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Análise: The Division – Last Stand

Faz nesta altura um ano desde que recebemos The Division. Por isso, é oportuno que aproveitemos o lançamento do seu último pacote de conteúdos “Last Stand” para não só avaliarmos esse DLC como também analisar como foi o primeiro ano deste MMO de acção.

Convenhamos que há uma relação de amor/ódio com este jogo, como aliás existe para outros títulos recentes da Ubisoft. De facto, a produtora possui excelentes projectos (promissores pelo menos), que depois falham a médio/longo prazo. The Division foi alvo de dois enormes revezes: o excessivo hype que elevou demasiado as expectativas e a notória falta de capacidade da produção em acompanhar o jogo depois do lançamento. O resultado foi um ano atribulado, com muitos erros por corrigir, incapacidade de motivar os jogadores,  exploits e até banimentos que dividiram a comunidade. O êxodo foi assinalável, sobretudo no PC. Ao fim de alguns meses, servidores especiais foram criados para que a comunidade ajudasse a Ubisoft Massive rectificar os males do jogo. DLCs adiados e muitas patches depois, aqui está o primeiro ano deste The Division e há uma nova expansão para marcar a data.

Sejamos claros. The Division nunca foi bem um jogo original. Teve sempre um “piscar de olhos” a outros jogos do género, sobretudo a Destiny da Bungie. Seria de esperar que algumas da ideias pudessem ser aproveitadas para criar um bom MMO que cativasse os jogadores a permanecerem ligados. Para isso, a produção tinha planeado diversas adições de conteúdo, entre as quais três pacotes de DLC que adicionavam modos de jogo, áreas e novas mecânicas e equipamento. Contudo, ao contrário de Destiny, The Division não conseguia um ponto de equilíbrio que criasse algo memorável.

A promessa era que um jogo de mundo aberto teria um sistema de loot com níveis de raridade, acção cooperativa ou competitiva e um complexo sistema de crafting com progressão de carreira em duas frentes (PvE e PvP na Dark Zone). O que podia falhar? Bom, quase tudo. O equipamento e armas foram mexidos demasiadas vezes, o progresso era extremamente lento e o End Game não era motivador. Quando o grind chegava a um impasse, a produção alterou mecânicas e lógicas, descaracterizando o jogo quase todo. Repetição, aborrecimento, desorientação, desmotivação, não era isto que a comunidade queria.

As coisas começaram a mudar para melhor com os Public Test Serves (PTS) que permitiram à comunidade de PC ajudar a produção a perceber o que podia fazer para melhorar o jogo. Algumas medidas foram realmente positivas, como a organização de jogadores em divisões de perícia chamadas de World Tiers, efectivamente separando os causais dos “mais sérios”. Outras medidas não foram tão bem sucedidas, porém, como os inúmeros ajustes na Dark Zone. Quem jogou The Division em Março de 2016 e quer agora regressar para este último DLC “Last Stand” vai encontrar um jogo, para todos os efeitos, muito diferente, nem sempre para melhor. Será que este novo DLC é a peça que faltava? Vem a tempo de chamar de volta a massa de jogadores que, entretanto, já partiu para outros títulos?

Esta última expansão para o jogo, traz também consigo a Actualização 1.6 que, efectivamente, é o último grande teste de resistência para o título. Curiosamente, apesar da Ubisoft já ter admitido que a grande massa de jogadores prefere o ambiente cooperativo PvE, este DLC foca-se novamente num modo semi-competitivo. Não só cria esta nova área de combates TvT (Team Vs Team) como expande a Dark Zone para norte com novos sectores. Talvez não seja exactamente a adição de conteúdo que a maioria queria, mas a produção está determinada a devolver interesse ao modo multi-jogador, concedendo-lhe uma expansão de actividades, além do típico “free-for-all” da Dark Zone.

Basicamente, Last Stand pretende que os jogadores não se sintam alienados de cada vez que têm de lutar por loot raro contra todos à sua volta. Para isso coloca equipas de oito jogadores a lutarem entre si pela posse de terminais em pontos estratégicos, em jeito de captura de zonas. A equipa que conseguir manter o maior número de terminais por mais tempo, ganha o jogo. Pelo meio, as equipas terão de enfrentar também vagas de inimigos da IA. Estes, quando eliminados, oferecem pontos que depois podem ser gastos a erguer defesas como detectores de movimento ou torres de defesa.

Tudo isto com armas e equipamento nivelado, garantindo que todos os jogadores entram em jogo em igual patamar. Mas, não é bem assim. É que os bónus de estatísticas e cooldowns são efectivos e acumulam, não dando real equilíbrio, na verdade. Os mais aptos a fazer contas, vencem facilmente os que julgam que a perícia com as armas é que fazem a diferença. Basta uma boa combinação entre cooldowns reduzidos, buffs de habilidades e uso inteligente de perks.

E este modo de jogo com frentes tripartidas (dois grupos de jogadores e vagas de inimigos IA) acaba por sofrer de problemas crónicos que o jogo base já acusava. É também muito fácil usar o mapa do jogo para “tapar” equipas adversárias, ignorando a pretensa fluidez do desenho das secções. Uma equipa inteligente reúne-se nos pontos de estrangulamento dos mapas e consegue dominar todo o jogo usando o sistema de cobertura, armas especiais e habilidades. No outro lado, normalmente, os jogadores desistem antes da sessão terminar.

Desenho dos mapas à parte, porque isso pode sempre ser melhorado, o modo de jogo até parece ser interessante. No entanto, não creio que fosse esta adição conteúdo o que The Division precisava para recuperar a sua comunidade original. A maior parte das mecânicas e lógicas de equipamento, habilidades e de estratégia visam abordar inimigos da IA das missões de história ou nas insanas vagas das Incursions, como a que se estreia nesta actualização com o Estúdio 93. O jogo não está desenhado para abordar equipas inteiras de jogadores humanos que podem usar as mesmas habilidades uns contra os outros, efectivamente anulando-se.

O que o jogo precisava é de mais conteúdo de jogo. Mais zonas de acção, mais missões específicas, mais exploração, mais enredo… Uma adição que recicla áreas da Dark Zone com um modo falível que ninguém parece ter pedido, parece um tiro no escuro para um jogo com um passado recente muito pouco focado no online competitivo. O DLC Underground trouxe um pouco dessa variedade esperada e o DLC Survival adicionou uma interessante mecânica de sobrevivência. Mas este DLC não traz nada de realmente novo e interessante. E, pior, não está aprimorado ou equilibrado para que se justifique alguma dedicação dos mais assíduos.

Veredicto

Enquanto esperamos que uma inevitável segunda temporada para The Division chegue, a avaliação do primeiro ano deste MMO da Ubisoft foi, diria, pouco memorável. Este último DLC “Last Stand” podia ser uma “lufada de ar fresco” para um jogo estagnado e sem grande futuro aparente. Contudo, acaba por não impressionar na sua aposta num modo Team Vs Team que não parece equilibrado e também não adiciona nada de extraordinário ao online deste título. É só mais uma forma de obter mais loot, mas talvez não sobreviva após algumas horas de frustração de nem sequer conseguir sair da área de Respawn. Venha o segundo ano para este MMO de acção, porque este já passou.

  • ProdutoraUbisoft
  • EditoraUbisoft
  • Lançamento28 de Fevereiro 2017
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroMMO
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Não adiciona nada de novo
  • "Exploits" de habilidades matam sessões inteiras

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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