UnderSiege

Análise: Under Siege

Costuma-se dizer que “o que é nacional é bom!” e com muita legitimidade, diga-se! De um modo geral, os produtos que adquirimos lá fora não merecem tanto apreço como os nossos. Chamem orgulho patriota, se quiserem, mas é mesmo assim. Geralmente, porém, se não é futebol ou política, pouco ligamos ao que cá se faz e é preciso virar essa tendência.

Do Norte de Portugal, mais precisamente do Porto, a Seed Studios idealizou e concebeu um grande projecto de levar à Playstation Network um exclusivo que prometia elevar Portugal ao nível da produção de videojogos.

Under Siege (não confundir com o célebre filme de Steven Seagal) surge como um ambicioso jogo de estratégia em tempo real (RTS – Real Time Strategy) com uma inteligente integração com o Playstation Move e com muita criatividade e humor à mistura.

Vítima da célebre queda da Playstation Network, foi sucessivamente adiado, até que finalmente foi lançado e até beneficiou de uma promoção especial para todos os que aderiram ao Welcome Back Program com um desconto significativo (de 14,99€ para 8,99€) para incentivar a sua compra. 

Por quem sois?

A estória do jogo é simples e é explicada numa excelente sequência cinemática. Em épocas medievais uma enorme ameaça paira no Reino e um conjunto de heróis jura não só investigar como rechaçar esta ameaça com a força da espada. Nada de novo por aqui. Mas também não será a estória do jogo que vos vai cativar, já que de imediato somos colocados no palco da acção e introduzidos ao interface do jogo através de um simples tutorial.

De imediato salta a vista que este é um jogo que exige dedicação. Na busca por um interface inteligente com o DualShock 3 ou PS Move, a Seed Studios obriga-nos a decorar comandos e lógicas de jogo totalmente de novos em comparação com outros jogos do género. Mas não se assustem. Alguns minutos no tutorial e nas ajudas que mais à frente o jogo oferece, tem tudo o que precisam para serem mestres no arco ou na espada!

A jogabilidade é simples com comandos do pad/move simplificados com um tecla que serva para mover e para atacar, mas depois com outros conjuntos de teclas para ataques especiais, dependendo das personagens que comandamos. Os soldados são divididos em classes que se agrupam em pequenas secções para mais facilmente comandarmos.

A acção decorre numa visão oblíqua vista de cima que pode ser percorrida na sua extensão, rodada, aproximada ou afastada usando os comandos analógicos, ajudando à percepção do que se passa à nossa volta.

Infelizmente existe uma tendência mais virada para a acção. Não há construção de edifícios, erguer de acampamentos ou muralhas. A acção na depende dos nossos dotes de engenharia mas sim da capacidade de liderança.

O pouco trabalho de recrutamento e treino é feito numa espécie de introdução que não confere numa vantagem estratégica real excepto a treinar soldados, reforçar as fileiras ou evoluí-los a troco de moedas. Convém dizer que este processo é um pouco confuso e com pouca informação e requer alguma repetição para perceber, sobretudo quando por acidente desmobilizamos um soldado e já não o conseguimos recuperar por falta de moedas.

Vede que belo!

Além da excelente cena introdutória que já mencionámos com excelentes gráficos dignos dos melhores filmes de animação, o jogo apresenta-se bastante polido e com muito trabalho de embelezamento pelo meio.

Os mapas, o grafismo propriamente dito, está muito bem concebido com as limitações que os RTS oferecem por obrigar a aberturas de grandes ângulos com imensos detalhes pelo meio. Os efeitos visuais do sol e da lua, das nuvens que transitam pelo mapa lançando a sua sombra e tantos outros pormenores conferem uma dose de realismo interessante e envolvente.

Uma nota positiva para as animações das personagens, algumas bastante cómicas com um elevado interesse dos programadores em tornar as personagens vivas e não tão sintéticas como é normal.

De notar que há uma enorme comicidade pelo meio com algumas personagens a fazer-nos sorrir, como o canhoeiro que lança um riso Maléfico quando explode inimigos ou o soldado solitário que passa por nós a correr a gritar para aparecer mais à frente morto pelo inimigo.

Apenas não gostámos das cenas que servem de introdução. Foram usados desenhos com background estáticos e uma simples barra de texto por baixo. Um método datado e que denota que não houve trabalho de vozes no jogo. Mesmo com diálogos bem conseguidos e a roçar o cómico, achamos que perde o interesse num jogo mais virado para a acção. Mas depois recordamo-nos do tipo de jogo que é, um jogo simples da PSN e damos o desconto. Além disso, os desenhos conferem um toque artístico singular.

Sempre podem carregar na cruz rapidamente e passar os diálogos…

Lutai pela vossa Honra!

O jogo oferece à partida dois modos principais: A solo, com o modo de campanha cujo enredo já explicámos e o modo multi-jogador com desafios contra outros jogadores de todo o mundo.

O modo campanha, como seria de esperar, possui vários níveis de dificuldade e segue o enredo principal do jogo oferecendo uma excelente oportunidade de dominar as ferramentas e o interface de modo a chegarmos ao online mais preparados. Para isso contribui a nossa evolução de carreira que também nos vai proporcionando mais unidades de combate diferente para conhecermos, sejam amigos ou inimigos, cada um com as suas características. Por exemplo, existem unidades que disparam projecteis de longe e precisam de ser comandas para longe da batalha. Para isso usamos os soldados que podem chamar os inimigos por insultá-los e assim deixar que as unidades que precisam de distância se afastem. É esta a realidade do RTS, lidem com isso.

Apenas uma nota curiosa sobre o nível de dificuldade. Sim, já dissemos que existem vários níveis para os mais ou menos experientes. Mas este jogo tem uma invulgar tendência para chegar a ser frustrante no modo a solo. Por vezes, surgem tropas inimigas em quantidades industriais saídas do “fog of war” (as zonas negras por explorar) de uma forma que podia ser só desafiante mas que se torna aborrecida e repetitiva. Se tivermos em conta que tudo transita para a batalha seguinte, tanto moedas como quantidade de tropas, ou matam tudo e todos para reunir dinheiro e mesmo que percam soldados recrutam novos ou simplesmente vão a combate nem que seja com um só soldado e a campanha torna-se impossível. Podia haver aqui um maior cuidado com este pormenor. Talvez um trabalho de equilíbrio da Seed que ainda tenha de fazer. A ver vamos.

No modo online pouco muda excepto a inteligência dos nossos adversários. O arranque é igual para as duas facções e o objectivo será derrotar o adversário tentando reunir o maior número de moedas possível. Como já dissemos a acção é mais directa que em outros RTS, mais virada para a acção e por isso mesmo, acaba por ser muito mais divertida e mais directa ao assunto. Online isto torna-se factor decisivo e notamos que houve um enorme esforço da Seed de tornar a experiência equilibrada entre as hordas.

A existência de tabelas de performance também ajudam a tornar o modo competitivo mais interessante e prolongar o interesse no jogo. De notar que online também existe um patriotismo curioso que se torna divertido. No nosso caso a recriação da Batalha de Aljubarrota soube como mel, sobretudo porque tal como a Padeira, expulsámos os invasores Espanhóis. Impagável.

Este mapa, meu caro, é meu!

Sim, leram bem, a Batalha de Aljubarrota. É que Under Siege ainda se pode tornar maior e mais interessante se usarem a magnífica ferramenta que complementa os dois modos de jogo.

Trata-se do Editor de Mapas que vai fazer as delícias dos que possuem veia criadora. O conjunto de ferramentas do editor é completíssimo para criar os mapas com a mesma qualidade dos mapas por defeito do jogo.

Elevações de terreno, obstáculos, edifícios, decoração, flora, etc. Tudo está presente para perderem umas valentes horas a criar mapas. Podem ir do mais frugal campo relvado ao mais detalhado Canyon nevado. De dia, de noite, com inúmeras condições, acompanhadas com todos os efeitos sonoros soberbamente concebidos.

Mas há mais! Além do mapa personalizado, podem dar vida a missões específicas para online ou offline por até mesmo criar as cenas de introdução! Assim criam missões inteiras com o vosso mapa e podem até mesmo criar a vossa campanha, bem mais interessante e, como no nosso caso, com alguma História pelo meio.

Sem dúvida a melhor adição do jogo, que nos perdoe a Seed que tanto se esforçou no modo campanha e nos seus mapas. Mas o editor é o que mais apreciamos no jogo!

Veredicto

Com uma integração perfeita com o PS Move, com umas ideias inovadoras como a integração com o XMB (menu da PS3) permitindo ouvir músicas gravadas na consola durante o jogo, por exemplo, com o excelente editor de mapas e muitas horas de diversão na campanha com cinco capítulos e quase infinito online.

Não é um jogo perfeito, mas é um grande começo para a Seed Studios que a passos largos se transforma numa produtora de renome, agora a lutar ombro-a-ombro com os gigantes da indústria.

Deveras o que é nacional é mesmo bom. Under Siege, confirma esta máxima! E agora queremos mais!

  • ProdutoraSeed Studios
  • EditoraSony Computer Entertainment
  • Lançamento2 de Junho 2011
  • PlataformasPS3
  • GéneroEstratégia
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Campanha repetitiva
  • Alguma confusão no interface
  • Dificuldade exagerada

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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