Mais infoProdutora: Frictional GamesEditora: Frictional GamesLançamento: 22/09/2015Plataformas: , , Género:

Enquanto algumas produtoras apostam no terror explícito com sustos constantes, a Frictional Games continua a apostar no terror psicológico, sublime e no qual a mente do jogador é a sua pior inimiga. Os seus contributos para o género de terror no mundo dos videojogos têm sido únicos e SOMA é mais um caso desses, enquanto atravessamos a PATHOS-2, uma base de investigação geo-termal sub-aquática com máquinas ferrugentas que assumem estranhos comportamentos humanos. 

SOMA é um jogo de terror na primeira pessoa onde encarnamos o papel de Simon – alguém que vai fazer um scan de rotina ao cérebro num edifício estranhamente abandonado. É aí que tudo corre aparentemente mal e Simon perde os sentidos para acordar vários anos depois na PATHOS-2, debaixo de água. Ao nosso lado temos Catherine, uma inteligência artificial que nos ajudará a perceber o que realmente se passa nesta base sub-aquática.

Este é, sem dúvida, um dos jogos mais assustadores que joguei nos últimos tempos, com alguns momentos aterrorizadores ao estilo do excelente ‘Alien Isolation’ – um jogo que até hoje ainda não fui capaz de terminar devido aos problemas cardíacos de que sofro quando o tento jogar. O caso de SOMA foi diferente, tinha a obrigação de o analisar e, por isso mesmo, de o terminar. Então levei-me ao meu limite enquanto pessoa, enquanto analista de videojogos e enquanto jogador para vos trazer a minha análise mais suada de sempre da minha carreira profissional nesta área.

SOMA conta também com uma excelente narrativa de ficção científica, intrigante e misteriosa, que nos arrasta ao longo dos escuros níveis através da PATHOS-2. Uma narrativa que se vai descobrindo à medida que ouvimos e lemos o que o jogo nos tem para contar. Como não podia deixar de ser, vamos encontrar criaturas monstruosas mas o foco de SOMA é mesmo o de descobrir quem é a nossa personagem e que sítio é este onde fomos parar. Os níveis nem estão repletos de inimigos, focando-se sobretudo nos nossos medos mais comuns, como o medo do escuro, a claustrofobia ou o sentimento de isolamento.

A inteligência artificial dos inimigos permite-lhes estar atentos a qualquer barulho que provoquemos no cenário, despertando a sua curiosidade assim que o jogador seja menos cauteloso. Quando os monstros nos detectam e apanham, mandam-nos ao chão e deixam-nos combalidos. Contudo, podemos continuar até que sejamos apanhados novamente. E a cautela é obrigatória já que não temos maneira de derrotar os nossos adversários. Por isso, é fundamental apostar na furtividade e, quando esta não funciona, arrancar dali o mais rápido possível, numa tentativa radical de fuga que nem sempre funciona. E se só o mero facto de olharmos para os inimigos já nos distorce a visão, imaginem o que acontece quando eles nos tocam. Pior ainda quando atirar objectos aos inimigos não funciona. Não merece a pena experimentar… Vão por mim, eu tentei.

SOMA cresce brutalmente graças ao seu excelente design sonoro. Percorrer os corredores da PATHOS-2 é aterrador pelos geniais efeitos sonoros, algo no qual os anteriores jogos da Frictional Games não eram muito profícuos. Também o voice acting está muito bem conseguido, sobretudo pelo actor que desempenhou o papel de Simon – a personagem principal. Este é, sem dúvida, um título onde é obrigatório jogar de auscultadores.

Infelizmente, SOMA sofre de algumas quebras quando grava ou carrega uma nova área. Momentos parados que, inevitavelmente, nos acabam por roubar a excelente imersão que este título da Frictional Games proporciona. Por sua vez, os puzzles também exageram na simplicidade e tornam-se demasiado óbvios. A isto junta-se a falta de um inventário onde possamos guardar itens, já que o que apanhamos, acabamos por ter de usar no momento imediatamente a seguir. Lamentavelmente, esta característica de SOMA acaba por lhe roubar profundidade.

Não obstante, a PATHOS-2 foi criada de uma forma extremamente realista, repleta de detalhes que lhe conferem um realismo fundamental para que a imersão aconteça num espaço que parece realmente ter tido vida. Da mesma forma, os cenários sub-aquáticos estão impressionantes durante as cerca de 10 horas de longevidade de SOMA em que os podemos percorrer.

Veredicto

Grandes questões num jogo ambicioso, com uma narrativa intensa e surpreendente. Graficamente deslumbrante, SOMA é um excelente jogo de terror com um trabalho a nível de som que te vai deixar aterrado de medo no sofá de casa. Sofre de alguns problemas técnicos e de alguma simplicidade nos seus puzzles mas nenhum fã do género poderá deixar de considerar SOMA como uma compra obrigatória.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.