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Análise – Spelunky 2

Quase 12 anos após a aventura original de Spelunky, tomaremos o controlo de Ana, a filha do protagonista do último jogo. A nova heroína terá de atravessar os inúmeros perigos e obstáculos que estão espalhados pelos diversos níveis, de forma a salvar os seus pais e encontrar os tesouros que estão algures localizados no centro da Lua.

O primeiro Spelunky foi lançado na geração anterior (2008) e foi aclamado pela critica. Trouxe um “ar fresco” ao género roguelike, algo que poucos títulos conseguiram alcançar, sobretudo na geração de níveis como temos neste título. Independente do número de tentativas, todos os níveis jogados eram realmente únicos. Felizmente, esse algoritmo de geração de níveis foi trazido de volta para 2020, agora numa sequela que se torna bastante familiar, mesmo com umas notórias diferenças.

O enredo deste novo título é realmente muito simples, como leram no início. Apesar disso, a missão de Ana, em si, não o é! A nossa personagem tem quatro vidas e rapidamente concluímos este número de chances para reviver, é realmente muito curto. Isto, porque cada nível de cada área está repleto de obstáculos, prontos a impedirem o progresso de Ana e no qual irão sucumbir inúmeras vezes. Esta é, afinal, a essencia do género roguelike que, aliado a uma dificuldade latente, faz-nos desejar mais umas vidas como “segurança”. E é possível como irão ver mais à frente.

O jogo inicia-se com um tutorial simples que nos explica as mecânicas básicas que iremos usar durante o resto do jogo. Elementos básicos de como movimentar, como saltar, como atacar, como usar bombas ou usar cordas para alcançar zonas mais altas, são mecânicas familiares mas que é preciso dominar. Mesmo que não sejam revolucionárias, convém mesmo prestar atenção ao tutorial e à forma de usarmos estas mecânicas. Terão de ser bem entendidas para fazermos o devido progresso no jogo mas, acima de tudo, conseguirmos avançar em algumas secções mais exigentes nos níveis.

Deixamos aqui já um aviso: Este jogo é difícil!

Esperem recomeçar do inicio frequentemente, pois não existe nada nestes níveis que não nos queira abater. Existe um pouco de tudo espalhado pelos mapas, armadilhas letais, como espigões, fogo ou troncos gigantes que são activados se pisarmos o solo no lugar errado. Mas também há diversos monstros para nos atormentar, como esqueletos, morcegos, cobras, macacos, zombies e até extraterrestres, cada um com o seu comportamento único, espalhados por diferentes zonas onde vagueiam.

Este tipo de combinações de monstros e armadilhas cria alguns dos momentos mais intensos e divertidos do jogo. Por exemplo, quando tentamos rapidamente fugir de uma armadilha estando a ser perseguidos por monstros e cometermos um erro de movimento… É o suficiente para acabar com o nosso progresso e recomeçar tudo do zero. Existem várias formas de ir ganhando vidas ao longo do jogo, ainda assim. As duas formas mais fáceis é encontrar o pug de Ana e carregá-lo até ao fim do nível, dando-nos mais uma vida. A outra forma é bem mais simples, basta matar um peru com uma bomba e apanhar o item resultante da explosão para uma vida adicional.

Começar do início, vezes e vezes sem conta, pode parecer aborrecido. No entanto, lembramos que Spelunky 2 é um roguelike. Isto significa que todos os níveis são gerados aleatoriamente e baseados no tema da zona onde estamos. Logo, o formato do tema da Selva, será diferente do formato do tema do Vulcão, com armadilhas e monstros baseados em cada temática, com diferenças em termos das plataformas e como o próprio nível é gerado. Assim, não há realmente repetição. E repetindo os níveis, é possível compreender como funciona o mundo e o que pode ou não fazer de forma a sobreviver e chegar ao fim. Já vou falar um pouco mais sobre este elemento de aprendizagem.

Felizmente no final do quarto nível de cada mundo encontramos Mama. Esta personagem poderá fazer túneis (a troco de dinheiro ou itens específicos) de forma a criar atalhos que poderão ser utilizados através da nossa base. Apesar de ser mais vantajoso começar do primeiro mundo, se o jogador alcançar o nível da Selva e perder todas as vidas, poderá recomeçar a partir da Selva, partindo do principio que conseguiu desbloquear esse atalho previamente. (Sim, sim, não saltaram nenhum capítulo, ainda estamos nas grutas da Lua).

Existem também vários itens e segredos espalhados por cada nível que aumentam a  motivação para explorar cada nível minuciosamente. Podemos apanhar uma caçadeira que é excelente para matar monstros à distância, botas com molas para poder saltar mais alto, uma arma de teias de aranha para bloquear o movimentos de alguns monstros, um jetpack para conseguirmos voar livremente pelos níveis. E há muitos outros itens que não iremos falar de forma a ser mais interessante experimentar e descobrir como funcionam.

Estes itens podem ser encontrados escondidos no mapa dentro de baús secretos, que requerem encontrar uma chave para os desbloquear ou dentro das próprias paredes dos níveis (sendo preciso uma bomba ou uma picareta para destruir os blocos). Mas, a forma mais simples de os obter, é comprando-os numa das diversas lojas que são geradas nos níveis. Só não irritem o vendedor pois, apesar de ser nosso aliado, pode-se tornar nosso inimigo quando pressionado.

Tocando no assunto das lojas, o dinheiro é outra preocupação que o jogador terá durante a sua aventura. Existem diversas pedras preciosas e barras de ouro para apanhar para podermos comprar os tais itens que poderão facilitar o nosso progresso. Mas, cuidado, pois se passarmos mais de 3 minutos num nível, um fantasma invencível é libertado para apanhar o jogador. Não faltava pressão neste jogo, certo? Nessa altura a única solução que temos é encontrar a saída o mais depressa possível.

Apesar de ser um jogo difícil, é tudo menos injusto. Conforme já disse, com os erros que iremos cometendo, começamos a entender um pouco melhor o comportamento dos diversos monstros e como lidar com eles nas situações que vão surgindo. Com experiência, sabemos quais conseguimos matar com uma rápida chicotada ou quais poderemos evitar e guardar as nossas preciosas vidas. Este tipo de estratégia e a relação risco-recompensa que o jogo nos oferece, é muito satisfatória. Começamos a tomar decisões, como ponderar se vale a pena gastar uma das nossas bombas de forma a abrir um novo caminho e conseguir apanhar mais tesouros ou, se é preferível encontrar uma nova rota e, não só poupar os nossos recursos limitados, mas também evitar perder vidas desnecessariamente.

Uma outra grande adição é o facto da progressão dos níveis não ser linear. Ao contrário da prequela desta série, em que tínhamos de avançar numa sequência de níveis do inicio ao fim, já não o temos de fazer neste título. Já mencionei a importância do quarto nível de cada zona, onde jogador poderá fazer a escolha de seguir ou pelo túnel do lado esquerdo ou pelo túnel do lado direito, que o levará a um lugar diferente. Dependendo da rota que escolheu, pode evitar zonas que não goste tanto e até criar uma estratégia própria até chegar ao fim do jogo.

Também é possível realizar desafios diários mas… Confesso que não consegui discernir o objectivo concreto dos mesmos. Somos colocados no nível 1-1 e avançamos normalmente até perder todas as vidas, dando o desafio por terminado. No entendo esta lógica, num jogo cujo objectivo principal é exactamente o contrário. Por outro lado, não existe qualquer tipo de feedback sobre o nosso progresso, o que nos deixa a pensar se este modo foi uma adição rápida ou de última hora ao jogo. É que não acrescenta muito comparativamente ao seu modo central Aventura.

Para além desse modo de Aventura, Spelunky 2 também oferece o modo Arena, onde 4 jogadores poderão combater entre si num mapa fechado. Tem as mesmas mecânicas disponíveis no modo Aventura e é bastante personalizável, podemos alterar o número de vidas, o número de bombas e cordas, o tipo de arena onde queremos lutar e os itens que aparecem nas caixas durante as batalhas. Diria que é algo semelhante ao que já vimos em Worms ou Super Smash Brothers. Com este tipo de alterações nas regras podem ser criadas as batalhas mais caóticas e divertidas, especialmente com 4 amigos a jogar entre si!

Antes de terminar, gostaria de poder falar um pouco do grafismo do jogo. Como já devem ter reparado, continuamso com um estilo banda-desenhada, um estilo que lida bem com as diversas mortes humorísticas que vão acontecendo ao longo do jogo. Diria que tem um charme único. O que achei impressionante são as novas físicas de fluidos que reagem ao ambiente, como na água ou na lava. Podemos utilizar estes fluidos para nossa vantagem, sendo satisfatório abrir buracos no solo com as nossas bombas e ver a lava a fluir pelo novo caminho criado, enquanto destrói os monstros que bloqueavam o nosso caminho! São estes pequenos momentos que entusiasmam e nos fazem sentir um génio estratega!

Veredicto

Spelunky 2 pega na fórmula utilizada na sua prequela e expande-a com novos desafios, novas armadilhas, novos monstros, novos segredos e o tão desejado modo multi-jogador. É um jogo muito familiar para quem já tenha jogado o título anterior mas introduz novo conteúdo de modo a que a experiência seja uma novidade. Isto, tanto para os novos jogadores como para os Veteranos de Spelunky. Este é também um jogo que todos os fãs de roguelikes deverão pegar. O caminho até ao centro da Lua é longo, mas é um que valerá a pena.

  • ProdutoraMossmouth, BlitWorks
  • EditoraMossmouth
  • Lançamento15 de Setembro 2020
  • PlataformasPC, PS4, PS4 Pro
  • GéneroPlataformas, Roguelike
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Sem pontuação

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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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