SackboyABA (1)

Análise – Sackboy: A Big Adventure (Actualização: PC)

“A aventura continua”. A Sony Interactive Entertainment trouxe, finalmente, Sackboy: A Big Adventure ao PC, a par dos seus demais títulos que têm sido enormes sucessos nesta plataforma.

Embora o jogo da Sumo Digital tenha a devida qualidade para chegar ao PC, é normal que nem tenham reparado no anúncio de Setembro. É talvez o jogo da SIE que mais rapidamente foi portado para PC, sem contar com as remasterizações de Uncharted, porque não são propriamente novos lançamentos. Tendo sido lançado há cerca de dois anos, Sackboy tem o estatuto necessário, recordando que a Sony pretende que os jogos possuam uma janela de, pelo menos, um ano nas consolas até que cheguem ao PC. E ele aqui está, pronto para uma nova aventura noutros “ares”.

Vou ser sincero. Tudo o que precisam saber deste jogo, mesmo até ao nível da sua oferta geral (ainda sem editor de níveis), podem descobrir lendo a análise original em baixo. Ao longo destes dois anos, a produção não parou de aperfeiçoar o jogo e de acrescentar mais e mais fatos para o pequeno Sackboy usar na sua epopeia. De resto, tirando as diferenças técnicas que já irei mencionar, o jogo é praticamente o mesmo, com as mesmas lógicas de jogabilidade, aproveitando de igual forma as funcionalidades do comando DualSense (se o usarem no PC).

É uma constante que não me canso de realçar. Esta repetida vontade da Sony em trazer a melhor experiência possível dos seus jogos ao PC, sempre com o intuito de oferecer a mesma qualidade e quantidade aos jogadores, merece destaque. Por um lado, é óbvio que a SIE não pode “deixar o seu crédito em mãos alheias” e lançar alguma versão inferior numa plataforma mais exigente. Por outro, os jogos já foram tão aprimorados nas consolas PlayStation que não havia muito para errar.

Ainda assim, não é inédito que estes jogos portados possuam uma ou outra falha na nova versão. É perfeitamente normal que, ao adaptar um jogo de produção interna, criado para a PlayStation 4 ou PlayStation 5, não seja contemplada uma futura conversão para outra plataforma. Mas, não parece ter sido o caso deste título. Criado com o Unreal Engine 4, não posso dizer que já tinha sido criado a pensar nesta transição mas… fico com a sensação que o real trabalho de conversão foi muito escasso, mais virado para a optimização, que até nem é perfeito (já falamos nisso).

Porque é, de facto, na maior capacidade teórica do hardware (depende do vosso PC, claro) que surgem as novidades. O destaque, obviamente, vai para o maior nível de fotogramas possíveis, até 120fps. Em paralelo com a versão da PS5, também no PC há rapidez no carregamento e taxas de refrescamento variável, em PCs compatíveis claro. Quem possuir uma placa gráfica GeForce RTX terá o prazer de usar a tecnologia DLSS para uma melhor optimização gráfica, sem perdas de performance. E temos também o devido suporte para monitores ultrawide, que não podia faltar.

E, enfim, tudo o resto é francamente igual. A mesma aventura de plataformas e puzzles engenhosos, a mesma diversão a solo ou em modo cooperativo (onde o jogo realmente brilha), o mesmo design divertido e colorido, as mesmas secções enganadoramente difíceis… este é um jogo tão divertido, quanto viciante. Tudo bem, não é bem concebido para os jogadores mais “hardcore”, muito por causa do seu tom descontraído e alguma facilidade nas lógicas de jogo. Mas, é na mesma um óptimo título para toda a família, não há qualquer dúvida.

Infelizmente, nem tudo é “ouro” neste port. Notei algumas questões com “stutters” aqui e ali, pelo que me deu a entender, será algo relacionado com a ocasional compilação de shaders pela placa gráfica. Em PCs menos capazes será mais notório mas, mesmo num PC com hardware acima do recomendado, isto traduz-se em variações breves mas notórias nos fps. Por outro lado, se adquirirem este jogo na plataforma Steam… terão de o instalar via Epic Games Store. O que é uma limitação, no mínimo, insólita.

Veredicto da versão PC

Talvez não seja a melhor introdução à “pequena grande” mascote da PlayStation. Gostaríamos de ver Little Big Planet regressar à ribalta, adicionando a enorme comunidade PC ao “bolo” criativo. Ainda assim, o seu “primo”, Sackboy: A Big Adventure continua a ser um jogo divertido e com muito boas ideias. Agora no PC, tem uma nova oportunidade de brilhar com mais e melhor hardware disponível. Infelizmente, possui alguns problemas de optimização e de implementação mas, nada que não se resolva com um sorriso do protagonista (e algumas actualizações).

[Análise Original de 13 de Novembro de 2020]

Todos reconhecem que a série Little Big Planet teve os seus destaques mas o maior de todos foi mesmo o próprio protagonista, Sackboy. Não é apenas uma das (várias) mascotes da PlayStation, para muitos é “A” mascote. O pequeno boneco de trapos há muito tempo que reclamava a sua própria aventura e ela aí está: Sackboy: A Big Adventure, um jogo de lançamento da PlayStation 5 (também disponível na PS4).

A excelente visão e design da Media Molecule, continua intemporal. Agora que a produtora original dos dois primeiros jogos da franquia está lançada noutros sonhos, a Sumo Digital tem honrado muito bem este legado e penso que esta nova aventura é a consolidação perfeita do empenho (e carinho) pela série. Contudo, este não é mais um capítulo do robusto construtor mundos, disfarçado de jogo de plataformas. Esta nova aventura do pequeno Sackboy é mesmo um jogo de plataformas em três dimensões, sem disfarces. Ou seja, não tem aqui elementos criativos, mas tem muito, mesmo muito carisma. O ADN de LBP está lá, sem dúvida, mas esta é uma aventura única.

No pequeno mundo colorido de Craftworld, onde os pequenos bonecos deambulam alegremente, acontece um autêntico cataclismo. Um tal de Vex, um ser gigante que mais parece um jogral, surge neste mundo pacato para raptar os habitantes e a sua criatividade. Apenas o pequeno Sackboy consegue escapar num foguete, habilmente roubando os planos do palhaço maquiavélico. Desorientado, o pequeno boneco recebe uma preciosa orientação de Scarlet, uma idosa Sackgirl que agirá como mentora desta nova epopeia. O protagonista tem de derrotar Vex, resgatar os amigos e reestabelecer a ordem no seu simpático mundo tomado de assalto.

Para esse fim, temos de ir conquistando várias áreas e mundo, numa sequência que, como certamente já adivinharam, age como compilação dos níveis do jogo. Temos, ao todo, cinco mundos para explorar, cada um com o seu design e características únicas, completado-o para seguir para mais uma porção de enredo. Todos estes níveis agem como gigantes áreas de plataformas, que escondem mini-jogos de perícia, puzzles em grande escala e a devida exploração. No fim de cada mundo explorado, como não podia deixar de ser, há um vilão para derrotar e, assim, desbloquear o próximo mundo. Entre missões,  temos ainda um mapa interactivo, que é como um hub para navegar por todos este níveis.

Em cada nível, jogamos com Sackboy para progredir nas várias áreas, apanhando bolas e guizos que se transformam em divisa para comprar toda a sorte de disfarces na loja do divertido Zom Zom. Temos imensos objectos para interagir, quase sempre dando um safanão em algo, até mesmo em adversários. Todos os níveis são algo lineares, podendo ser transpostos de formas diferentes, sim, mas há uma certa limitação para seguir em frente, sendo raro conseguir retroceder. Há imensos segredos e zonas escondidas que podemos perder, mas voltar atrás nem sempre é possível, só repetindo uma secção.

Numa nota francamente positiva, todo o jogo poderá brevemente ser jogado cooperativamente, até quatro jogadores. Aliás, nota-se que muitas secções são mesmo desenhadas para mais que um jogador e isso é particularmente evidente na amplitude e complexidade dos puzzles na segunda metade do jogo. Infelizmente, à data desta análise, não pude testar o modo cooperativo online que só chegará mais lá para o final do ano. Até lá, poderão jogar tudo a solo ou em coop local, descansem. Este tipo de jogos são excelentes para entreter toda a família em grupo, em especial com um jogo com um tema e imagem tão juvenil. É pena ainda não termos já um formato online.

Este jogo transpira todo o visual e design de Little Big Planet, como já viram. Tal como na franquia que serve de base, todo o design assenta em pequenas peças e objectos tornadas peças de cenário, dada a dimensão das personagens. E está de regresso a banda-sonora vibrante, cujos temas acompanham muito bem a acção do jogo, servindo mesmo de marcador de ritmo em algumas secções. Graças ao hardware mais potente da PlayStation 5, este é também um jogo francamente polido e muito fluido do início ao fim. Isto, mesmo em cenas intermédias que fazem o melhor que podem para dramatizar a história.

Sem dúvida, esta nova aventura traz uma visão nova ao universo de Sackboy, extremamente detalhada e polida, muito graças à nova tridimensionalidade atribuída. Já tínhamos elementos 3D em LBP, obviamente, mas, mesmo em níveis criados na comunidade, havia uma certa falta de profundidade nas plataformas. Controlar Sackboy livremente é algo que já se pedia há muito. Esperem pelos power ups, como as botas voadoras ou o lendário gancho com corda, para a jogabilidade realmente começar a brilhar. Diria que a jogabilidade só começa a impressionar a partir do terceiro mundo.

Algo que poderá dividir a comunidade é mesmo este tom descontraído que esconde um jogo realmente bem construído e robusto. Não só pelos checkpoints francamente generosos, mas também pelos poucos danos ou perigos para o protagonista, este é um jogo, de certa forma, facilitador. Não tem nada a ver com o desafio de alguns puzzles ou modificadores de jogo, notem. Este facilitismo tem apenas a ver com os confrontos com adversários ou nos elementos de risco. As secções em que usamos armas, por exemplo, são algo insípidas. Este não é um “shooter”, bem si, mas esperava algo mais complexo.

Não estou a dizer que precisava ser realmente violento. Apenas achei que podia, pelo menos, ter um modo mais difícil e sem tantas “redes de segurança”. O intuito será entreter, a explorar, a resolver os puzzles, a procurar os inúmeros coleccionáveis e peças de indumentária escondidas pelo mapa. Não será tanto o de combater hordas de monstros, obviamente. O combate é só uma variável da acção de plataformas, típica deste tipo de jogos, de certa forma, algo incontornável.

O que gostei menos? Bom, por mais que este jogo tente ter uma identidade própria, é inevitável que acusemos a ausência de alguma forma de criação de níveis. Não é um LBP, fica bem claro para todos, mas aproveitar este mundo fantástico e não encaixar ali algum formato de ferramentas de criação é, quanto a mim, uma oportunidade perdida. Não vou tomar isto como um ponto negativo, vou apenas desejar que a Sumo Digital possa um dia pensar numa expansão com criador de níveis neste fantástico ambiente. Era óptimo.

Como jogo de lançamento da PlayStation 5, Sackboy: A Big Adventure tira perfeito partido das novas funcionalidades. Já deu para perceber que o visual é fantástico, mesmo neste ambiente tão animado, sem esquecer a perfeita integração nas demais características da nova consola. Contudo, esperava um pouco mais no aproveitamento do fantástico DualSense. Só pedia mais uso do feedback háptico ou dos gatilhos adaptativos do comando. Como está, é competente mas podia listar inúmeras interacções que seriam melhores com um uso mais profundo das capacidades do comando.

Veredicto

O pequeno mas valente boneco de trapos, carinhosamente adoptado como mascote da PlayStation, não podia faltar no lançamento da PS5, também chegando à PS4. Contudo, Sackboy: A Big Adventure não é só mais uma entrada na mítica série que nos trouxe o protagonista. É uma nova aposta, um novo rumo com plataformas 3D, embora pareça tão familiar. É uma excelente aventura para toda a família, especialmente quando estrear o modo cooperativo. Visualmente é fantástico, muito rico em conteúdo e, deem-lhe tempo, bastante desafiante. Só sinto a falta de um editor de níveis… Será pedir muito?

  • ProdutoraSumo Digital
  • EditoraSony Interactive Entertainment
  • Lançamento12 de Novembro 2020
  • PlataformasPS4, PS5
  • GéneroAventura, Plataformas
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Falta o modo coop online no arranque
  • Gostava de um editor de níveis
  • Gostava de mais aproveitamento do DualSense

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários