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Análise: Watch_Dogs 2 (Actualização PC)

O primeiro Watch Dogs não foi um mau jogo. Apenas sofreu bastante pelo hype gerado em volta do seu lançamento. Com este Watch Dogs 2 a Ubisoft teve uma enorme oportunidade de nos entregar um jogo que, pelo menos, tivesse aprendido com os erros do primeiro.

Actualização da versão PC

Apesar a versão original que testei se portar muito bem na PS4 Pro, menciono abaixo que o seu grafismo foi algo que não me impressionou muito. Assim sendo, porque todo o jogo é exactamente o mesmo em termos de jogabilidade e conteúdo, esta actualização da nossa análise no PC tem a ver somente com os aspectos técnicos desta nova versão.

Tal como prometido, a versão PC deste jogo chegou mais tarde. Atrasada devido a questões de optimização que era preciso fazer, esta era a versão que mais queria testar. Manda a prudência, porém, que num jogo Ubisoft, as nossas expectativas estejam um pouco mais abaixo que o normal. Contudo, fiquei francamente surpreendido por encontrar um jogo francamente estável e com imensas opções visuais para não ter os problemas que, infelizmente, o primeiro jogo da série teve. Melhor, a versão PC, apesar de ter alguns requisitos acima da média, está habilmente optimizada, contando até com algumas melhorias substanciais na nova versão de drivers da Nvidia.

O menu está pejado de opções importantes e específicas de visualização. Para ajudar na escolha destas opções, há um gráfico de utilização da VRAM para não exceder as capacidades da vossa máquina. Além disso, diversas opções possuem uma sucinta explicação do que cada opção faz e como influencia na experiência e na performance. Se não quiserem mergulhar no complexo mundo das optimizações, podem sempre carregar no botão de auto-detecção de opções que irá garantir, pelo menos 30FPS com 1080p. Nos meus testes na nossa plataforma Orion, consegui colocar todas as opções em Ultra e 1080p garantindo sempre rácios de fotogramas acima dos 60FPS, em especial depois do novo driver da Nvidia ter sido lançado.

Também é de assinalar que esta versão possui um pacote adicional de texturas em alta-definição completamente opcional. Este pacote com 6GB de dimensão, chamado “Ultra Texture Pack” é inteiramente gratuito. Contudo, só mesmo quem possui um PC à altura deve instalar estas texturas, uma vez que irão pesar bastante, sobretudo para quem tem resoluções 4K. Confesso que não me parece assim muito importante este pacote e ainda bem que é opcional. Apesar de algumas texturas beneficiarem bastante da nova definição, não me parece que, num todo, o jogo fique muito melhor em troca do peso criado pelo pacote.

Uma melhoria considerável nesta versão está nas físicas. Não, não estou a falar da condução que continua estranha, estou a falar de movimentos de objectos, partículas, águas, fumos e outros efeitos francamente beneficiados pela capacidade de geração de físicas das placas Nvidia. Até mesmo o nevoeiro ocasional parece bem mais realista. Outra melhoria assinalável está nas sombras dos objectos, muito mais definidas e realistas nesta versão. Mas onde tenho de destacar que esta versão brilha é nos shaders de objectos (em particular nas texturas de metais) e na qualidade geral dos modelos. Como seria de esperar nesta versão, aliás.

Infelizmente, nem tudo é perfeito. O efeito de “screen tearing” é uma constante, sobretudo em cenas intermédias com mais detalhe. Isto obriga a ligar o VSync, limitando um pouco a taxa de fotogramas para deixar esta opção visual trabalhar. Nada de especial, mas seria bom que a Ubisoft tivesse optimizado essas cutscenes, até porque correm todas bloqueadas a 30FPS. Contudo, de um modo geral, esta versão parece muito bem optimizada e estável nas horas em que a pudemos testar antes do lançamento.

E é de assinalar que desde que fizemos a análise em baixo que o online está de volta, inteiramente disponível, agora também no PC. Como testámos o jogo antes de ser lançado, não tivemos muita acção com ou contra outros jogadores. Mas do que nos foi possível testar, entre invasões e missões cooperativas, longe parecem estar o problemas iniciais verificados nas versões de consola. Vejamos como irão correr os próximos dias, com mais jogadores a comprarem o jogo e a entrarem nos modos online.

Veredicto da versão PC

Para todos os efeitos, a versão PC de Watch_Dogs 2 parece ser a edição definitiva do jogo. Não só porque tudo o que era positivo nas versões de consolas está presente também no PC, mas porque a qualidade visual possível nesta plataforma traz uma experiência gráfica superior. Claro que isto vale apenas para quem tem um computador de qualidade acima da média. Watch Dogs 2 teve aqui um lançamento de PC muito mais suave e com menos problemas que o primeiro jogo. Algo que parece justificar a ligeira espera que tivemos de passar depois do lançamento nas consolas.

Análise Original 17/11/2016 (PlayStation 4 Pro)

Antes de mais, diz-se “Watchdogs” ou “Watch Dogs”? Desde o primeiro jogo que andamos a tentar perceber como devemos escrever este título. Apesar do lettering deste jogo ser, na verdade, “Watch_Dogs 2”, é muitas vezes representado como “Watch Dogs 2”. Só que a palavra que parece querer referir-se é “watchdogs” que, em termos básicos, se trata de algo ou alguém que se mantém atento a um padrão e corrige-o ao mínimo desvio. “Watch Dogs”, traduzido à letra, será… “cães de guarda”. Duvido sinceramente que seja isso que a Ubisoft queria com este título. Mesmo assim, vamos fazer-lhes a vontade. Longe de ser um jogo sobre canídeos a guardar algum armazém, o novo jogo está cheio de vontade de ser maior e melhor que o seu antecessor. Vejamos se o consegue.

Apesar de se passar num universo de fantasia, os temas abordados por este título não podiam ser mais actuais. Será que estamos todos reféns de uma informatização da sociedade que nos rouba liberdades e nos transforma em autómatos controlados por um pretenso “big brother”? Muito do que temos hoje em dia está ligado online e parece que já não passamos sem o nosso smartphone e sem aquela mensagem do momento nas redes sociais. E se essa tecnologia fosse usada para nos controlar numa ilusão de liberdade? Há quem pense que já é assim. Então, quem gostaria de se ver livre da opressão por usar o sistema contra si próprio? Talvez apenas os que saibam contornar a segurança, os que alegam ser paladinos da justiça digital, o chamados hackers…

Este glamour em volta da “profissão” de pirata informático, basicamente um ladrão digital que usa o sistema informático institucionalizado para seu benefício, justificando as suas acções com mensagens de um “bem maior”, é o cerne do enredo de Watch Dogs 2. Marcus Holloway é um brilhante hacker que acaba incriminado injustamente. Ao chegar a São Francisco para se juntar às fileiras dos “hacktivistas” da DedSec, descobre que as grandes corporações como a gigante de segurança Blume, usam o novo sistema operativo CtOS 2.0 para controlar os cidadãos de Frisco. A missão de Marcus e da sua nova equipa é expor a Blume e todas as empresas associadas, sabotando o sistema e angariando apoio para a sua causa.

Ao contrário do enredo em volta de Aiden Pearce no primeiro jogo, esta história é muito mais descontraída e com um tom bem menos sério. Sendo este grupo mais jovem e sem o tenebroso passado de Aiden, o tom acaba por ser mais de diversão, com uma cidade inteira à nossa mercê, qual parque de diversões. E é bem normal que as celebrações de cada vitória sejam nesse tom de descontração, com bebedeiras e outros abusos à mistura. Afinal, roubar um automóvel, abater guardas de uma empresa e roubar informação digital, fugindo à polícia, acaba por parecer banal e “apenas mais uma segunda feira”. Mas, hey, isto é um jogo. E muito divertido, por sinal.

Uma das coisas que mais gostei neste ambiente informal foram as inúmeras referências a ícones modernos de outros videojogos, do cinema ou da televisão. Há uma missão que nos levará a roubar um carro que em tudo parece o Pontiac d’ “O Justiceiro”, mas há mais. Referências a Star Wars, algumas directas, são frequentes, há uma loja inteira a parodiar a comunidade de Magic: The Gathering, há uma série de referências aos demais jogos da Ubisoft (claro), imenso gozo em volta das grandes corporações como a Apple ou Google e até referências a eventos recentes como a eleição de Donald Trump. Por vezes fica no ar a questão de como é que a Ubisoft deu a volta a algumas questões de direitos de autor. Mas, certamente, tudo estará salvaguardado. E cada nerd que está atento e sorri com uma ou outra referência agradece.

Para ajudar neste clima de descontração, temos as personalidades joviais de Marcus e dos seus colegas hackers. Wrench é o irreverente engenheiro mascarado que tem o sentido de humor mais geek que irão encontrar num videojogo, Josh é o crânio do grupo com um sorriso difícil e Sitara é a talentosa artista gráfica do grupo. Recém-chegado, Marcus age como um agente em campo para esta trupe, por isso, além dos seus dotes de hacker, também é exímio no Parkour, anda armado com toda a sorte de armas (letais ou não letais) e explosivos, além de gadjets como drones ou outros dispositivos de disrupção, como um computador portátil em que podemos hackear quase tudo.

Uma das diferenças que irão notar está no combate. Agora há muito mais incentivo a ser furtivo, sobretudo a infiltrar em edifícios. Graças aos drones, Marcus fará muitas coisas remotamente, recorrendo também a câmaras de segurança para entrar em espaços guardados e evitar olhares indiscretos. O hacking será muitas vezes automático, mas há pequenos puzzles para resolver, agora com recurso à realidade aumentada. Quando o combate é inevitável, podemos escolher armas não letais como um Taser ou uma “Bolas” (corda com uma esfera). Além disso, podemos criar armadilhas para distrair ou neutralizar inimigos. Mas quando o cerco se aperta, podemos levar connosco armas de fogo de diversos calibres, algumas até com cores garridas criadas em impressoras 3D.

E é mesmo na questão do combate que aponto o primeiro ponto negativo. No primeiro jogo, o foco estava mais no uso de armas de fogo para eliminar oposição. Neste título, dadas as ferramentas disponíveis, é bem mais recompensador atordoar os incautos que alvejá-los. Talvez por isso, todos os tiroteios parecem desinspirados, com Marcus a procurar cobertura e a lidar com inimigos cuja inteligência artificial deixa muito a desejar. E, apesar dos nossos melhores esforços, sermos detectados e atacados é demasiado fácil. O tempo de detecção é muito rápido e, logo a seguir, são chamados reforços. Estando cercados, somos obrigados a usar as armas de fogo e explosivos para defesa. Dado que este grupo se intitula “hacktivista” não parece fazer muito sentido ter de recorrer tanto à violência nas suas actividades.

Outro ponto negativo está, novamente, na condução. Há imensos veículos disponíveis por toda a baía de São Francisco, prontos a serem furtados e usados para nosso prazer. Infelizmente, a condução continua a não ser um forte nesta série, mesmo com uma nova opção de colocar a perspectiva ao volante. Tal como o primeiro jogo, os veículos possuem físicas e comportamento estranho, com especial destaque para a incrivelmente potente travagem. Um veículo consegue acelerar bastante a descer, por exemplo, mas trava em poucos metros, quase sem queimar pneus. E curvar com carros maiores é um suplício. Nem todo os veículos se comportam da mesma forma, mas no geral, a condução precisava de ser revista… outra vez. Felizmente, podemos sempre ignorar esta interacção e usar o eficiente sistema de Fast Travel.

Mas, não fiquem já desapontados. A Ubisoft ouviu a comunidade no que respeita às missões em jogo. Fossem principais ou secundárias, as missões do primeiro Watch Dogs eram extremamente repetitivas e sem grande desenvolvimento. Neste segundo capítulo, há uma maior diversidade de actividades. Sim, voltamos a ter pontos do mapa para descobrir, desta vez tirando “selfies” nos locais e as lendárias missões de escolta ou de entrega de veículos. Só que agora, estas actividades são pejadas de pequenas nuances e diferenças entre elas, tornando-as únicas. Há, mesmo assim, alguma repetição, mas nota-se o esforço da produção em não encher o jogo com “palha”.

À vossa disposição no smartphone que também age como menu de jogo, terão inúmeras missões e actividades para descobrir. Desde as diversificadas missões do enredo principal que vão desde sabotar uma grande corporação, invadir uma casa de luxo, expor uma igreja que nos faz lembrar a da Cientologia, roubar o tal carro que nos faz lembrar o KITT de Knight Rider, não irão ficar aborrecidos com mais uma missão genérica de vingança de Aiden Pearce no primeiro jogo. Além disso, há inúmeros desafios e coleccionáveis para descobrir. Algumas missões são realmente estranhas, como fugir à polícia num carro telecomandado ou procurar um robot que decidiu fugir, mas acabam por ser quase todas divertidas e únicas.

E se estiveram atentos às imagens e vídeos promocionais, não ficarão indiferentes à qualidade visual deste jogo. Analisei Watch Dogs 2 na sua versão PlayStation 4 Pro em toda a sua glória 4K. Fiquei, de facto, impressionado com os cenários coloridos e vibrantes, de uma cidade cheia de contrastes, desde as colinas icónicas da baixa de São Francisco, aos polos tecnológicos da Sillicon Valley. Embora muitos locais sejam modificados para efeitos de jogabilidade, comparados com o local real mostram muitas reproduções fieis de Frisco. Já lá vai um tempo desde que a Ubisoft se aventurou por esta cidade no lendário jogo Driver: San Francisco, mas nota-se o carinho especial por esta cidade icónica, até nos escritórios da empresa reproduzidos exactamente na mesma rua.

De qualquer modo, gostava que houvesse uma maior fidelidade gráfica que encontramos em outros títulos de mundo aberto. Apesar não ser possível assinalar pontos realmente flagrantes a nível visual, nota-se que o intenso trabalho de optimização resultou em algumas faces e modelos genéricos repetidos (a mesma personagem repetida diversas vezes), por exemplo. E há algumas falhas de iluminação e sombras, além de pequenos erros de animações, já para não falar nas questões de física que, como já mencionei, afectam sobretudo a condução. É uma clara evolução técnica desde o sombrio primeiro jogo, no entanto. Há momentos de rara beleza, como observar a famosa ponte Golden Gate durante o pôr-do-sol ou conduzir pela colorida baixa da cidade à noite. Melhor que isto, só lá indo.

Um dos chamarizes deste jogo, assim como foi no primeiro, é a experiência online multi-jogador. Regressam as célebres invasões de sessões alheias que já eram possíveis de realizar, onde podemos roubar recursos a outros jogadores através de hacking (e vice-versa). O “roubo” será apenas de seguidores da nossa causa, uma espécie de pontos de experiência que ganhamos para evoluir. Contudo, agora também temos determinadas missões cooperativas para realizar. Além de missões de exploração e hacking, há também operações assimétricas de caça ao homem (1 v 3) para jogadores que causem demasiado caos em jogo. A ideia seria entrar e sair do modo PvE e PvP de forma suave e sem cortes.

Contudo, até à data da criação desta análise, este serviço esteve intermitente. Ora esteve disponível mas com imenso lag e cortes pontuais, ora completamente indisponível. Esta situação levou a que a Ubisoft tivesse desactivado temporariamente o matchmaking dos modos online até lançar uma correcção para estes erros. Só esteve disponível o modo cooperativo em que podemos convidar amigos para jogar em missões. Acredito que esta forma de jogar seja a oferta mais entusiasmante e sirvam para contrastar com as demais missões a solo. Até porque há actividades exclusivamente online no modo carreira. Espero que a Ubisoft traga uma correcção em breve.

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Veredicto

Todos os que receavam que esta fosse uma repetição da primeira experiência, descansem. Watch Dogs 2 (ou Watchdogs 2, como preferirem), é uma evolução positiva do primeiro jogo. Não é perfeito, contendo alguma indefinição na acção furtiva ou directa, com tiroteios e condução a precisarem de algum trabalho e era bom que a Ubisoft tratasse de lhe dar um pouco mais de realismo visual. Não deixa de ser uma enorme aventura cheia de cor, de imenso humor e referências de fazer sorrir qualquer um. Além disso, com tanto para fazer de forma descontraída, não ficamos com tanto peso na consciência. Até podemos fazer festas a cães e toda a gente sabe que, se querem boas referências para um jogo, coloquem cães. Mas não os referenciem nos títulos, ok?

  • ProdutoraUbisoft
  • EditoraUbisoft
  • Lançamento14 de Novembro 2016
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroAventura
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • (Pouca) Inteligência Artificial
  • Tiroteios desinspirados
  • Condução demasiado sintética

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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