ThePathless_PS5

Análise – The Pathless

Quando recebemos uma nova consola, queremos obviamente ser arrebatados por visuais de encher as medidas, em experiências puramente baseadas no deslumbre. Há, contudo, pequenas pérolas que podem ser ofuscadas por esse preconceito. É o caso deste pequeno grande título, The Pathless.

A Giant Squid já antes me tinha surpreendido com um jogo que também não me parecia nada de especial. Contudo, todos os que jogaram Abzû concordarão que foi um jogo surpreendente, mesmo dentro da sua simplicidade de jogo e de visual. Na altura, disse que esse jogo era “como uma enorme pintura em movimento”, mesmo que depois falhasse em dar-nos “um objectivo claro ou em oferecer algum desafio real”. Parece que a produção nos ouviu e, quatro anos depois, traz-nos aqui uma nova aventura que parece riscar uma lista de faltas no jogo anterior. Estamos bem longe das profundezas do mar.

Neste jogo, controlamos a Caçadora (Hunter), que tem de procurar uma cura para uma maldição na sua ilha. Para isso, usa o seu arco e a sua destreza para disparar sobre talismãs, encher a sua barra de movimento e navegar elegantemente pelo mundo. A ideia é levar cristais de luz até uma série de obeliscos que enfraquecem os espíritos malignos. Como companhia, tem uma fiel águia que cedo se junta à caçadora na sua busca. Só que os tais espíritos estão constantemente a tentar separar os protagonistas e a dar cabo dos planos da Caçadora. Assim, esta precisa de ser furtiva ou perde os seus cristais.

De um modo geral, este é também um jogo com uma enorme aposta em algo mais relaxante, mesmo que tenha uns quantos elementos de acção mais “mexidos”. A história, tal como em Abzû, é apenas um ponto de partida, sendo uma trama desprovida dos vulgares elementos narrativos mais comuns. Para dizer a verdade, a história é francamente básica, esperando a nossa própria interpretação. Por isso, não esperem grandes portentos narrativos. Até porque não perde muito tempo para meter-nos a jogar.

Temos aqui um jogo de plataformas na terceira pessoa, com uma lógica de puzzles e, de certa forma, alguma exploração. Já vimos muitos jogos com esta fórmula, uns mais populares que outros. Aqui, o que torna esta aposta tão única, são as mecânicas de movimento. Se dominarmos a técnica de alvejar os talismãs e usar o “dash” para nos locomovermos, vamos encontrar um ritmo interessante de jogo. Exige alguma perícia em algumas secções mas o movimento rítmico chega a ser entusiasmante e agradável.

Também a interacção com a águia é uma adição interessante à jogabilidade, com a ave a ter um papel preponderante, podendo até transportar-nos por momentos, buscar objectos importantes ou ajudando-nos na solução de alguns puzzles. Não é apenas mais um companheiro animal que nos segue, felizmente, tem mesmo uma intervenção na acção. E há um cuidado na sua construção, especialmente na constante lembrança que o animal depende de nós e como cria um laço profundo com a Caçadora.

No “miolo” do jogo, apercebem-se que todo o aspecto “zen” é quase posto de lado para dar lugar ao verdadeiro desafio do jogo. Sim, temos muitos puzzles para puxar pela “massa cinzenta”, mesmo que os ache por vezes um tanto simples demais. Mas, se nos primeiros instantes o jogo até demora um pouco a “acelerar”, lá mais para a frente começa o grande destaque. Não irei estragar a experiência para os que ainda o vão jogar, mas acho que os bosses que vamos encontrando é que nos testam. Estes são momentos desafiantes e engenhosos… e mais não digo.

Este não é um jogo muito longo, sendo possível concluí-lo numas 5 horas, sem grande pressa para o terminar. Fiquei sempre com a sensação que “não vi tudo” ou faltou qualquer coisa por explorar, algo que é exacerbado pela ausência de miras de orientação ou algum mapa de jogo. Já sabem, portanto, porque é que este jogo tem o título que tem. Estamos, de facto, sem rumo, procurando a nossa orientação de forma aleatória. Entendi logo que era esse o intuito, mas, de certa forma, causa alguma desorientação genérica. E o fim surge algo de surpresa, com o constante movimento a dar uma sensação de termos passado tudo de forma apressada.

Um elemento que gostei muito, claro, foi do visual. É certo que este não é um daqueles títulos mais vistosos que menciono no início, normalmente nas preferências dos jogadores. Na PlayStation 5 onde joguei, não tive efeitos hiper-realistas, Ray Tracing ou outra das novas tecnologias que temos visto promovidas nas novas consolas. Ainda assim, fiquei honestamente impressionado com a beleza deste jogo.

Este é um título que aposta no simplismo também no visual. Contudo, embora não tenha modelos ou texturas foto-reais, tem animações absolutamente fantásticas, com alguns efeitos realmente bem concebidos e elegantes. E, claro, a velocidade da consola também faz maravilhas nos tempos de carregamento de um jogo tão “leve”.

Outro destaque importante na PS5, já sabem, é o fantástico comando DualSense. Muitos dos movimentos e acções da Caçadora possuem a devida imersão adicional, graças ao feedback háptico e aos demais pequenos pormenores técnicos do comando. Acreditem que, mais uma vez, este dispositivo é parte integrante da experiência.

Veredicto

The Pathless é um jogo de enorme beleza, sem nunca procurar o deslumbre fácil. É também um título desafiante, embora nunca nos coloque dificuldades excessivas. Disfarça-se bem de jogo para relaxar, mas sabe despertar a nossa urgência para não perder os cristais e voltar a algum checkpoint de mãos vazias. É um excelente título alternativo, daqueles jogos que, amiúde, nos fazem descompensar, dando-nos a liberdade para seguir caminho. Afinal, sempre nos disseram que “o destino não existe” e que o nosso caminho é criado por nós…

  • ProdutoraGiant Squid
  • EditoraAnnapurna Interactive
  • Lançamento17 de Novembro 2020
  • PlataformasiOS, PC, PS4, PS5
  • GéneroAventura, Plataformas
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • História algo simples
  • Um pouco curto

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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