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Análise – The Walking Dead: The Final Season (Ep.3: Broken Toys)

Tal como acontece com os zombies na série de televisão, também a produção desta aventura gráfica de The Walking Dead foi ressuscitada, depois da sua produtora original declarou falência. Resta-nos saber se temos aqui um zombie ou a revitalização que os fãs mais queriam.

Quanto todos menos esperavam, a Telltale Games encerrou os seus estúdios de forma abrupta. Demitiu mais de duas centenas de funcionários e cancelando praticamente todos os seus projectos, tanto actuais como futuros. Entre eles estava a conclusão desta série The Walking Dead, então com apenas dois episódios lançados. No entanto, o próprio criador da série televisiva, Robert Kirkman, resolveu dar continuidade à produção deste jogo, com a ajuda da sua empresa Skybound Entertainment. E com este resgate podemos finalmente concluir a jornada de Clementine.

Antes de analisarmos este episódio, é preciso uma retrospectiva. The Walking Dead: The Final Season é a quarta temporada e, muito provavelmente, a última aventura que teremos com a fórmula que a Telltale Games deu início. Esta temporada contêm 4 episódios. O primeiro foi lançado em Agosto de 2018 e marcou o regresso de Clementine e A.J. como personagens jogáveis. Em relação à temporada anterior, apresentou uma nova perspectiva câmara e alguns acontecimentos aleatórios para tornar cada passagem única.

Como tal, este é um daqueles títulos que evitamos ao máximo contar partes da história, não só para não estragar a experiência, mas também porque cada aventura é única e depende das escolhas de cada um. Para que possam desfrutar o máximo desta análise tenho de incluir breves spoilers sobre a história dos dois episódios anteriores nos dois parágrafos seguintes. Esta é mais que uma simples análise ao terceiro episódio. Como só agora tomamos contacto com o título, tivemos de jogar na sua inteireza até aqui chegar.

Nos episódios anteriores, a jovem sobrevivente Clementine acaba por se refugiar do mundo horrível em que vive, com um grupo de adolescentes que montaram um acampamento numa escola abandonada. Na experiência que adquiriu ao longo dos anos da sua jornada (nas temporadas anteriores), Clementine vê-se forçada a tornar-se numa líder deste grupo. Ao mesmo tempo, tenta proteger todas as crianças, principalmente, Alvin Junior, um rapaz órfão que pode ser o que ela tem de mais próximo de uma família.

Lá pelo meio, Marlon, um dos adolescente do grupo, vendeu duas crianças em segredo a um grupo rival. Uma das crianças desconfiou das suas intenções e ao confrontá-lo com a acusação acabou por ser morto. Sem qualquer justificação para o terrível acto, Marlon tenta incriminar Clementine, mas A.J. acaba a disputa com um tiro mortal em Marlon. Este incidente leva à expulsão da Clementine e A.J. do grupo. De volta ao mundo pós-apocalíptico, os dois são forçados a a fugir de um grupo de invasores liderados por Lilly, uma personagem que remota para a primeira temporada da série. Ao conseguir escapar com a ajuda de um ex-whisperer, tentam regressar à escola para alertar da iminente invasão.

Recomendo vivamente que não comecem a jogar esta série por aqui. No início há uma breve recapitulação para nos relembrar tudo o que aconteceu nas temporadas anteriores, mediante ilustrações. Contudo, nada ultrapassa a experiência de jogar todos os títulos The Walking Dead da Telltale antes de chegar aqui. Não só irão ver uma clara evolução na forma com o estúdio foi contando a história, como houve importantes avanços técnicos, que não podemos abordar aqui na totalidade. A ideia é que a TT foi das melhores produtoras a contar histórias profundas e comoventes. Há até quem diga que o seu fim surgiu por terem fugido exactamente desse registo com algumas séries paralelas.

O episódio 3 começa com Clem e A.J., em conjunto com os restantes alunos, a tentar resgatar os seus amigos. O grupo de invasores instalou-se num barco abandonado e Clem tem um plano para se infiltrarem durante um invasão de Walkers, invasão essa, provocada por eles próprios. A relação dos dois protagonistas continua a ser o grande foco da história, que se torna tão afectiva e emocional como desde a primeira temporada. Este episódio irá mostrar que algumas das decisões no passado de Clem, feitas em episódios anteriores, podem agora ter consequências que não eram esperadas.

Desde o início, somos encarregados de difíceis escolhas morais e não podemos esquecer que A.J. está sempre a observar Clem. Essas escolhas, não só irão mudar o rumo de Clementine, como também afectar o futuro e as acções do rapaz. A sua evolução continua a segurar-nos à cadeira, com a sua mentalidade assassina tão perigosa como uma bomba-relógio, pronta a explodir a qualquer momento. Estas escolhas deste episódio são, talvez, as mais difíceis que já fizemos ao longo da série. E acredito que terão ainda mais relevância no final deste última temporada.

Todas as outras personagens recebem os seus próprios momentos que ajudam-nos a conhecer melhor cada uma delas, desde a agressiva Violet, até ao mimado Willy. De forma geral, a fórmula parece-me intacta. Todos os elementos unem-se para criar uma história bem conseguida e ao nível do que a Telltale nos habituou, cheia de momentos inesperados e decisões difíceis. Em termos de acção, há também bons momentos e outros momentos menos bons que nos levam a passar em áreas pequenas e fechadas onde não podemos nem matar um único walker.

Na parte técnica, mesmo usando todo o material original dos jogos anteriores da autoria da Telltale, existem alguns factores que considero pouco satisfatórios. Os frame drops são comuns e existem alguns erros com a iluminação, sendo esses os problemas mais comuns numa série de pequenos bugs. Recordo que em outros jogos da Telltale, o motor gráfico estava já a dar sinais de desgaste notório. Ou a empresa remodelava o motor gráfico ou ficaria em apuros.

Artisticamente, porém, este episódio dá continuidade à imagem única desta série, como nada tivesse acontecido nos bastidores, na realidade. Também a prestação do actores que emprestam a voz dá seguimento ao que a série já nos tinha habituado. Os erros que menciono acima, em nada comprometem a experiência em si. E não é nada que algumas actualizações não possam corrigir no futuro.

Em termos de jogabilidade, porém, nota-se que este episódio nos dá pouca liberdade de exploração, comparando com os episódios anteriores. Também me pareceu com menor duração. A ideia que fica, é que a produção teve pouco tempo para limar arestas, usou o que já tinha sido feito e compilou tudo numa experiência jogável, mas com menos “miolo”. É como um rematar meio apressado da história que, espero, valha mesmo acabar.

Veredicto

Acredito que tenha existido alguma pressa na produção deste episódio mas, em conclusão, The Walking Dead: The Final Season Episode 3 oferece ainda uma experiência emocionante com escolhas e acções que determinam todo o curso da sua história. E mesmo com as suas falhas, revela-se uma continuidade bem conseguida com toda a série, incluindo esta temporada. Ainda não sabemos como a Skybound pretende terminar esta história, mas está num bom caminho. Mal podemos esperar pelo episódio final que tem data de lançamento marcada para o próximo dia 26 de Março.

  • ProdutoraSkybound Entertainment
  • EditoraSkybound Entertainment
  • Lançamento12 de Janeiro 2019
  • PlataformasPC, PS4, Switch, Xbox One
  • GéneroAcção, Aventura
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Acção algo desiquilibrada
  • Tecnicamente o motor gráfico acusa idade

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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