Overwatch2 (hd)

Análise – Overwatch 2

Quem poderia dizer que o primeiro Overwatch viria a ser o enorme sucesso que foi? Esta sequela Overwatch 2, por seu lado, não tem muito a provar, é certo, mas tem muito a perder se for como uma mera expansão.

A manobra da Activision Blizzard foi brilhante, quanto a mim. Ao longo dos anos, Overwatch foi sempre aperfeiçoado para se tornar no título de referência que temos hoje. Por isso, trazer um segundo jogo era arriscado. Se, por um lado, a aposta fosse em “mais do mesmo”, teríamos acusações de “money grab”. Se fosse algo muito diferente, a massa de jogadores veteranos protestava as mudanças. Assim, nada como tornar o jogo “free to play” e tentar agradar a “gregos” e a “troianos”. Desta forma os jogadores não teriam de pagar pela evolução, gostassem ou não dela. E, tecnicamente, ainda teriam o primeiro jogo em mãos.

Bom, mais ou menos. Na verdade, o primeiro Overwatch como jogo individual já não existe, tendo sido absorvido por este novo título num pacote único. Não é muito normal que uma produtora decida este trajecto, tecnicamente extinguindo um jogo pago, para dar lugar a um jogo gratuito para jogar. Mas, no rigor, todo o conteúdo do primeiro Overwatch está presente e todo o conteúdo ganho no primeiro jogo transita para este. Infelizmente, os planos da Blizzard não correram tão bem como esperado.

O motivo de só agora termos uma análise, é óbvio. O jogo foi lançado a 4 de Outubro com imensa expectativa. Infelizmente, não pude participar nas Betas técnicas, pelo que só me pude basear no fui lendo. Como fã do primeiro jogo, lá estava eu à hora marcada pronto para jogar, jogo pré-carregado e… nada. Um ataque informático em larga escala estragou a festa, impedido os jogadores de sequer entrar nos servidores. A culpa não foi, de facto, da produção, que tudo fez para mitigar a situação. Mas…

A decisão de desligar os servidores do primeiro Overwatch foi, assim, uma clara aposta errada. Enquanto a sequela continuava indisponível, o jogadores foram privados de jogar o primeiro título que, recordo, era um título pago. Por outro lado, imensos jogadores tinham erros de login e outros causados pela conexão das contas do primeiro e segundo jogo. Tudo isto poderia ter sido mais suave para todos se, simplesmente, fosse possível ainda jogar o primeiro Overwatch. Não resolvia os problemas, é certo, mas não privava ninguém do seu “vício”.

Mesmo hoje, horas antes de escrever esta palavras, o jogo continua com problemas. Por vezes, surgem filas de espera para fazer login, são menos morosas que anteriormente (centenas e não dezenas de milhar), é certo, mas lá aparecem. As buscas do matchmaking para uma sessão chegam a demorar 5 ou mais minutos (e por vezes até falham). É frequente acontecerem quebras de ligação. E alguns jogadores queixam-se de falta de conteúdo desbloqueado, mesmo com o passe de época adquirido. É um arranque muito tremido e que frustra qualquer fã.

Deixemos o stress dos primeiros dias, porque realmente não são exemplares da qualidade pretendida do jogo. Overwatch 2 foi apresentado como uma revisita à jogabilidade, um nova vida para a série. Foi prometido, entre outras coisas, que os heróis seriam revistos, haveriam novos mapas, novos heróis e novos modos de jogo, além de novos desafios e uma progressão melhorada. E também foi prometida uma nova campanha a solo, o que chamou bastante a atenção, já que o primeiro jogo era inteiramente online e há muito que o lore do jogo justificava algo assim.

Contudo, desde o seu anúncio em 2019, a Blizzard alterou bastante o projecto, pelo menos nas suas prioridades. O que resultou num produto um tanto diferente daquele que muitos esperavam. Além de um novo modo de jogo “Push”, acedemos agora apenas aos modos rápidos e competitivos (casual ou ranked), desaparecendo o modo “Assault”. Temos também três novos mapas e três novos heróis para os modos online e… nada de modo de carreira. A produção anunciou que este modo só será adicionado em 2023, o que não deixa de ser numa falta de compromisso de assinalar.

A nível de diferenças, notarão que os esquadrões em jogo foram reduzidos de 6vs6 para 5vs5, sendo essa a principal alteração na jogabilidade, afectando notoriamente o ritmo. Honestamente, não me pareceu que viesse piorar a jogabilidade em comparação com o primeiro jogo. Nesta configuração, o jogo parece-me mais rápido e menos propenso ao caos. Agora, só podemos ter um Tank, dois Damage e dois Support por equipa. Os Tanks, por seu lado, são bem mais poderosos de um modo geral, com mais dano, energia e escudo, claramente para compensar a alteração.

Temos também três novos heróis para juntar ao lote. Sojourn é a nova unidade Damage, numa mistura de Widowmaker e Soldier 76. Junker Queen é a nova Tank que também sabe puxar adversários como Roadhog, mas usa umas facas letais. Por fim mas, como irão ver, a mais importante, temos Kiriko nas unidades de Support, que consegue teleportar-se, lançar uns preciosos cristais de invencibilidade temporária para os aliados e ainda atacar com umas mortíferas Kunai. É a adição de heróis mais desequilibrada que vi até hoje, especialmente nas unidades Support.

No que toca aos ataques especiais e ultimates, parece-me que houve um refinamento nos “cooldowns”, um pouco mais justos de um modo geral, especialmente para os “spammers”. Apenas achei que o ultimate de Kiriko é um pouco poderoso demais, garantindo um boost de ataque e velocidade temporário a toda a equipa, que se for bem usado, pode anular completamente uma equipa adversária. Felizmente, Kiriko é uma personagem premium, bloqueada no início. Contudo quem tem o passe de época desbloqueia-a imediatamente. Espero que seja alvo alguma redução de efectividade ou teremos problemas de balanceamento a médio prazo.

Falei aqui do passe de época e estou certo que alguns já se preparam para desistir de Overwatch 2. Embora o passe de época pareça ser um “atalho” para alguns itens, na verdade é quase, quase um “pay to win”. Graças ao acesso a Kiriko no arranque e aos 20% de boost adicional na progressão, há aqui um notório desequilíbrio entre quem joga de borla e quem paga. Kiriko está disponível sem custos apenas no nível 55, por exemplo. Chegar a esse nível é incrivelmente moroso. Como sempre, tempo ou dinheiro, é tudo uma questão de fazer contas e ponderar o quanto gostam desta série.

E não é que o Passe de Época dê tudo “de caras”. Além de Kiriko e uns itens de cosmética, temos também um pouco de divisa de jogo e acesso aos desafios de progressão. Estes desafios podem ser diários, semanais, sazonais, competitivos e de carreira, sem contar com os desafios pessoais de cada herói. Ou seja, é outra forma de fazer Grind mas com uma recompensa mais tangível. É também um pouco mais interessante que apenas “jogar por jogar”, obrigando-nos a explorar modos, personagens e tipos de combate diferentes.

De facto, este “battle pass” até é uma descolagem bem vinda das infames caixas de Loot que tínhamos no primeiro jogo. Contudo, não me parece uma fonte tão “certa” de monetização para o jogo. É bem possível que a Blizzard repense esta lógica porque, recordo, Overwatch 2 é “free to play” e a única fonte de rendimento é este passe. Se os jogadores não se sentirem atraídos ao seu conteúdo, como se sustentam servidores e épocas de conteúdo? Estou certo que a equipa estará a pensar o mesmo.

A nível de jogabilidade, esperem praticamente o mesmo jogo que já conheciam no primeiro Overwatch. Há muito pouco, de facto para assinalar como “realmente” diferente. Tirando a redução das equipas e uns poucos ajustes de balanceamento (alguns muito subtis) nos heróis. Só mesmo quem não jogou o título anterior é que partirá à descoberta e invejo-os por isso. É que, para os demais, é apenas mais uma época de conteúdo, que trouxe mais mapas e heróis e ainda reiniciou a carreira online, com novas fórmulas de grind. O novo modo “Push” é divertido mas soa a pouco como oferta de um novo jogo.

O que me parece é que a Blizzard lançou este jogo como uma fundação para algo maior. Além do já mencionado modo de carreira, mais modos online, mais mapas e mais heróis estão planeados. No fundo, estão a pedir calma aos jogadores, sendo este um acesso antecipado para “lançar uma corda para o futuro”. E não vale a pena protestar pelo que o jogo (ainda) não tem. Não é que estejam realmente a pagar por algo incompleto, certo? Já estão a ver porque é que eu digo que é manobra é brilhante?

Veredicto

Os que só agora chegam à franquia, terão em Overwatch 2 a oferta do que é, na realidade, um relançamento de um jogo popular e com uma jogabilidade viciante, já que o primeiro jogo está presente em todo o seu alcance. Para os veteranos, porém, soa mais a uma expansão do que já conhecem, sendo obrigados a viver com as mudanças, nem sempre concordando com elas. Algumas das promessas ainda não chegaram, o online teve imensos problemas e a jogabilidade, no rigor, é a mesma. O que faz deste lançamento em acesso antecipado um tanto agridoce. Mas, lá estamos nós online, no vício.

  • ProdutoraBlizzard Entertainment
  • EditoraActivision Blizzard
  • Lançamento4 de Outubro 2022
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroAcção, Arcade
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Quando jogamos como adversários de Kiriko
  • Grind assinalável com ou sem passe de época
  • Problemas de ligação no arranque
  • Falta do modo de carreira a solo

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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