-driver meteu férias.

Mas, a beleza destes jogos é sempre muito relativa. Tirando os carros, que beneficiam de novo cuidado na sua recriação, não é que possamos fazer muito “turismo” neste jogo. Tudo passa literalmente a correr e, na maior parte das vezes. Apercebem-se que está algo ali de lado mas o nosso foco nas curvas, com o navegador a debitá-las em catadupa, não vos permite apreciar grande coisa. Confesso que fiz algumas corridas em passada lenta só para olhar bem para o cenário e usar o modo de fotografia de forma avulsa. Não é que possamos fazer grandes desvios ou corta-mato, no entanto, o jogo continua a manter-nos na “linha” por punir saídas de estrada, por vezes de forma exagerada. Mas, acreditem em mim, os cenários deste jogo são francamente bonitos. Agora, acelerem…

Ainda falando graficamente, este jogo é também uma evolução, neste caso no plano visual. Notei alguns novos pormenores, como na condução nocturna a iluminação dos faróis ser bem mais realista, a iluminar como deve ser todos os obstáculos. Também as condições atmosféricas conferem outra beleza (e desafio) ao jogo. Conduzir à chuva, por exemplo, entrando em slide na lama e ver o carro ficar gradualmente mais sujo, é francamente espectacular (para quem gosta disto, claro). Nem todos os objectos estão bem modelados, é certo. Há pouco detalhe em alguns edifícios e também o público tem baixa resolução de modelos e texturas. Notei também uns pequenos bugs de posicionamento aqui e ali. Mas, a mais de 200 Km por hora, não notarão estes detalhes…

Veredicto

Não desfazendo da enorme evolução qualitativa que a KT Racing tem vindo a evidenciar a cada novo título nesta franquia, finalmente considero que WRC 9 atingiu o patamar de qualidade pretendido. Isto, não só para um jogo oficial de uma competição tão conceituada, mas também para um tipo de jogo com tão forte concorrência. Este novo marco de qualidade nota-se, acima de tudo, na condução que acho ter finalmente atingido aquele ponto óptimo, entre o desafiante para os veteranos e o acessível para os novatos. Há anos que o WRC oficial luta para ter um jogo credível e bem concebido. E esta produtora Francesa tem-se esforçado para nos dar mais e melhor. A licença está em boas mãos, descansem.

  • ProdutoraKT Racing
  • EditoraNacon
  • Lançamento3 de Setembro 2020
  • PlataformasPC, PS4, Switch, Xbox One
  • GéneroCondução
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Modo de carreira é virtualmente idêntico ao anterior
  • Pequenos bugs a precisar de atenção

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários