Scribblenauts Showdown traz de volta o seu enorme repertório de quebra-cabeças criativos. Só que, agora, surge com um novo molde de mini-jogos bem ao género de Mario Party. Será que mantém a liberdade que apreciámos nos jogos anteriores?
O principal foco da série não é o seu grafismo ou sequer o realismo. O verdadeiro foco é puxar pela nossa criatividade ao criar qualquer objecto que nos vier à cabeça para interagir com o mundo virtual. Para conseguir este feito, Scribblenauts possui um dicionário interactivo com mais de 35000 objectos que podemos usar escrevendo apenas o nome do que pretendemos. Em teoria, o conceito é apelativo mas, na prática, a série não conseguiu alcançar o interesse pretendido. Vejamos como o conceito se safa nesta nova aventura.
Scribblenauts foi originalmente lançado em 2009 com este conceito fora do comum. Realmente, não há muitos jogos que nos coloquem vários quebra-cabeças com um objectivo muito vago de usar a criatividade para os resolver. Recordo-me de um dos puzzles nesse título que pedia para proteger um pic-nic de um assalto de formigas. Entre as possíveis soluções, podíamos chamar um papa-formigas para as dizimar ou, simplesmente, construir uma parede de protecção. Dá para perceber o nível de criatividade possível.
A verdade é que era mais divertido andar livremente pelo cenário a tentar criar todo o tipo de objectos, de modo a experimentar várias possibilidades. Era muito mais interessante que tentar solucionar estes problemas de forma directa. Isto era evidente principalmente nas sequelas, onde era possível também adicionar adjectivos. Imaginem criar umas escadas que afinal descobrem que não têm altura suficiente, adicionam o adjectivo “Gigante” e voilá! Pensar “fora da caixa” é essencial nesta série.
Com a 5th Cell afastada desde 2013, a Warner Bros., editora responsável pela série, decidiu colocar a equipa da Shiver Entertainment para uma última tentativa. O resultado traz ideias novas para tentar revitalizar a série. Entre essas ideias, está a de podermos jogar com um amigo de forma cooperativa ou competitiva através de vários mini-jogos. Como já disse, o maior foco de Showdown são os tais mini-jogos ao género de Mario Party. O que o coloca num caminho claramente diferente dos jogos anteriores.
Existem dois modos para estes mini-jogos: Wordy e Speedy. Em Wordy somos recompensados pela criatividade, como, por exemplo, ao invocar uma Chita para ganhar uma corrida. Contudo só existem 12 jogos em Wordy e os restantes 15 mini-jogos não dão uso ao dicionário, recompensando apenas o mais rápido… daí o título Speedy. Senti que estes outros jogos foram todos criados com acessórios de movimento em mente. E talvez seja essa a razão pela qual Scribblenauts Showdown tenha sido também lançado para a Nintendo Switch. Por cá, tivemos acesso à versão da Xbox One e esses movimentos foram adaptados aos comuns botões do comando. Como podem calcular, o impacto destes mini-jogos não é o mesmo.
À parte da falta de variedade nos mini-jogos, existe um outro problema maior: A escrita. Como já devem ter percebido, este jogo funciona à base da criação de objectos e para criá-los é necessário escrever o que pretendemos. A produtora tentou resolver (ou, pelo menos, diminuir) o problema usando um teclado circular onde cada botão fica associado a uma letra que seleccionam com o analógico. Talvez com o hábito se torne mais rápido, mas a reorganização das teclas fizeram-me perder imenso tempo à procura das letras, quebrando todo o ritmo do jogo.
A parte mais interessante do jogo são os seus oito níveis Sandbox. Sendo este o modo mais próximo dos jogos originais, até nos dá alguns objectivos mas passam completamente despercebidos caso não liguem às dicas. Pelo menos aqui, poderão divertir-se sem restrições. E agarrarem um amigo para se sentar ao vosso lado para jogar e a tentar resolver os quebra-cabeças, será ainda mais divertido. Sobretudo porque contam com a ajuda da criatividade individual de cada um.
Mas, com este sandbox voltamos ao problema inicial. Depois de algum tempo a experimentar, rapidamente resolvemos os níveis e não sobram muitas mais coisas para fazer. Apesar de ser um título pensado para ser jogado com amigos, não existe um modo multi-jogador online para explorar essa capacidade cooperativa ou competitiva. E isso deixa-nos sempre dependentes de amigos ou familiares lá em casa para jogar. É possível jogar sozinho, notem, mas se já o fizeram antes, entenderão o potencial de jogar com outros jogadores.
No plano técnico, com todos os objectos que são possíveis criar e invocar, Scribblenauts sempre foi um título a duas dimensões com ambiente de banda desenhada, nunca chegando a exigir quase nada do hardware. Funciona como um típico jogo de plataformas, onde qualquer pessoa, mesmo sem qualquer experiência, consegue aprender a jogar muito rapidamente. Também é simples de interagir porque não é necessário controlar a câmara, a mira ou gerir um inventário. Só é necessário movimentar a personagem, saltar e realizar acções com um único botão. Até mesmo os mais novos irão estar “em casa”.
Veredicto
A mecânica principal de Scribblenauts continua presente e é impressionante como nos puxa pela criatividade. Há algo viciante na sua mecânica de podermos escrever o que pretendemos e termos imediatamente o objecto à nossa frente. Contudo, o resultado desta tentativa de revitalizar a série, acabou por não resolver os seus problemas iniciais. E até acabou por criar outras novas questões. É realmente interessante jogar com amigos, abrindo um novo potencial. Mas, a diversão vai acabar depressa.