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Análise – Two Point Campus

Lembram-se de Two Point Hospital? O pequeno jogo de estratégia ganhou uma autêntica legião de fãs em pouco tempo, com a sua simplicidade e engenho. Two Point Campus é a sua continuação, agora mais colegial.

Antes de mais, um esclarecimento. Two Point Campus foi lançado no início deste mês mas, por motivos que nos são alheios, não nos foi facultado o acesso nessa altura. Só mesmo nos últimos dias tivemos o devido acesso para análise e é por isso que também só agora temos aqui a nossa impressão do jogo. Não é muito comum que façamos isto, já que, normalmente, passando o período de lançamento, o interesse em ler uma análise é quase nulo. Contudo, achamos que, nem que seja pelo sucesso do jogo anterior nesta série, este título merece a vossa atenção e é por isso que publicamos a análise com o seu atraso.

A fórmula é praticamente a mesma de Two Point Hospital, pelo que não creio que seja necessário voltar a explicar tudo detalhadamente. Este é um jogo de construção e estratégia em tempo real, onde vamos criando salas em edifícios e adicionando objectos para o utilizados da inteligência artificial usar o espaço e financiar a operação. Neste caso, não é um hospital mas um campus universitário. Pelo que o intuito é satisfazer os estudantes com as melhores condições possíveis, mantendo o orçamento controlado e as opiniões favoráveis, na medida do possível.

Para isso, temos de apostar em ouvir a comunidade e o staff. Contratar  e gerir professores, ajudantes ou contínuos é um acto constante, assim como escutar a sua opinião sobre o que faz falta e o que a universidade precisa para melhorar a oferta. Também é importante ouvir as opiniões dos próprios estudantes, obviamente. Contudo, há que saber decidir o que é realmente importante e o que é supérfluo ou que pode não ser prioritário, já que a avaliação da nossa prestação como reitor é constante. As decisões erradas podem levar a problemas e mesmo ao despedimento.

Para além deste aspecto de gestão, os jogos dos Two Point Studios também apostam numa componente criativa. Embora as opções de personalização sejam um tanto limitadas, há muito para escolher a nível de decoração nas salas e espaços. É óbvio que este não é um simulador de decoração mas até permite muitas escolhas, nem sempre consensuais. Curiosamente, nunca senti que as minhas escolhas influenciassem a opinião geral. Alguns podem não gostar, de facto, das minhas escolhas mas não senti que fosse algo influenciador. Por isso, dêem largas à imaginação.

Algo diferente de Two Point Hospital é o espaço exterior. Obviamente, não podíamos abrir uma sala de cirurgia no jardim mas aqui é possível abrir espaços didáticos e lúdicos no exterior, criando um verdadeiro campus universitário. A expansão do edifício principal, como no jogo anterior, está limitada em espaço alocado, pelo que não esperem grande expansão em terrenos pequenos. Isto está associado a uma limitação que já irei falar mais abaixo. Mesmo assim, as actividades ao ar livre são do interesse de todos e geram maior satisfação na apreciação geral.

Os cursos disponíveis são, como podem imaginar, engenhosos. Cada um abre vagas para mais estudantes, permitindo construir mais salas dedicadas. A sala de culinária, por exemplo, tem de conter uma bancada com um enorme bolo no centro mas pode ser decorada com vários outros objectos. Não achei que esses objectos adicionassem muito valor aos cursos, parecendo estarem lá mais para “encher” a vista, que propriamente para enriquecer os cursos em si. O mesmo acontece com outras salas mais administrativas, como os dormitórios ou bibliotecas, favorecendo mais uma uma lógica de capacidade que decoração.

Tal como no jogo anterior, tudo tem um tom cómico, pelo que nada deve ser levado a sério. Mas, talvez por isso, sou levado a questionar o conceito em si. É que, mesmo cómico, gerir um hospital e todas as suas especialidades e dificuldades, consegue ser mais divertido que uma universidade. Talvez por isso, torna-se algo aborrecido, parecendo que o elemento da repetição se instala bem mais rápido que em TP Hospital. Ah! E também achei que a realidade aqui caricaturada não é muito familiar fora dos Estados Unidos, onde os campus são autênticas colónias de férias. Enfim.

Esperava que os Two Point Studios aproveitassem este segundo jogo para rever vários pormenores que estavam aquém no jogo anterior. Por exemplo, que fosse possível construir em altura. Entendo que os hospitais possam ser concebidos num só piso para facilitar a circulação (nem é uma realidade nos hospitais modernos, mas pronto). Agora, não há justificação para uma universidade ter um só piso para funcionar. Limita bastante o que se pode fazer, havendo escolas com pisos próprios para cada curso, por exemplo. Era uma boa ideia mas não a podemos recriar aqui.

Por outro lado, a produção achou que era preciso complicar o interface com uma série de novos ícones, menus e sub-menus que achei francamente desnecessários. Um dos elementos que mais jogadores atraiu para TP Hospital foi mesmo a sua simplicidade de operação. Aqui, parece que a equipa de produção simplesmente achou que, para tornar o jogo mais desafiante, há que complicar a forma de fazer as coisas. Não há defesa possível nesta estratégia, mesmo que o intuito fosse modificar a oferta para não parecer um clone do primeiro jogo. Parece na mesma.

E não havia mal nenhum parecer um clone do primeiro jogo com outro tema. Estou certo que os fãs gostariam do mesmo tipo de jogo com uma nova temática que fosse igualmente interessante. Só que, como já disse, a repetição chega cedo e há uma clara diferença na dificuldade. Enquanto que no jogo anterior tínhamos desafios interessantes, especialmente nas urgências, com uma passada mais rápida, TP Campus não tem o mesmo desafio no geral. Chega a ser demasiado fácil, quanto a mim, chegar ao nível máximo da escola de magia.

Por fim, o grafismo. Mais uma vez, também não é com este jogo que vão puxar pelo hardware do PC ou das consolas onde foi estreado. O grafismo combina bem com o tom humorístico, criando o tal visual estilo banda-desenhada que a produção tem vindo a aperfeiçoar. A nível de performance, testando na versão PC, não tive nada a assinalar porque também não há aqui desafio nenhum, mesmo para quem tem hardware mais modesto. É cumpridor, até na sonoridade… onde talvez queiram desligar o rádio escolar ambiente ao fim de um tempo.

Veredicto

Gerir uma universidade não é bem tão energético como gerir um hospital. Falta-lhe o ritmo que sentimos no jogo anterior e que lhe confere também a sua dificuldade adaptativa característica. Em Two Point Campus, embora o visual e o conceito geral sejam, de facto, semelhantes, temos um jogo mais pausado, menos divertido, mais repetitivo e com uma inexplicável complexidade no interface que não lhe faz favores. Seja como for, os fãs de Two Point Hospital têm aqui um regresso à fórmula de sucesso, mesmo que seja menos inspirado.

  • ProdutoraTwo Point Studios
  • EditoraSEGA
  • Lançamento9 de Agosto 2022
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroEstratégia
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Mais repetitivo que o antecessor
  • Pouco desafio no geral
  • Menus desnecessariamente complicados
  • Faltam pisos nesta universidade

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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