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Análise: South Park – The Stick of Truth

Não existem dúvidas que este é “O Jogo” para todos os fãs incondicionais de South Park. No entanto, será também este um RPG para os amantes do género? Descubram na análise WASD desta adaptação ao mundo dos videojogos de uma das séries mais controversas de sempre.

Quem segue habitualmente a série vai gostar de saber que The Stick of Truth arranca precisamente no seguimento dos episódios da trilogia Black Friday da temporada 17 de South Park. Depois de um conflito para decidir que consola de última geração o grupo compraria na Black Friday: a Xbox One ou a Playstation 4. Curiosamente, The Stick of Truth não foi, pelo menos por enquanto, lançado em nenhuma das duas. Cartman, Stan, Kyle e Kenny criam uma mitologia cosplay em volta do Stick of Truth, um simples ramo de uma árvore que, no seu mundo do “faz de conta” baseado em Game of Thrones (A Guerra dos Tronos), quem o conseguir alcançará o poder de dominar o universo.

O jogo começa com a chegada do miúdo novo a South Park vindo de zona desconhecida. É esta a personagem que encarnamos no papel de um protagonista silencioso que é expulso de casa pelos pais e obrigado a conhecer novos amigos. É desta forma que conhecemos o jogo de fantasia medieval encarnado pela miudagem de South Park. Rapidamente alinhamos no “faz de conta” e tomamos partido no conflito entre humanos e elfos, liderados por Cartman e Kyle respectivamente, para o domínio daquele pedaço de madeira.

A jogabilidade desta adaptação do mundo da série de animação traz consigo mecânicas bem conhecidas dos fãs dos role playing games com acção por turnos. Encarnando “Douchebag” (Idiota), sendo esta a alcunha pela qual Cartman carinhosamente nos apelida, vamos completando objectivos da narrativa principal, ao mesmo tempo que encontramos objectivos adicionais das missões de bónus. Assim que nos juntamos ao pessoal de Kupa Keep podemos escolher que classe queremos usar na nossa personagem: Fighter, Mage, Thief ou Jew (Judeu). As classes não divergem muito mas, se tivermos em conta que as personagens estão a encarnar um mundo do “faz de conta”, o pessoal da Obsidian Entertainment esteve até muito bem nesse sentido. No WASD avançámos na campanha com a classe Fighter e, de entre outras habilidades, podemos pegar num capacete de futebol americano e correr para pregar valentes marradas como se fossemos um touro ou então pregar uma série de pontapés no “abono de família” dos inimigos.

Efectivamente, os elementos RPG ganham em South Park uma conotação que só uma adaptação desta série de animação poderia ter. Os confrontos por turnos têm sempre uma tonalidade hilariante por detrás com gases, ataques com dildos, cantares de um bardo gago, entre outras cenas bizarras características dos episódios de Cartman e companhia. Os equipamentos com que vamos podendo customizar a nossa personagem, alteram por completo o seu aspecto. A dada altura, o meu “Douchebag” foi um miúdo gótico, depois foi médico, monge, agente da SWAT… A panóplia de escolhas nunca mais acaba e cada equipamento traz consigo elementos que aumentam as nossas capacidades e, aos quais, ainda podemos acrescentar outros elementos que melhoram ainda mais os bónus que atribuem.

Este não é um RPG complexo como Baldur’s Gate ou Fallout mas tem características suficientes para entreter os fãs do género. E, a partir do momento em que começamos a dominar a mecânica de jogo (com algumas temporizações que exigem precisão para conseguir alcançar mais dano), tudo se torna bem mais simples. O bom uso das condições ou dos buffs e debuffs, por exemplo, torna-se essencial para a parte final de The Stick of Truth.

Também as personagens foram adaptadas a este universo RPG de uma forma inteligente, brilhante e bem humorada. Durante a nossa aventura, vamos podendo usar várias das personagens da série na nossa equipa, uma de cada vez. Butters, por exemplo, possui os poderes curativos de um paladino, apesar de manter ainda uma estreita relação com o seu lado negro para soltar ataques aleatórios no campo de batalha. Kenny, por sua vez, não pode ser ressuscitado da mesma forma que as restantes personagens e, sempre que morre, volta à batalha passado dois turnos. E o meu parceiro favorito, Jimmy, apesar da perturbação na fala que lhe inflige paragens no discurso, encarna um elfo bardo no qual, quando a sua gaguez dá frutos, somos obrigados a carregar vezes sem conta num botão até que lhe passe.

Não obstante a boa disposição que reina em The Stick of Truth, a versão europeia vem cheia de uma censura incoerente aplicada por um qualquer cruel lápis azul saudosista de outros tempos mais ditatoriais. As cenas censuradas na Europa aparecem com um ecrã com o símbolo da União Europeia e a estátua de David a fazer um facepalm. A censura nestas cenas, em específico, dever-se-á a assuntos como sondas anais e abortos masculinos. Nada a que a série não nos tenha habituado e cuja censura não faz muito sentido visto que, ao longo do jogo, temos outras tão ou mais grotescas que estas, embora envolvendo temáticas diferentes. Apesar de não serem momentos longos e dos produtores terem aproveitado para satirizar a situação, a nossa versão perde qualidade porque isto acontece.

Visualmente, The Stick of Truth é completamente fiel à série de animação e está de tal forma bem produzido que o jogo parece prolongar a série como se de um episódio interactivo se tratasse. O estilo é simples, infantil até, mas é aquele que caracteriza South Park. Contudo, na versão da PS3, que foi aquela onde jogámos para vos trazer esta análise, fomos brindados com algumas quebras no rendimento do jogo com problemas de fps comuns nos momentos de troca de cenário. Felizmente, algo que não acontece na versão PC.

As vozes são também elas as dos actores da série. Mais uma vez volto a enfatizar o trabalho do actor que faz de Jimmy, encarnada pelo próprio Trey Parker, um dos criadores da série. Todos os momentos com esta personagem em cena são hilariantes e, entenda-se, que nenhum desse humor inteligente incide na sua incapacidade motora. Curiosamente, a banda sonora assenta numa série de plágios musicais que, caso não estivéssemos a falar de South Park, seria com certeza um enorme ponto negativo. Em Stick of Truth, o plágio é feito de uma forma muito inteligente, elogiando de uma forma bem disposta as bandas sonoras de Game of Thrones ou Skyrim com tonalidades épicas e nórdicas. Também alguns termos como Dragonborn ou Dovahkiin são plagiados mas sem malícia como dizia a brilhante personagem de Herman José, Diácono Remédios.

Veredicto

Esta adaptação de South Park ao mundo dos videojogos é entretenimento do princípio ao fim. Uma boa mas simples experiência RPG tão fiel à série que mais parece um episódio interactivo e que podia, por todos os motivos, ser incluído no final da última temporada. Até porque o prelúdio a The Stick of Truth se constrói, precisamente, nos episódios que se seguem a Black Friday. Este é ainda um jogo para todos os gostos com feiticeiros e guerreiros medievais, alienígenas, guerreiros mongóis, zombies e nazis. Infelizmente, esta adaptação ao mundo dos videojogos traz também consigo alguns problemas comuns neste meio, como as quebras de fps.

Não obstante, no final do jogo o que fica é mesmo a impressão de que esta é uma das sátiras mais inteligentes que já vimos ao cliché do protagonista silencioso no género RPG. Uma compra obrigatória para todos os fãs da série, só não deixem os pequenos lá de casa jogar. Esta é, afinal de contas, uma experiência fiel a South Park.

  • ProdutoraObsidian Entertainment
  • EditoraUbisoft
  • Lançamento7 de Março 2014
  • PlataformasPC, PS3, Xbox 360
  • GéneroRole Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Quebras nos fps na PS3
  • Censura incoerente na versão europeia

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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