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Análise: The Elder Scrolls Online (PC)

O acto de entrar por uma masmorra a dentro parece diferente quando acontece num Elder Scrolls e agora podemos fazê-lo na companhia dos nossos amigos. O WASD andou pelas betas, stress tests e ainda esteve no acesso antecipado só para vos contar o que achámos deste novo MMO da Bethesda.

Esta primeira incursão no mundo dos MMO da clássica saga da Bethesda acontece cerca de mil anos antes de The Elder Scrolls V: Skyrim, e há volta de 800 anos antes de Morrowind e Oblivion, e coloca Molag Bal, um Príncipe Daédrico, como o principal antagonista de The Elder Scrolls Online. É por entre os seus esquemas de unir o mundo de Oblivion com Tamriel que a narrativa se desenvolve.

Este é o título da série Elder Scrolls com a maior dimensão de território disponível do continente de Tamriel para explorar. Ao todo são nove as zonas que podemos visitar incluindo: Alinor, Elsweyr, Valenwood, High Rock, Hammerfell, Bleakrock Isle (Skyrim), Black Marsh (Morrowind) e Cyrodill (a enorme zona que mistura elementos de PvP e PvE). Os territórios, à excepção de Cyrodill onde o conflito é constante pelo domínio do trono imperial de Tamriel, são dominados por cada umas das três alianças: a Aldmeri Dominion composta por Altmer, Bosmer e Khajiit; a Daggerfall Covenant composta por Bretons, Redguards e Orsimer; e a Ebonheart Pact composta por Nords, Dunmer e Argonians.

As quatro classes disponíveis são Dragonknight, Sorcerer, Nightblade e Templar. Se a primeira e a última são duas classes a fazer lembrar o Warrior, o Death Knight ou o Paladin de outros MMO’s, com acesso a resistentes armaduras apostando no poder físico, por sua vez, o Sorcerer e o Nightblade são classes mais frágeis no confronto directo mas nunca menos fortes por isso. O Sorcerer é uma classe baseada no uso de feitiços e cujo longo alcance é fantástico. Quanto ao Nightblade, é uma classe mais furtiva, que aposta nos ataques curtos e rápidos e que em muito se assemelha à classe Rogue de World of Warcraft.

Apesar de muito táctico, o combate de ESO assume contornos de um RPG de acção, como é hábito na saga Elder Scrolls, com base na relação entre defesa e ataque. A grande diferença surge na barra de skills, inexistente nos jogos anteriores e que aqui limita o jogador à utilização de apenas 6 habilidades de cada vez. Algo que muda a partir de nível 15, quando desbloqueamos a hipótese de usar uma segunda arma e, consequentemente, uma segunda barra de skills. Também a câmara na primeira pessoa está disponível, embora a preferência da maior parte das pessoas vá para a perspectiva na terceira pessoa (sendo ainda possível usar uma câmara na terceira pessoa ao estilo da saga Arkham de Batman com a nossa personagem a dominar o lado esquerdo do nosso campo de visão). A primeira alternativa acaba por limitar um pouco a percepção do que se passa à nossa volta e isso não pode acontecer num MMO, onde é obrigatório percebermos a colocação de todos os elementos no campo de batalha para não sermos surpreendidos.

Aqueles que bradaram aos céus quando viram, há poucos dias, os relatos de que já existia quem tivesse alcançado o nível máximo a 50 em menos de 24 horas, têm de compreender que esse jogador explorou lacunas do sistema de jogo que entretanto já foram corrigidas. Provavelmente, o jogador até acabou com a sua conta banida por infringir o código de conduta de ESO. Evoluir neste MMO co-produzido pela Zenimax Online e pela Bethesda é uma tarefa dura, que leva o seu tempo e que requer muita exploração em busca das missões. Por vezes, até em demasia, com muitos jogadores perdidos pelos mapa ou até outros a reclamarem porque se aventuraram para zonas de níveis mais altos do que deviam e acham o jogo demasiado difícil.

Afinal de contas, ESO é um jogo metódico, repleto de situações em que não devemos dar um passo maior que a perna. E não falo só de arriscar entrar em zonas muito acima do nosso nível. Também a árvore de capacidades merece uma atenção especial já que, de acordo com aquilo que escolhemos (raça, classe e papel em campo), temos uma série de elementos para desbloquear. Por isso, convém planear previamente aquilo que queremos ser e onde vamos gastar os nossos pontos, visto que não existem pontos suficientes para desbloquear tudo e é impossível sermos “pau para toda a obra”.

O sistema de missões introduzido em ESO não é novo no mundo Elder Scrolls, no entanto, chega a roçar o revolucionário quando falamos no género MMO. Já Star Wars: The Old Republic tinha tentado algo semelhante mas, mesmo com a enorme pujança da Bioware para construir boas narrativas, a campanha não foi acompanhada pela jogabilidade do título da EA. Felizmente, isso não acontece de todo com ESO e a campanha, as missões secundárias e todo o contexto que envolve este MMO caminha de mãos dadas, lado a lado, com aquilo que caracteriza e torna The Elder Scrolls uma saga clássica: uma envolvente narrativa construída a partir de um universo riquíssimo em lore.

Todo o sistema de quests é composto por missões onde as vozes de cada personagem estão sempre presentes. Nada de textos corridos, balões da fala ou expressões faciais mal conseguidas. The Elder Scrolls Online é um MMO PvE por excelência, do melhor que já vi e joguei. O mundo de Tamriel transpira vida, os bardos tocam música (algumas compostas pela youtuber Malukah), os ferreiros trabalham o aço e as vozes ecoam pelas ruas. Como se não bastasse, tudo aquilo que vamos fazendo tem impacto no mundo à nossa volta e é definitivo. Se salvamos uma aldeia de um ataque de uma aliança inimiga ou de uma praga, essa aldeia fica de facto salva. Normalmente não é isso que acontece num MMO e, mesmo que Guild Wars 2 tenha tentado também inovar nesse aspecto, o que foi aqui alcançado pela Bethesda é a derradeira experiência Player versus Environment em MMO’s com missões que, de facto, alteram o contexto onde jogamos. Sentimos que fazemos a diferença em Tamriel.

O sistema de crafting é, também ele, um dos principais aspectos de The Elder Scrolls Online assim como já acontecia em Skyrim. É certo que não precisamos de aprender determinada profissão de crafting para ir avançando no jogo, já que podemos ir apanhando armas e armaduras através das quests e das dungeons. Contudo, para alcançarmos o melhor e mais refinado equipamento, temos de explorar o potencial do crafting. Como hipóteses de profissões temos alchemy, blacksmithing, clothier, enchanting, provisioning e woodworking. Também aqui em ESO, o crafting funciona de maneira diferente de outros MMO’s visto que não ficamos limitados à escolha de apenas uma profissão, estando todas disponíveis a qualquer altura.

Embora Guild Wars 2 tenha tentado disfarçar a Santa Trindade dos MMO’s no que diz respeito aos papéis dos jogadores nas dungeons (tank, dps e healer), a verdade é que nunca foi muito bem sucedido. Talvez por esse passo mal dado da ArenaNet, a Bethesda nem sequer se tenha esforçado por inovar nesse campo e abraçou a forma clássica com a necessidade da presença da Santa Trindade dos MMO’s bem definida em cada dungeon. Já se sabe é que existirão sempre muitos mais jogadores dedicados ao papel de dps (damage per second) do que aqueles dedicados aos papéis de tank e healer. Por isso foi incorporado o sistema de Dungeon finder, remanescente daquele que revolucionou as idas a Dungeons em World of Warcraft e que facilita bastante a criação de equipas com objectivos comuns.

Esqueçam a pergunta que toda a gente faz quando quer jogar online com os amigos: “Em que servidor estás a jogar?” Aqui todos os jogadores jogam no mesmo servidor, embora num mundo que funciona por instâncias, já visto no primeiro Guild Wars, mas aplicado aqui de uma forma diferente. Ou seja, os efeitos que nós vemos no mundo de Tamriel depois de completar determinada missão são diferentes do que a outra pessoa vê se ainda for numa parte mais atrasada da mesma missão. Apenas ainda com os jogadores que tiveram acesso ao lançamento antecipado de ESO, o megaservidor EU tem-se portado às mil maravilhas sem qualquer lag ou break.

A opção por um jogo com base em subscrições não foi bem aceite pela comunidade e veremos a longo prazo os efeitos deste modelo financeiro em ESO. Actualmente, uma subscrição mensal de ESO está no 12.99€ mensais bem dentro da média dos jogos que adoptam este modelo. No entanto, tendo em conta tantos bons exemplos de jogos free-to-play ou buy-to-play, ver a Bethesda apostar em mensalidades parece arriscado. Certo é que muitos dos fãs da série nem sequer chegarão a tocar neste título por culpa deste facto e esta é uma situação a lamentar.

A região de Cyrodill continua tão grande como o era na quarta entrada da série, com diferentes cidades como Bruma ou Cheydinhal a que se juntam torres e castelos que se definem como locais ideais para os confrontos PvP de The Elder Scrolls Online. A vertente PvP disponível a partir de nível 10 faz lembrar o modo World versus World de Guild Wars 2. À entrada no mapa de Cyrodill, é concedida à nossa personagem o nível 50 até voltarmos para o PvE. Não obstante a semelhança, aqui o zerg rush (“todos ao molho e fé em Deus”), à boa moda coreana, não é tão incentivado como acontece no MMO da ArenaNet.

Embora muito épicas e repletas de acção, as batalhas PvP em massa de ESO não serão, com certeza, capazes de agradar a “gregos e troianos”. Será sobretudo uma experiência para todos aqueles que gostavam das castle sieges de Lineage 2 ou até mesmo de WvW no mais recente Guild Wars 2. Os fãs das arenas competitivas ou das batalhas entre guildas deverão procurar outro MMO. A falta de competitividade em ESO com base em rankings afastá-lo-á do mundo dos e-sports. Algo que, se não for introduzido no jogo a longo prazo, poderá tornar-se um erro desastroso para a Bethesda.

A versão online de Tamriel não podia deixar de vir acompanhada de uma excelente banda sonora que imerge o jogador no contexto Elder Scrolls. Cheguei a temer pela falta de Jeremy Soule na direcção da composição da banda sonora original. Um receio, no entanto, infundado já que as batutas de Brad Derrick e Rik Schaffer foram mais do que bem escolhidas para produzir uma das bandas sonoras mais memoráveis dos últimos tempos.

Veredicto

Desde o primeiro momento sentimos que estamos a jogar um Elder Scrolls com a grande diferença que, desta vez, estamos acompanhados por milhares de jogadores. A transição para o género MMO foi muito bem conseguida e está muito bem acompanhada por uma fantástica banda sonora que conseguimos ouvir durante horas a fio. No modo Player versus Player, as batalhas entre largos exércitos são fenomenais e alcançam o patamar do épico. No entanto, peca pela falta de competitividade ao nível dos e-sports. Este MMO assume-se como um jogo de Player versus Environment por excelência que agradará sobretudo aos fãs desta vertente do género MMORPG e que ficarão surpreendidos pela elevada qualidade do sistema de quests. Só o tempo dirá se a Zenimax Online e a Bethesda conseguirão alimentar o seu MMO com conteúdo suficiente para justificar a subscrição mensal. Por agora, o produto que chega ao lançamento justifica a sua compra por todos os fãs da saga, os fãs dos MMO’s e todos aqueles que se interessem pelo mundo de Tamriel.

  • ProdutoraZenimax Online Studios
  • EditoraBethesda Softworks
  • Lançamento4 de Abril 2014
  • PlataformasPC
  • GéneroMMO, Role Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Falta de PvP competitivo em arenas e confrontos de guildas
  • Subscrição mensal

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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