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Análise: StarCraft Remastered

Foi um dos jogos de estratégia mais emblemáticos de sempre. StarCraft Remastered é um regresso ao passado com todo o cuidado que só a sua produtora original Blizzard poderia ter. Os tempos podem ser outros, mas o legado não se perdeu.

Nos longínquos anos 90, poucas coisas faziam prever o que viria a ser a actualidade dos videojogos. Contudo a Blizzard devia ter uma “bola de cristal” algures, porque já nessa altura se apercebeu do valor de um género chamado de RTS ou Real Time Strategy (Estratégia em Tempo Real). Não só uns anos mais tarde fomos presentados com StarCraft II, o indiscutível “rei” do género que já inspirou tantos outros jogos, como o próprio StarCraft original de 1998 ainda é hoje um jogo de culto. Esta remasterização não é uma tentativa de relançar este título. Até porque o jogo original foi tornado gratuito há pouco tempo. Este foi, isso sim, um serviço para os fãs. Diria até que é um uma carta de agradecimento por um legado de 20 anos que, indiscutivelmente, até ajudou no nascimento do que chamamos de eSports.

Se não jogaram o clássico, é bem possível que não sejam compelidos a procurar este jogo na Battle.net para o comprar. Contudo, há dois benefícios de o fazer. Para os veteranos, será um lógico regresso ao passado, agora com tudo bem menos pixelixado e numa glória jamais vista, sobretudo se tiverem um bom monitor 4K. Os demais terão um bom vislumbre do que foram os primórdios dos jogos de estratégia, concluindo que, afinal, este título até nem é assim tão arcaico, com muitas das mecânicas a perdurarem ainda hoje no género. Ainda por cima, esta reedição também traz consigo a clamada expansão Brood War também revista e adaptada. É só pontos a favor!

Como já disse, o jogo original de 1998 foi tornado gratuito (free to play) para todos os que o desejarem jogar. Se adquiriram a edição de colecção de StarCraft II também encontraram essa mesma versão como bónus de oferta. Então, esta versão remasterizada é bom que traga algo novo e que justifique o seu custo de 14,99€ na Battle.net. Além do tal suporte 4K, esta versão paga do jogo inclui, logicamente, o grafismo, áudio e diálogos inteiramente remasterizados, suporte para 13 línguas, savegames na cloud e os muitos importantes matchmaking e quadros de classificação para os jogos online. Ou seja, estão a pagar uma modernização importante do jogo que surge da grande popularidade dos seus jogos online (sobretudo na Coreia do Sul, pelos vistos).

Inevitavelmente, muitos se perguntarão se tanto o jogo free-to-play como esta remasterização vão realmente interessar a novos jogadores. A minha previsão é que esta nova vida não irá, de todo, angariar muitos novos jogadores, nem sequer para StarCraft II. Para o bem e para o mal, o jogo é virtualmente o mesmo de há 20 anos atrás. O que significa que os nostálgicos vão estar “em casa”, mas também que muitas mecânicas e lógicas vão parecer ultrapassadas e soarão a retrocesso aos mais novos, sobretudo se estão habituados aos RTS mais modernos. Contudo, é notório que a Blizzard não estava a pensar nestes novos jogadores.

O custo do jogo não pressupõe que seja um novo “blockbuster”, nem sequer que venha a bater recordes de vendas (embora com a Blizzard tudo seja possível). Como disse no início, esta remasterização é uma homenagem, acima de tudo, aos veteranos e nostálgicos. Além das melhorias visuais e sonoras, nada foi mexido, mesmo nada. Nem sequer nos pequenos erros de animações, nas limitações de movimentos das unidades ou nos menús que são praticamente idênticos com outro tipo de letra. As cores garridas e os modelos são também praticamente os mesmos. Até as cenas intermédias parecem idênticas, embora com maior resolução. Só mesmo com uma comparação lado a lado será possível apontar ligeiras diferenças.

É discutível se este mero “restyling” merece o título de Remasterização. Os mais dogmáticos dirão que sim, é mesmo assim que uma remasterização deve ser feita, sem tocar no original, dando-lhe apenas uma “lavagem de cara”. Outros dirão que, se calhar, a produção devia ter aproveitado a ocasião para rever algumas lógicas e respectivas interacções, talvez aproximando-o do mais recente StarCraft II. Não haverá nunca um consenso. No meu ponto de vista, porém, gostei desta opção. A Blizzard podia simplesmente tornar o jogo original free to play e nada mais fazer com ele. Reeditar com novas resoluções, dando-lhe um toque modernizado é um bónus que agradeço bastante.

Então mas não há nada mesmo de novo, excepto no grafismo e áudio? Além da possibilidade de jogar online via UPNP, assistir a outros jogos de sessões multi-jogador e gravar replays das melhores jogadas, a Blizzard incluiu também um novo menu para mapear teclas. O jogo original já incluía algumas combinações de teclas, mas esta nova funcionalidade expande essa capacidade ao permitir personalização. Logicamente que o matchmaking e novas ladders de evolução, assim como a integração com a plataforma Battle.net, era algo impensável em 1998. Contudo, estas são integrações que visam mais ajudar os fiéis jogadores de longa data a encontrar sessões multi-jogador e levar as suas capacidades para o online competitivo. Em nada mexem no jogo base, praticamente.

Veredicto

Quase 20 anos depois, este jogo conseguiu levar-me para uma era que pensava esquecida. StarCraft: Remastered lembrou-me dos tempos em que os jogos eram bem mais simples, mas nem por isso menos desafiantes. Esta reedição com grafismo, áudio e diálogos remasterizados, mantém todos os pormenores de jogabilidade intactos, mesmo os pequenos erros que já nem nos lembrávamos do original. É, sobretudo, um trabalho de paixão da produção, que trouxe de volta um clássico incontornável no género RTS, um serviço público para os veteranos e uma janela para o passado, num jogo que iniciou muito do que é hoje a base dos RTS modernos e que, em parte, fez nascer os eSports.

  • ProdutoraBlizzard
  • EditoraActivision Blizzard
  • Lançamento14 de Agosto 2017
  • PlataformasPC
  • Género
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Sem pontuação

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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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