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Análise: SuperHot

Existem jogos de acção na primeira pessoa para todos os gostos. Mais realistas, mais tácticos, alguns até chegam a ser simuladores. Então e que tal um shooter que mais parece um jogo de estratégia e em que compensa parar para pensar? É assim SuperHot. Não só não se encaixa nos padrões, como é capaz de ter inventado um género completamente novo.

A acção neste jogo vai contra uma boa parte das premissas dos jogos de acção. O objectivo não é correr de arma em punho ou de cobertura em cobertura. Bom, na verdade até é, mas não da forma linear que estão habituados. Basicamente, SuperHot pretende que façamos tudo de forma pausada e pensada. A acção só se desenrola de cada vez que nos movimentamos. Podendo olhar em volta em qualquer direcção, o mundo fica parado até darmos um passo, disferirmos um golpe ou disparamos uma bala. Isto permite-nos estudar os adversários, trajectórias de balas, objectos no cenário e até caminhos possíveis. O objectivo do jogo é sobreviver e derrotar todos os adversários com armas, murros ou outra forma engenhosa de os destruir.

Com esta acção compassada, podemos desviar-nos de balas, esconder atrás de muros, apanhar objectos ou armas, antecipar golpes, etc. Na verdade, compensa muito fazer tudo isto lentamente, com pequenos impulsos, sobretudo em níveis mais avançados. Conforme vamos avançando no jogo, há missões em que estamos completamente rodeados de adversários e em que é preciso antecipar cada movimento e projectar o que fazer, como um complexo puzzle parado no tempo. É normal que até dominarem o jogo, vão morrer muitas vezes com um simples murro ou uma bala certeira. Não desesperem, apesar de terem de reiniciarem o nível, os pontos de respawn são incrivelmente rápidos.

São, ao todo, 32 níveis, cada vez com mais adversários e maiores zonas de acção. Por vezes a acção vai subindo de tom, ora com vagas de mais adversários, ora com armas mais poderosas à mistura. A ideia é fugir, apanhar objectos, disparar, esmurrar ou desviar de balas, sem nos mexermos muito. Tudo tem de ser pensado, porque por cada movimento deliberado, o inimigo pode disparar inúmeras balas ou correr na nossa direcção. E não vale a pena ignorar as mecânicas de jogo recordando o jogador de FPS que há em vocês. O jogo faz questão de vos surpreender com um adversário onde menos esperam. Observem e pensem antes de agir.

Lá mais para a frente, porém, o desafio sobe de tom com situações complicadas e quase impossíveis. Por exemplo, num elevador, desarmados e rodeados por inimigos armados com pistolas e caçadeiras… o que fazer? Uma combinação de saltos, desvios, murros e apanhar pistolas no ar pode solucionar rapidamente a situação. Mesmo que custe umas quantas tentativas. As armas possuem limite de balas e pode ser preciso usá-las como objecto de arremesso. Notem, porém, que as armas arremessadas também se destroem. Desde garrafas, ferros, espadas, até mesmo essas armas de confronto próximo têm um limite de utilização.

Em volta desta acção, há uma outra. O jogo propriamente dito, possui uma apresentação em menu a imitar o sistema operativo DOS. Neste ambiente, além de podermos carregar animações simples, há jogos e outros conteúdos gloriosamente recriados no que poderia ser um 286 dos anos 90. Aqui também decorre uma aparentemente simples conversa entre hackers em volta do jogo. A trama começa por dar a entender que um amigo passa o jogo a outro para ele experimentar. Lá mais para frente, porém, surge uma conspiração para tentar decifrar. Sem querer revelar muito do que se vai passar, digamos que é uma boa forma de contar uma história com dois paralelos, mesmo que pareçam algo dissociados.

Terminado o percurso do enredo principal com os tais 32 níveis, haverão mais uns modos de jogo para dominar com alguns desafios recriados nos mesmo níveis, além de um nível infinito com um grau de dificuldade crescente e teoricamente impossível de bater. Toda a acção que tenhamos, pode ser salva e carregada como replay, com uma opção simples de edição. É também possível vermos tabelas mundiais e compararmos a nossa prestação com os demais jogadores. Claro que tudo depende da nossa estratégia e é bem possível que sejam humilhados com tempos ridículos até aperfeiçoarem a estratégia em cada nível.

Por fim, resta-me falar das opções técnicas. Não posso deixar de dar uma nota positiva aos tais menus e interface baseados em DOS que me deram imensa nostalgia. Há, até mesmo uma simulação de um ecrã CRT com aberração cromática e tudo! Podemos usar o rato (versão PC) para navegar ou o simples cursor. Na Xbox One é ainda possível escrever o texto das mensagens carregando aleatoriamente nos botões do comando (simulando escrita). Infelizmente, muitos dos menus são confusos e não levam a lado nenhum. Não há uma explicação do propósito de alguns conteúdos. Fiquei sempre a pensar que havia ali algo escondido, mas nunca percebi se havia mesmo.

Quanto ao ambiente onde decorre a acção, os cenários são monocromáticos (em tons de branco), com adversários vermelhos, armas e objecto a negro. Possuem, assim, um estilo minimalista que é fácil de interpretar e onde é fácil perceber quais são os trajectos e opções a tomar. Não há explicação sobre o que fazer, mas é tudo perfeitamente lógico. É preciso evitar e derrotar o que é vermelho, apanhar as armas a negro e desviar ou saltar por cima de obstáculos, sobretudo os que estão em movimentos (automóveis, por exemplo). Nada podia ser mais linear.

Apenas acho que o jogo parece algo inacabado, com tanta simplicidade de cenário e modelos. Há um enorme potencial na ideia por detrás de Superhot, até mesmo com a acção mais ou menos cliché que decorre nas mensagens em DOS no menu. Mas os níveis são curtos e acabamos o jogo muito depressa, com tanto por explicar pelo meio. E se há algo que simplesmente detestei neste jogo foi a voz mecânica a dizer “Superhot” de forma absurdamente repetida no final do nível. Ok, já percebi, é o título do jogo, é preciso repetir tantas vezes?

Veredicto

SuperHot é uma excelente forma de reinventar um género. Um jogo de acção em que manipulamos o tempo com o nosso movimento para resolver puzzles cada vez mais complexos é uma ideia fantástica e que merecia mais e melhor investimento. A sua arte minimalista torna-o simples de apreciar mas também nos dá uma ideia de estar algo inacabado. Talvez porque a mecânica seja tão interessante e intuitiva, tornou-se um vício que rapidamente terminou na sua curta longevidade. Pelo menos, deu-me saudades dos idos anos 90 com o seu menu ao estilo DOS. Venha de lá uma sequela!

  • ProdutoraSuperHot Team
  • EditoraSuperHot Team
  • Lançamento3 de Maio 2016
  • PlataformasLinux, Mac, PC, Xbox One
  • GéneroAcção
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Conteúdo de menus confuso
  • Longevidade reduzida
  • A palavra "SuperHot" repetida até à exaustão.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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