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Análise: Resident Evil 5 HD

É capaz de ser o mais controverso título da série mas, talvez por causa disso, também o mais popular de sempre. Resident Evil 5 está de regresso, desta vez remasterizado para a PlayStation 4 e Xbox One e contamos como é voltar a Kijuju na pele de Chris e Sheva.

Em Março de 2009 este título foi lançado envolto em alguma polémica. Não tinha sequer a ver com a sua qualidade técnica, essa até foi aclamada. Tinha a ver, segundo alguns críticos, com um teor algo racista ao ter Chris Renfield (caucasiano) a desancar hordas de zombies Africanos. A situação gerada pelos primeiros trailers, foi atenuada com a inclusão de Sheva, com ascendência Africana, mas a polémica já estava instaurada. Mesmo assim, chegou a bater a marca impressionante dos 7 milhões de unidades vendidas, tornando-se o título de maior sucesso da série. E apesar da sua qualidade gráfica (para a altura) e outros pormenores, a sua dinâmica de movimento e tiro até foi algo sofrível. Com esta remasterização, a Capcom podia rever os problemas que travaram este jogo de ser um dos melhores de sempre. Será que aproveitou esta oportunidade?

Temos de ter em conta que este relançamento não é um remake, mas sim uma remasterização. Logo, a produção não iria alterar mecânicas ou modificar lógicas do jogo original. Como um título remasterizado, Resident Evil 5 HD é uma réplica polida do jogo de 2009. O que traz consigo todas as virtudes e todos os problemas do título original às novas consolas. Há dois lados da mesma moeda a ter em conta: por um lado, os puristas e os nostálgicos vão podes jogar o título que aprenderam a gostar, por outro, os recém-chegados, habituados a outros shooters na terceira-pessoa, vão estranhar algumas opções de design deste jogo. E também os que já não gostaram da acção do jogo original não vão ter aqui muitas justificações para pegar nesta reedição.

Vou começar mesmo por aí, pela componente da acção. Afinal, Resident Evil sempre foi sinónimo de terror, porque é que este é um Third Person Shooter de acção? Apesar de Resident Evil 7 desejar voltar às origens do Thriller de terror, desde RE 4 que a série já tinha enveredado por uma componente de acção. Este foi o título que se enraizou mais neste género, embora as suas opções ao nível da interacção fossem discutíveis. Seria bom se este fosse ou um bom jogo de terror ou um bom jogo de acção. Acontece que não chegou a ser nem uma coisa nem outra. E nesta remasterização nada mudou.

Quem sabe a pior opção de lógica deste título é não podemos andar e disparar ao mesmo tempo. Acabamos muitas vezes encurralados por que não nos podemos mover enquanto disparamos. Isto, aliado à falta de munições omnipresente, com a urgência de fugir enquanto rodeados de zombies e alguma falta de fluidez, parece-me mais uma forma simplista de aumentar a dificuldade, havendo muitas outras formas mais simpáticas de o fazer. A dada altura os movimentos mecânicos, a inteligência artificial demasiado sintética e nada fluida, aliada à sequência quase ininterrupta de adversários, faz-me lembrar aqueles Rail Shooters dos anos 90. Nada mudou nesta remasterização e, quanto a mim, é uma lógica que afastará muitos jogadores.

Felizmente que esta mecânica pode ser atenuada com a acção cooperativa. Continuamos restritos em movimentos mas, pelo menos, conseguimos uma melhor cobertura com dois jogadores que podem jogar em ecrã dividido, melhorando bastante a experiência. Se não tiverem ninguém para ajudar, Sheva pode ser a nossa companheira virtual e até se comporta bem nesse papel. No entanto, nada bate dois sujeitos em apuros, sem munições e rodeados de zombies a barafustar com a mecânica de tiro e movimento. Há fases de exploração e de resolução de puzzles que oferecem alguma variedade, felizmente.

Em termos de conteúdo, esta versão remasterizada traz consigo todos os DLC disponibilizados para este jogo depois do seu lançamento. Assim sendo, contem com algumas missões adicionais de campanha separadas da história principal, algumas ficando só disponíveis depois de avançar no enredo, como Lost Nightmare que só é jogável depois de um evento específico do capítulo 3. Há também modos multi-jogador adicionais em pacotes que foram lançados depois do jogo ter sido editado e que  expandem ainda mais a experiência online. De resto, o jogo está intacto do princípio ao fim, o que nos leva a perguntar o que é que é realmente novo para justificar a sua reedição.

Tal como a sigla HD indica, a principal novidade desta remasterização é a revisão em alta definição do jogo. Resident Evil 5 corre agora 1080p na PlayStation 4 e Xbox One com uma taxa de fotogramas por segundo mais elevada. Só que, apesar de ser notável este aumento de FPS, é também perceptível que o jogo não consegue manter os 60 FPS anunciados em algumas secções com mais modelos e animações. É um salto qualitativo desde as versões PS3 e X360, mesmo assim. Só que as texturas, paletas de cores, modelos e animações são exactamente os mesmos de há 7 anos. E isto faz com que este título acuse alguma idade. De remasterização, na verdade, tem pouco, ficando a parecer mesmo só um port para a nova geração.

 

Veredicto

Se eram fãs de Resident Evil 5, não preciso recomendar este título. É obrigatório jogá-lo novamente, agora em versão HD. No entanto, se procuram algum tipo de “upgrade” gráfico ou alguma alteração nas suas lógicas e interacção, vão ficar desapontados. O jogo não passa de um port para a nova geração, o que pode desapontar muita gente. Quem só agora pegar neste título, vai sentir que o grafismo acusa idade e que os modelos e texturas podem não fazer jus à capacidade de processamento das consolas actuais. O que é uma pena, uma vez que sendo este o título de maior sucesso da série, merecia alguma revisão nas suas falhas para trazer um título de acção definitivo.

  • ProdutoraCapcom
  • EditoraCapcom
  • Lançamento28 de Junho 2016
  • PlataformasPS4, Xbox One
  • GéneroAcção
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Mecânica de tiro estático não foi modificada
  • É mais um port que uma remasterização

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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