P563VGBMQ9Y21517347461170

Análise – World of Warcraft: Battle for Azeroth

É inacreditável mas hoje vamos falar da sétima expansão de World of Warcraft. É verdade. World of Warcraft: Battle for Azeroth faz-nos regressar ao lendário MMORPG, 14 anos depois da sua génese. E a premissa é colocar o seu mundo inteiro em guerra… outra vez.

Talvez porque foi um dos primeiros, talvez porque a Blizzard nunca deixou o seu crédito por mãos alheias, talvez porque todos os outros que o seguiram nunca conseguiram fazer esquecê-lo, World of Warcraft nunca “entregou a espada”. Todas as expansões lançadas até hoje visavam criar novas eras no jogo, por vezes com eventos tão destrutivos que desfiguraram Azeroth por completo. Bom, se o título “Battle for Azeroth” não for suficiente, adiantamos que esta é mais uma dessas ocasiões destrutivas.

https://www.youtube.com/watch?v=HCeQMe2xdJM

Analisar esta expansão é um acto ingrato para mim. Tal como aconteceu com a anterior expansão Legion, sinto-me como um “peixe fora de água” neste MMO. Felizmente, tenho sempre grandes mentores que me ajudam e orientam neste universo tão peculiar. Daqueles que me “arrastam” pelas quests e me ajudam a evoluir. Tudo para que saiba o que fazer a seguir. E se estava meio céptico sobre a minha aptidão para jogar de forma tão causal, dei por mim fixado e a perceber porque WoW é ainda tão relevante. Melhor, entendi porque esta expansão se fixa em mais um evento tão destrutivo para o cânone do jogo: a guerra.

Que melhor pretexto existe para “iniciar um ciclo” que um acto revolucionário que altere realidades, posturas e relações? A primeira expansão da série, “The Burning Crusade”, apostou exactamente nesta premissa de colocar uma nova variável na balança e enviar as várias facções para a guerra. Desde então, todos os DLC tentaram de alguma forma mudar paradigmas. A revitalização da oferta é essencial para manter o interesse e, quem sabe, dar pretextos para novos jogadores se juntarem na luta. Contudo, esta nova guerra traz uma fórmula que o jogo já não nos dava há algum tempo: reestabelece a batalha eterna entre a Alliance e a infame Horde.

Dirão os veteranos que este regresso às origens é muito bem vindo. Para os demais, como eu, é só mais um pretexto para regressar ao jogo (e à subscrição, claro). Ao todo, cada facção oferece três novas zonas para explorar que, embora sejam francamente menores que nas anteriores expansões, denotam um maior foco da produção para o detalhe em vez de apostar somente na quantidade. E esta exploração tem agora dois lados, onde as anteriores tréguas desapareceram por completo. O que cria uma tensão palpável e um desejo de jogar duas vezes para ver os dois lados do conflito.

A melhor parte é que, em termos de enredo e de cânone, nunca me senti demasiado perdido. Sim, terão uma enorme vantagem se conhecerem o lore do jogo de forma profunda, mas esta divisão binária acaba por simplificar muita coisa: O outro lado é inimigo. Ponto final. Todas as relações dentro da facção mantém-se amigáveis, os outros tentam matar-nos à vida. Nada podia ser mais simples. E não tenho nada contra essa simplificação.

A história é aquela que esperariam do início de uma guerra de duas frentes. Depois dos eventos da última expansão, Sylvanas, a líder da Horde, decide reunir os diversos clãs para conseguir açambarcar toda a Azerite presente em Azeroth. A pedra mágica é mais abundante no sul e, por isso, inicia uma campanha de conquista. Tomada de surpresa, a Aliança é incapaz de travar a horda, acabando por perder uma boa porção de território. A retaliação é inevitável, mas as batalhas criam uma divisão notória, com a Horde a dominar Kalimdor e a Aliança a dominar os Reinos Orientais. Agora, é preciso consolidar e expandir os exércitos, porque a guerra total é inevitável.

Confesso que me senti mais atraído ao lado da Aliança. Não creio que haja qualquer vantagem do lado que escolhem, mas senti que esta facção estava mais do lado da razão. Ao longo da progressão nas quests, o maior destaque é a sensação de que tudo possui uma escala bem maior que o que já experimentei neste jogo. Mesmo assim, evoluir a personagem para o novo nível 120 até nem foi tão complexo como esperava. Tudo bem, sou um jogador casual e tive ajuda de outros jogadores mas, honestamente, pareceu-me que a Blizzard estava mais preocupada em trazer todos para o mesmo patamar que em criar-lhes dificuldades.

Ao todo, existem duas novas regiões para explorar e onde passaremos uma boa parte do tempo. A nação humana de Kul Tiras é o território para onde iremos como membros a Aliança e Zandalar onde os Trolls dominam e onde só mesmo a Horde se sente bem vinda. Em cada um destes continentes, há três zonas distintas para, com uma capital e duas áreas anexas. Como seria de esperar, há imenso para fazer, entre quests e side-quests e imensas segredos para descobrir. Eventualmente, irão chegar a um ponto em que tudo se torna algo repetitivo, mas já devem saber o que esperar desta oferta.

O que mais gostei destes territórios foi do nível criativo de todo o seu visual. O nível de detalhe é realmente impressionante para um jogo tão “idoso” e com tantas evoluções de qualidade. Que todos os jogos pudessem gozar deste tipo de evolução visual. Recordo-me das primeiras imagens de WoW em 2005 e agora comparo com o que vejo no jogo. É tudo francamente familiar, obviamente, mas o detalhe e o cuidado no design dos mundos, especialmente da capital Tiragarde Sound é um salto qualitativo de assinalar.

Em termos de novidades, contem com inúmeras melhorias e adições. Irão notar que os servidores dedicados ao PvP desapareceram mas, em contrapartida, podem entrar nesse modo em qualquer oportunidade ou local, dando um bónus de 10% em XP e angariar novos talentos. Isto convida a uma maior acção entre jogadores, mas também mais combates improvisados, sobretudo em zonas neutras onde pensamos estar em segurança. Contem também com novas dungeons e no futuro próximo espera-se a integração de novas raids e um novo modo PvE para 20 jogadores, chamado de Warfronts.

A dada altura, também ganham o chamado Heart of Azeroth, um amuleto com propriedades especiais que conferem habilidades novas. Surge como uma das maiores novidades do jogo, mas confesso que não alcancei muito bem a profundidade nesta nova peça. As habilidades que o amuleto nos dá pareceram-me algo irrelevantes (redução de cooldowns, por exemplo) e não justificam muito a angariação contínua de Azerite que se segue para o carregar. Sim, há uma melhoria substancial das estatísticas, sobretudo ao início, mas notei que os meus companheiros também não ligaram muito a este amuleto. Talvez melhore em breve.

Quando chegarem ao limite de nível (e acreditem que vão demorar a lá chegar), entramos no chamado “end game” e as coisas mudam um pouco. Regressam os eventos das chamadas “world quests” introduzidas na expansão anterior e o ritmo abranda um pouco. Como seria de esperar, a evolução da nossa personagem passa a depender mais da nossa proficiência do que do acompanhar de um enredo estruturado. Tudo porque as missões, a solo ou em grupo, passam a ser dadas de uma “pool” de eventos PvE e PvP que abrangem os dois continentes. Há também missões mais curtas, como as Island Expeditions, missões aleatórias em objectivos e zonas, com rotatividade semanal e ideais para quem não quer passar horas numa dungeon.

Nessa fase, confesso que o meu entusiasmo esmoreceu um pouco. Não só não tenho a dedicação necessária para jogar tão intensamente como os meus companheiros de facção, como acredito que este tipo de jogabilidade necessita de bastante grind. Não me interpretem mal, eu adorei fazer dungeons nesta fase, por exemplo, onde tudo é mais caótico e as estatísticas falam mais alto. No entanto, gostei muito mais das missões mais descontraídas e, por vezes, meio tresloucadas fora deste âmbito. Penso que é essa a essência de um jogo tão vasto, sabermos encontrar o nosso nicho e explorarmos as nossas aptidões. E, sendo assim, há poucos jogos que conseguem esta abrangência tão vasta.

Há um tópico que, obviamente, sempre me preocupa de cada vez que abro o Battle.net para jogar um novo jogo ou expansão da Blizzard. Os problemas técnicos. Dirão vocês, “mas os problemas de Diablo III já foram há tanto tempo…” Não, o tempo não apaga essa memória. Até porque também lá andei nos primeiro dias de Destiny 2 e conheço bem as desventuras da Blizzard nas primeiras horas de tráfego pesado. Curiosamente, tive uns quantos problemas de ligação e outras tantas oscilações de estabilidade (lag), mas nada de preocupante num todo. O que são boas notícias, especialmente num jogo tão popular.

Aquilo que mais me preocupou foi mesmo essa questão da popularidade. Já joguei outros jogos de online massivo e sei bem que os jogadores só aparecem na sua maioria durante os resets semanais. Faz parte da lógica dos MMOs e não creio que a produção possa mudar este paradigma. Contudo, isto resulta em êxodos massivos em alguns dias, tornando o jogo francamente solitário. Para os jogadores mais anti-sociais, isto é perfeitamente irrelevante, até porque há muita oferta a solo para executar. Mas, torna a experiência muito impessoal e… hey, não se esqueçam que precisei de ajuda para evoluir…

Veredicto

Regressar a World of Warcraft é sempre uma experiência única. Aqui estou eu num dos maiores colossos do seu género, veterano “pai” adoptivo de tantos outros jogos num género praticamente criado por si. Battle for Azeroth surge na linha das demais expansões que visam “abanar” com a estrutura base do jogo, tentando reinventá-lo para chamar jogadores de volta e recrutar outros tantos. As suas novidades são, principalmente, de detalhe, conferindo umas poucas novidades criadas com o intuito claro que dar maior escala a um conflito global que nos leva às origens dos Orcs Vs Humanos. A guerra pela conquista de Azeroth é uma justificação muito plausível para renovar o vosso interesse… e a vossa subscrição.

  • ProdutoraBlizzard
  • EditoraActivision / Blizzard
  • Lançamento14 de Agosto 2018
  • PlataformasPC
  • GéneroMMO, Role Playing Game
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Algumas questões de estabilidade
  • "End Game" continua focado no "grind"

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários