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Análise: Sonic Boom: Rise of Lyric

Sonic, o ouriço mais rápido do mundo, está de volta para mais uma aventura. No entanto, esta vai ficar a cargo de um novo estúdio chamado Big Red Button Entertainment. Chama-se Sonic Boom: Rise of Lyric e é um exclusivo para a Wii U. Acompanhado por Sonic Boom: Shattered Crystal para a 3DS esta série (a série Boom) traz consigo os novos desenhos das personagens que podem ser vistos na nova série de Sonic no canal Cartoon Network. 

Comecemos pela história deste título. Logo de início vamos encontrar Sonic, Tails, Knuckles e Amy a fugir do agora mais elegante, mas sempre malvado, Dr. Eggman. Encurralados, os nossos heróis vêm-se obrigados a entrar num túmulo antigo onde vão dar de caras com o vilão da história. Chama-se Lyric, é uma (espécie de) cobra e faz parte de uma antiga raça designada como… Os Antigos (aposto que não estavam à espera desta). Este, por sua vez tem como objectivo eliminar toda a vida orgânica do planeta e populá-lo com o seu exército de robôs. Só que para isso, Lyric precisa dos Chaos Crystals para fortalecer o seu exército e Sonic tem de chegar primeiro a estes cristais.

Sabem? Infelizmente (ou felizmente?) há muito tempo que não pegava num bom título do Sonic. Um facto é que o ouriço mais rápido do mundo tem vivido, recentemente, algumas aventuras bem… complicadas. Foi por isso que quando me foi dada a oportunidade para analisar Sonic Boom: Rise of Lyric confesso que fiquei hesitante. Só que ao saber que desta vez a produção de um título de Sonic ia ficar a cargo de um novo estúdio, pensei: “Até que enfim, a tão necessitada lufada de ar fresco chegou… ”

Não chegou… e se acham que o Sonic tem passado por maus bocados, ainda não viram nada. A história, apesar de algo rocambolesca, não é nada, quando comparada com os momentos que nos vai fazer viver. É através dela que vamos assistir à pobre e no mínimo infeliz interacção entre as personagens. Os criadores insistem em oferecer-nos um grupo de adolescentes rebeldes, mas conseguem apenas transformá-los em pirralhos insuportáveis. Sempre com piadas a roçar o forçado, por vezes é inevitável a vontade de gritar um valente e sonoro “Calem-se!!!” Especialmente quando insistem em constatar o óbvio, vezes e vezes sem conta. Após horas a saltar sobre carradas de Jump Pads (plataformas de salto) ainda ouvimos o: “Olha um Jump Pad!”. E de Anéis!!! O que eles gostam de Anéis, tanto que nunca se calam sobre isso. Enquanto que o Gollum do Senhor dos Anéis só gostava de um, mais modesto coitado, estes camaradas não se calam sobre todos os anéis que apanham… “Eu nunca deixo passar um anel”, diz a Amy. “Não é só o Sonic que gosta de anéis”, diz o Knuckles…

Pior do que isso só mesmo os modelos das personagens e a personalidade que as acompanha. Estou especialmente chocado com Knuckles que desde que apareceu em 1998 se tornou no meu personagem preferido da saga de Sonic. Eis que surge agora como um largo e avantajado boçal que, provavelmente de tanto exercitar os músculos se esqueceu, literalmente, de qual é o seu lado esquerdo e direito. A sério, isto aconteceu. Já Sonic aparece agora com o seu… cachecol castanho (ainda bem que só tem frio no pescoço) e ligaduras nos pés. As ligaduras. Para que é que são as ligaduras? Mascararam-se de múmia no Halloween e esqueceram-se de as tirar? Enfim…

Podemos jogar com as quatro personagens e, quando não temos de atravessar uma secção para duas personagens específicas, podemos alternar entre elas, sempre que quisermos. Em combate cada um tem as suas habilidades: Sonic pode girar e chocar contra os inimigos, Amy pode utilizar um martelo, além de poder executar um triplo salto, Tails pode disparar sobre eles e pairar no ar e Knuckles esmurra tudo o que lhe aparece à frente. Este último mostra-se como o mais forte dos quatro amigos e como tal a escolha mais segura. Sempre que os nossos adversários nos acertam, acontece a habitual perda de anéis. Só que estes ficam tão pouco tempo no chão que é impossível recuperar uma dose significativa. Apesar de não ser o pior que o jogo tem para oferecer, os combates depressa se tornam repetitivos pois, de início ao fim, os inimigos que enfrentamos são sempre os mesmos. Além disso, foi triste reparar que Sonic, talvez devido às ligaduras que tem nos pés, é neste título lento, ou tão rápido como os outros membros do seu grupo e não, isto não é um elogio aos seus companheiros.

A receita de Sonic é tão simples. A primeira coisa que o caracteriza é a velocidade e é uma pena ver Sonic tão… normal e sem nada que o destaque, além da sua postura de arrogante. Ao longo do jogo vamos encontrar pistas ao estilo de Sonic Generations (uma das recentes experiências que conseguiu realmente revitalizar a série). Ou a saltar ou mexer de um lado para o outro, a única coisa que temos de fazer é desviar dos obstáculos e de ataques inimigos. A velocidade é maior, mas nem aqui Sonic tem destaque, uma vez que de tão amigos que são, a velocidade é igual para todos. Nestas situações, a câmara mal acompanha a acção, pelo que dificulta sempre o controlo das personagens. De resto a acção segue sozinha culminando numa série de Jump Pads e quais bolas de Pinball, eventualmente acabamos por cair no chão e podemos continuar a nossa aventura.

Em termos de visualismo, este também não se mostra brilhante. À medida que vamos avançando na história, é inevitável reparar no cansativo que é percorrer e cair na repetição de áreas. Se estamos numa fábrica, reina claro o tema industrial. Lá vamos nós atravessar vezes sem conta áreas praticamente iguais. Gira o disco e toca o mesmo para as florestas, ruínas etc. Em termos de puzzles que vamos encontrar, estes, apesar de serem interessantes, não são memoráveis. Além disso, de tão fáceis que são e pelo incessante constatar do óbvio pelas personagens, acaba por ser ofensivo mesmo para o público alvo. Com controlos tacanhos e uma câmara horrível, saltar e tentar cair sobre uma fina plataforma pode tornar-se exasperante. No entanto sempre que possível, Amy é a personagem mais segura em termos de exploração, devido ao seu triplo salto.

Sonic Boom, chega também como um Open-World. Ao explorar este mundo, esperam-nos segredos, como baús que nos dão pontos que podemos aplicar para desbloquear certas partes do cenário. Vamos também encontrar algumas personagens, das quais algumas nos dão objectivos. Quando cumpridos podemos contar com ainda mais recompensas. Estas podem surgir na forma de pedras que aumentam alguns dos nossos atributos. Uma delas faz por exemplo com que o derrotar de um inimigo possa desencadear ainda mais explosões, danificando os outros à sua volta. Boas ideias que são arruinadas por outras más ideias, como o desbloquear do mapa deste mundo apenas no segundo acto. Até lá e mesmo depois de o termos, vamos muitas vezes dar por nós sem saber para onde ir. Outra má ideia, podemos também gastar pontos a evoluir algumas habilidades dos personagens, numa espécie de skill tree, mas para a mais importante, a que nos permite aumentar o número de anéis (o máximo é 100 e se chegarmos ao fim…) precisamos de ter registado o título para a 3DS. Nem há palavras que descrevam esta medida…

Além de tudo isto, toda esta experiência pode ser partilhada com um amigo e isto inclui um modo de desafios. Enquanto que um joga no Gamepad, o outro com o Wii Remote e Nunchuck controla a acção que decorre na televisão. No entanto, até que ponto é que querem fazer isto a um amigo (a não ser que não seja um ami… ah já percebi!) é a pergunta que deixo no ar.

Veredicto

Longe da lufada de ar fresco que se esperava que fosse, Sonic Boom: Rise of Lyric acabou por revelar-se como o pior jogo de Sonic de sempre e a pior experiência que enfrentei este ano. É triste ver o nostálgico som de apanhar um anel a ser mutilado pela incessante tagarelice das personagens que acompanhamos ao longo de toda a história. Ideias interessantes como a de desbloquear partes do cenário que nos levam a encontros com outros personagens, acabam por ser ofuscadas pelo mau desempenho que envolve todo este projecto. Pode ser jogado com um amigo e claro que tudo fica melhor mas, mais uma vez pergunto, até que ponto é que querem fazer alguém passar por tudo isto?

  • ProdutoraBig Red Button Entertainment
  • EditoraSega
  • Lançamento21 de Fevereiro 2014
  • PlataformasWii U
  • GéneroAcção, Aventura, Plataformas, Puzzle
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Incessante tagarelice das personagens (especialmente quando apanhamos anéis)
  • Novos modelos das personagens
  • Repetitivo
  • Pior jogo de Sonic alguma vez feito

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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