PES2018 (4)

Análise: PES 2018

Como todos os anos temos este mini-campeonato para encontrar o grande simulador de futebol do ano, PES 2018 aí está para disputar a taça. Com o seu rival ainda em produção, mostra os seus argumentos para tentar recuperar o seu ido estatuto de campeão.

Há já uns 10 anos que o rival FIFA Football passou a ser a preferência em videojogo de muitos fãs do chamado “desporto-rei”. Obviamente, haverão sempre defensores do ritmo e da jogabilidade de Pro Evolution Soccer. E desde há duas ou três edições que tenho vindo a dizer que PES evoluiu bastante a sua fórmula. Já no ano passado fiquei deslumbrado com o visual e com o controlo de bola de PES2017. Achei mesmo que era só preciso preencher algumas lacunas e teríamos um jogo quase perfeito. Infelizmente, algumas dessas lacunas não serão preenchidas tão depressa, dada a agressividade da concorrência em obter contratos e licenças das ligas e jogadores. Mesmo assim, PES 2018 surge cheio de ganas de continuar a recuperar audiência. Vejamos como está o plantel este ano.

https://www.youtube.com/watch?v=y0FCfnmlEwI

Tal como no ano passado, não esperem grandes saltos qualitativos ou de conteúdo. O forte deste jogo será sempre nas subtis novidades em campo, onde a jogabilidade não precisa de muitas alterações. A disputa e controlo de bola refinados no título anterior serão das melhores simulações que irão experimentar. A ambiguidade do resultado, a “explosão técnica” de um jogador que faz a diferença, a reviravolta que parecia impossível, a estratégia que funciona, enfim, este é e será sempre o ADN de PES, que só desejo que a Konami nunca mexa. No entanto, há que justificar a chegada de numa nova edição que traga algo de novo. Mesmo que sejam pequenas melhorias, alterações ou novidades, longe dos grandes saltos técnicos ou de conteúdo que a concorrência parece apostar.

Uma das novidades está na maior ênfase dada ao meio-campo. Os distribuidores de jogo e demais médios atacantes ou defensivos possuem agora muito mais protagonismo, retendo mais a bola, cruzando passes e fazendo desmarcações preciosas. Também me parecem jogar mais próximos do ataque ou defesa, deixando o meio-campo de ser apenas um ponto de passagem entre defesas e atacantes. Obviamente que os resultados variam bastante de acordo com a categoria dos vossos jogadores. Jogadores de classe irão mostrar mais dotes de dribble ou de passes do outro mundo, ao contrário dos jogadores mais básicos que até podem estragar a organização de jogo. É tudo uma questão de estatísticas neste jogo.

Essas estatísticas jogam a favor ou contra a nossa táctica. Infelizmente, com jogadores de menor nível é muito normal falhar passes ou simplesmente entregar a bola ao adversário, que está sempre à espreita de um contra-ataque. Para evitar isso mesmo, é preciso dominar a nova funcionalidade de disputa de bola. Basicamente, dois jogadores lutam pela bola em corrida, ombro-a-ombro ou na tentativa de recepção de um passe ou ressalto. Em teoria, dois jogadores reais farão isto usando posicionamento e a sua força física. Neste jogo, porém, temos de confiar que os valores de força e técnica do jogador suplantem os do adversário. Não havendo uma tecla de bloqueio (como temos em FIFA) é quase uma aposta, daquelas em que o jogador mais fraco perde sempre. Mesmo com trocas de jogadores em campo ou mesmo substituições, não me parece muito justa esta lógica, havendo jogadores que parecem invencíveis nestas disputas.

De resto, todas as novidades de controlo de bola, dribble e remates estão presentes nesta edição, tornando o jogo muito familiar. Dada a simplicidade de controlos, muitas das fintas e dos golpes técnicos vão parecer autoamtizados, mas visualmente fantásticos. Só tenho pena que as animações dos jogadores não acompanhem sempre a excelente fluidez de jogo. Falo especificamente da vasta quantidade de vezes em que os jogadores que não controlo viram costas ao lance ou ficam parados a ver a bola passar. Podemos escolher se queremos que o jogo nos assista na troca de jogador controlado ou não, mas parece que não altera muito esta falta de presença da inteligência artificial. Fico frustrado com a quantidade de vezes em que os jogadores não se fazem à bola ou ficam especados, muitas vezes a meros centímetros do lance.

No que toca a conteúdo fora do campo, também não temos muitas novidades de assinalar. O layout e design geral dos menus do jogo, porém, podiam ser bem melhores, quanto a mim. Na sua navegação, continuo com a sensação de estar a jogar o mesmo PES de há uns anos atrás, apenas com outras cores e formatos de menus e botões. Pode até ser implicação minha, mas passei muito tempo nestes menus e continuam tão confusos como me recordo, com essa confusão mais evidente nos demasiados passos para coisas tão simples, como mudar a configuração das teclas do comando. Não é preciso menus espectaculares para este tipo de jogo, admito, mas quando a navegação não é intuitiva ou fluida, acabamos frustrados com tantas opções e procedimentos.

Claro que todos estarão à espera de regressar à lendária Master League, a tal que é capaz de justificar a existência de toda a série. Já no ano passado referenciei que também não houve nada de substancialmente novo, com uns ligeiros refinamentos de contratações e orçamentos. Neste ano, contem com um modo Challenge, com desafios e metas para cumprir e com gestão dos estados de humor do balneário. Gostei da imersão, mas não adianta nada ao jogo em si, só gera mais pressão no Manager. Contudo, notei que as cláusulas de rescisão estão incrivelmente oscilantes, com transferências na ordem dos milhões de Euros para jogadores de baixo nível e estupidamente baixas para alguns jogadores de alto nível. Não consigo compreender porque isto acontece. Deve haver alguém responsável por editar os valores dos jogadores… Não está a fazer um bom trabalho…

Infelizmente, durante o tempo de acesso que andei a jogar PES 2018 os servidores da Konami estiveram encerrados em preparação para o lançamento. Por isso, toda a jogabilidade online e todas as actualizações de plantéis estiveram condicionadas ao que tinha instalado da versão de pré-lançamento. Assumo que todas as estatísticas e valores de transferências e outras questões sejam resolvidas com os novos valores introduzidos pelas actualizações. Lindeloff ainda está no Sport Lisboa e Benfica, assim como Adrien permanece no Sporting de Lisboa e, mais flagrante, Neymar ainda está na capa como jogador do Barcelona. Gostava de ter acesso ao jogo na sua plenitude, testando a oferta online mas não foi possível.

Mesmo assim, pude constatar com a versão em causa que visualmente esta série continua a oferecer uma experiência realmente fantástica. Com cada vez mais realismo nas animações gerais, feições de jogadores, pequenos efeitos gráficos como as camisolas suadas, os gestos dissimulados, as saídas dos balenários tudo é visualmente fantástico. Aliás toda a envolvência é magnífica, digna de uma transmissão televisiva de um jogo de futebol. Mas, nem tudo é perfeito. Não gosto de ver constantes repetições (replays) de lances, mesmo que sejam jogadas perigosas. Quebram o ritmo de jogo e nem sempre são relevantes. Pior mesmo são os comentários dos locutores. A sério, é melhor desligá-los completamente. Além de serem muito repetitivos, são muitas vezes pouco inspirados e fora de contexto.

Mesmo perante todas as condicionantes, um sentimento de pouca evolução e alguns momentos frustrantes, adorei jogar PES 2018. Continuo a dizer, porém, que a sua maior lacuna nem sequer são as questões técnicas, os locutores robóticos ou os menus antiquados. A maior falhas é a falta de licenças. É incrivelmente frustrante que, desde que esta série assegurou as competições da UEFA (Liga dos Campeões e Liga Europa), não seja sequer possível reproduzir as tabelas da fase de grupos destas competições. São mesmo as competições oficiais, com design realista, mas apenas uma porção das equipas presentes está licenciada. Continuam a haver equipas fictícias (“Man Red”, por exemplo, é o Manchester United com os jogadores mais conhecidos representados), mas há ausências de elevada relevância (Bayern de Munique é um dos exemplos mais flagrantes).

Não me adianta muito que o Barcelona e outras equipas espanholas estejam representadas, se a La Liga é fictícia. Pior, nem sequer temos as Ligas ou campeonatos todos, tendo, por exemplo o Borussia de Dortmund licenciado, mas inserido no separador “outras ligas”. Entendo que a Konami não tenha autorização para recriar equipas ou ligas, mas são falhas tremendas de conteúdo. Em vez de achar que isto é uma falha da Konami, prefiro dizer o que já tenho vindo a repetir ao longo de anos: ninguém ganha na guerra das licenças. A EA Sports e a Konami podem batalhar para licenciar equipas ou ligas, garantindo exclusivos, quem perde é sempre o jogador. Gostava muito de jogar um só jogo com campeonatos oficiais, estádios e competições. Penso que, desta forma, isto nunca vai acontecer.

Veredicto

Com o adversário já a sair dos balneários para entrar em campo, PES 2018 fez uma exibição de qualidade, mostrando que a jogabilidade em campo, com a “bola no pé”, é o seu maior trunfo. Infelizmente, o resto da oferta não acompanha bem a qualidade sobre o relvado. Desculpo algumas frustrações de mecânicas que precisam de aprimoramento na movimentação e controlo dos jogadores. Contudo, nada desculpa os comentários repetitivos, os menus algo datados ou a falta de reais novidades. A falta de licenças continua a ser uma grave falha desta série, mesmo com algumas adições significativas neste ano. Este título surge quase que a cumprir calendário, o que não faz jus à excelente evolução do ano passado. A qualidade está lá, só falta aprimorá-la e trazer mais e melhor quantidade.

  • ProdutoraKonami
  • EditoraKonami
  • Lançamento14 de Setembro 2017
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroDesporto
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Alguns erros de animações
  • Comentários
  • Menus algo datados
  • Falta de Licenças

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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