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Análise – Sniper Elite 4 (Actualização: Nintendo Switch)

Três anos depois do seu lançamento nas plataformas principais, Sniper Elite 4 chega finalmente à Nintendo Switch. O objectivo não mudou. Cá estamos para expulsar, uma vez mais, os nazis da Itália. Só que agora temos a possibilidade de o fazer em qualquer lugar. E a pequena Nintendo tem mais algumas algumas novidades.

Em Sniper Elite 4, Karl Fairburne é chamado para oferecer os seus préstimos de atirador furtivo nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial. A sua nova missão leva-o para um local fictício no sul da Itália, com o objectivo de roubar os planos de um míssil teleguiado que pode virar a maré do conflito e… já deve conhecer este jogo por agora, certo? A nossa análise ao jogo pode ser encontrada mais abaixo e, de facto, não tenho muito mais para adicionar sobre o âmbito e jogabilidade. Contudo, há algumas novidades nesta versão, pelo que nos vamos focar nas novidades trazidas pela Nintendo Switch.

A natureza deste título permanece obviamente intacta. Somos na mesma um atirador de precisão, o que significa que a maneira mais inteligente de abordar as missões será com um planeamento cuidado e racional de cada movimento e acção. Isto é possível, marcando os inimigos à distância com binóculos, eliminar um de cada vez e cobrindo sempre os sons da nossa arma o mais possível recorrendo a subterfúgios.

Como seria de esperar, a obsessão dos detalhes para o tiro de longo alcance permanece nesta versão. Dependendo da dificuldade escolhida entre as quatro possíveis, terão uma balística mais ou menos realista, influenciada ou não pelo vento, com a qual se familiarizaram para entender a que altura atirar. Acertar num inimigo a cento e cinquenta metros de vocês, exige ter isto tudo em conta, até mesmo na pequena e limitada consola.

A Nintendo Swich satisfaz tudo isso de uma forma bastante flexível, com controlos de giroscópio para precisão extra durante os nossos planos gerais e, obviamente, permitindo-nos jogar em frente da televisão ou com a opção de portabilidade completa. Obviamente, o que notarão principalmente é a menor capacidade técnica desta versão. Na Switch a performance visual do jogo está trancada nos 30 fps, especialmente em modo portátil.

E devo dizer que encontrei alguns problema técnicos significativos, como constantes pop-in de texturas e detalhes, especialmente no modo portátil. Também aconteceu cair de um penhasco e passar pelo solo para o infinito. São alguns aspectos que tornam o jogo um pouco “áspero”, o que não faz grande sentido num título já com mais de três anos. Honestamente, não estamos, com certeza, perante a melhor versão de Sniper Elite 4.

Felizmente, a consola traz algumas novidades para dar algum sentido a esta versão. Para tornar as mãos de Karl mais firmes, temos de prender a respiração, tornando o tiro mais preciso, aumentando com isso o batimento cardíaco do protagonista. Esta lógica torna-se perceptível graças ao HD Rumble dos comandos Joy-Con. A nível da oferta multi-jogador, esta versão inclui dois modos cooperativos com missões de campanha e de sobrevivência e outros seis modos competitivos diferentes, nos quais é possível enfrentar outros jogadores online ou ligando localmente a outras Switch em nosso redor.

Veredicto da versão Nintendo Switch

Sniper Elite 4 para a Nintendo Switch será uma boa adição nesta consola em que não abundam muitos jogos de acção “mais sérios”. A componente técnica não é tão apurada como em outras plataformas mais potentes e “tropeça” em alguma falta de polimento. Ainda assim, o mapeamento dos comandos Joy-Con são bem feitos e a oferta de modos de jogo é simpática. Se são fãs de jogos deste género, terão uma experiência de “sniping” profunda e satisfatória. A portabilidade é, obviamente, um bónus.

[Análise original de 17 de Fevereiro de 2017]

Agora em Itália, a lendária série que nos permite ganhar a Segunda Guerra Mundial com uma espingarda de sniper e muito engenho está de volta. Sniper Elite 4 continua a mostrar que eliminar Nazis em câmara lenta e em visão de raio-x ainda não passou de moda.

Por mais que as produtoras tentem, os jogos de acção na primeira ou na terceira pessoa acabam sempre por oferecer praticamente o mesmo. Só quando um jogo se foca numa determinada especialidade é que acaba por se destacar. O tiro furtivo, vulgarmente chamado de “sniper”, até já teve alguns jogos que dão particular destaque a esta especialidade. Claro que nem todos chegam à qualidade reconhecida da série Sniper Elite. Apesar de parecer simples, este jogo tem muitos pormenores que precisam atingir um determinado padrão de qualidade: A balística, a atitude da inteligência artificial e a interação precisam estar apuradas e oferecer um desafio lógico. Caso contrário, temos apenas mais um jogo para dar tiros que rapidamente todos esquecemos. Talvez porque a produtora Rebellion parece ter encontrado a fórmula ideal, estamos uma vez mais empolgados em deitar no chão e “montar a tenda”.

Para quem não sabe, na gíria dos desportos e jogos de acção em que um soldado assume o papel de sniper, chamam-no de “campista” ou “camper”. Isto porque de um modo geral, os jogadores passam muito mais tempo parados a olhar para o óculo da mira que mais parece estarem a fazer campismo à espera que um incauto passe por eles. Sniper Elite 4, no entanto, quer fugir a este estereótipo de uma forma nada subtil. Já em jogos anteriores da série, a espingarda de longo alcance é apenas uma das várias ferramentas disponíveis para cumprir a missão. Neste quarto jogo, esta lógica mantém-se com muito incentivo a usar bem mais que tiro furtivo para terminar cada missão. Claro está que o tiro à distância é o principal atractivo deste título e para o promover, nada como as famosas e brutais cenas em câmara-lenta do trânsito da bala e dos ossos e crânios dos Nazis a explodir em raio-x.

Depois de passarmos pela Europa em escombros e até por África, Sniper Elite 4 leva-nos à Itália fascista de 1943, ainda preservada pelos horrores da guerra, mas não por muito tempo. Das cidades decrépitas, passando pelos desertos com oásis, chegamos a paisagens mediterrânicas com muito verde a contrastar com as vilas pitorescas. Uma mudança dramática para Karl Fishburne do OSS (Office of Strategic Services, antecessora da actual CIA) que agora tem a missão de apoiar os esforços da Resistência Italiana. Contudo, apesar da mudança de palco, a acção é a mesma: matar Nazis, um tiro de cada vez. Desta vez entre vinhas e escarpas costeiras, meticulosamente desenhadas.

Pelo meio do enredo, Fishburne justifica a sua violenta passagem por Itália, com missões principais e secundárias, quase sempre relacionadas com alguém a morrer. Por isso, não há muito que enganar sobre o que fazer. No mapa vão encontrar diversos pontos de interesse para intervir, seja eliminando oficiais, seja limpando checkpoints Nazis ou ainda com algumas operações de sabotagem. O enredo, como devem esperar, é claramente acessório.  Baseia-se, claro, em acontecimentos reais e algumas personagens históricas até são verosímeis, mas não esperem que, algures na História, um Sniper tivesse resolvido todo um conflito num país em pouco mais de 10 horas de campanha.

A nível de interacção, o importante mesmo é que neste tipo de jogos o tiro seja realmente realista e recompensador. Nos níveis mais baixos de dificuldade deste título, temos ajudas de precisão como uma mira de precisão que calcula trajectória e desaceleração de tempo. Se querem algo mais realista, experimentem os níveis mais altos de dificuldade. Mesmo assim, nos níveis mais baixos continuamos a contar com os vários efeitos de balística como a gravidade e o vento, por exemplo. É essencial compensar trajectória para o tiro perfeito, exalando um longo suspiro. E até podem usar supressores de som, munição supersónica e até esconder o som do tiro esperando por um outro ruído ambiente para o camuflar, como uma explosão de um canhão ali perto.

Quanto não temos muita hipótese de tiro furtivo, Sniper Elite 4 dá-nos uma metralhadora, uma pistola (silenciada ou não), diversos explosivos e granadas e até usar pistolas de flares inimigas para pedir artilharia para eliminar os “pobres” sentinelas insuspeitos. Que tal rebentar um camião por fazer explodir o tanque de combustível? Se isto não bastar, podemos colocar armadilhas de vários géneros como colocar minas, por exemplo, em corpos de adversários que, quando o inimigo vai investigar, explodem. Subtil, não? Há até novas câmara-lentas com raio-x para estilhaços de explosivos! E quando nada disto funcionar, nada como surpreender o adversário e esfaqueá-lo ou sufocá-lo sem piedade. Como veem, acampar é o que não vamos fazer neste jogo.

O que mais saltará à vista neste quarto jogo é o claro trabalho de detalhe visual. Já mencionei que os mapas desta nova aventura possuem um desenho meticuloso. De facto, a arte do jogo está realmente fantástica e é uma evolução muito positiva do último título. Os mapas são bem mais amplos e com menos caminhos pré-definidos, embora também lá estejam. A ordem com que limpamos uma área é da nossa inteira responsabilidade e até somos galardoados com mais pontos se atingirmos objectivos secundários, como destruir câmaras de filmar. E, claro, nos vastos mapas, há coleccionáveis para descobrir

Mas não foi só o detalhe e a dimensão de cenário que me mereceram atenção. As já mencionadas câmaras lentas e em raio x possuem muito mais detalhe e… bom… pedaços de osso e vísceras para os mais interessados em anatomia. A Rebellion sábia que este era um claro destaque na arte do jogo e não esteve por meias medidas. Mesmo que isso vos dê algumas voltas ao estômago. Por mais macabro que seja, nada substitui um “headshot” perfeito, onde até voa o capacete. Embora seja doloroso ver, o lendário tiro certeiro no baixo ventre continua a ser uma imagem de marca da série. E até os golpes de mão de Fishburne por vezes despoletam uma violenta cena como a da imagem acima.

Contudo… há coisas que nunca mudam. Sim, agora é possível esgueirar por mais zonas, andar e esconder em arbustos e até fazer tiro realmente furtivo a mais vastas distâncias graças ao mundo aberto de cada missão. Contudo, continuei a encontrar zonas de bloqueio intransponíveis porque Karl continua a não poder saltar obstáculos. Por exemplo, numa determinada zona, não conseguia ver o adversário por causa de uma colina que terminava numa escarpa e que nos separava. Infelizmente, não pude achegar-me ao limite dessa escarpa para fazer tiro por causa de um pequeno muro que não podia saltar. Enfim, não é de agora esta limitação, nem este é o único jogo com esta falta na interacção.

Apesar da Inteligência Artificial ter sido claramente melhorada, ainda não é desta que atinge uma lógica de perfeição. Agora, se dermos um tiro e o inimigo ouvir, já não vai a correr investigar. Vai fazer um perímetro e se houver mais que um soldado, fazem cobertura uns aos outros. E também se baixam todos ao som de um tiro nosso. Se formos vistos, os inimigos até manobram para nos flanquear. Tudo isto é positivo, de facto. Contudo, o facto de rapidamente desistirem de procurar ao fim de escassos segundos, agindo como se nada fosse, torna-se uma mecânica de fácil exploração. Eliminamos um elemento, aguardamos que o cooldown termine, repetimos o tiro e fazemos isto vezes sem conta, sem que o inimigo conclua que, se calhar, era mais lógico procurar melhor a origem dos tiros.

Felizmente, terão modos de jogo multi-jogador que visam ampliar a experiência de jogo, eliminando esta limitação da Inteligência Artificial. No entanto, já noutros capítulos desta série passei um pouco ao lado dos modos online. Isto porque colocar snipers contra snipers resulta em sessões pouco dinâmicas e muito na base de “adivinhar” posições, usando muito os binóculos para apanhar jogadores desprevenidos. Mesmo com o atractivo da progressão de carreira ser comum entre jogos multi-jogador ou na campanha, parece-me que o online acaba por ser mais uma distracção que um complemento. Se querem mesmo jogar com amigos, experimentem a campanha cooperativa e terão uma nova dimensão de jogo. Afinal, na vida real, um sniper anda sempre com o seu spotter ao lado.

Veredicto

Claramente uma evolução para a série, Sniper Elite 4 demonstra bem como um conceito amadurecido, mesmo confinado a uma estilo único de uma especialidade tem o seu lugar. Tantas vezes com um papel secundário em jogos de acção, o tiro furtivo tem, mais uma vez, um jogo muito interessante, com mecânicas de tiro muito realistas e uma qualidade visual acima da média. A produção dá-nos mais liberdade com mapas maiores e mais ferramentas para executar missões. Embora nem tudo esteja perfeito, com algumas falhas recorrentes de inteligência artificial e de movimentos, o quarto capítulo justifica-se por si só. Nem que seja para revermos as míticas câmaras-lentas com raio-x que teimam em dar-nos um sorriso macabro.

  • ProdutoraRebellion
  • EditoraRebellion
  • Lançamento14 de Fevereiro 2017
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroAcção
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Movimentos da personagem continuam limitados
  • Melhorias na IA limitadas por lógica
  • Multi-jogador algo acessório

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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