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Análise – Oddworld: Soulstorm

Esta análise de Oddworld: Soulstorm chega numa altura em que, basicamente, todos os assinantes do serviço PlayStation Plus que possuem uma PlayStation 5 já colocaram as mãos no jogo. É bem possível que muitos até já o tenham completado e estão a repetir níveis à procura das melhores estatísticas para desbloquear o melhor final do jogo. Sim… mas, agora é a nossa vez.

Está claro que a equipa de produção da Oddworld Inhabitants queria fazer deste título o óbvio reboot do clássico Abe’s Exodus, lançado em 1998. Avanço que, por sinal, é uma homenagem que faz muito bem, com boas notas, tanto na narrativa, como na jogabilidade. Obviamente, há outros pormenores que precisariam de mais tempo para ajustar e refinar, porque nenhum jogo é perfeito. Por agora, vamos focar-nos nos seus pontos fortes que cativarão fãs e recém-chegados. Embarquem connosco neste comboio a alta velocidade. Os Mudokons precisam de vocês.

Para começar num registo positivo, vou-me debruçar nas coisas que Oddworld: Soulstorm faz bem, muito bem. Como já disse, a história retoma o clássico de 1998, praticamente dando continuidade à trama. Contudo, chega lá de uma forma inovadora. Sim, Soulstorm é uma sequela directa de Oddworld: New ‘n’ Tasty que, por sua vez, é um reboot da série. No entanto, nota-se um trabalho bem mais elaborado na narrativa, resultando numa história decididamente mais intrigante, mais adulta e, diria, bem mais interessante que os títulos anteriores. Pelo menos, será um pouco mais dramática que o tom descontraído dos demais jogos.

A história arranca com uma cena intermédia explosiva e cheia de acção: um comboio a alta velocidade, alvo de um exame de drones Slig, está a dirigir-se à Rapture Farms a toda a brida. O nosso amigo Abe está numa das carruagens, a observar algo como se tivesse hipnotizado. Com tudo a correr demasiado depressa, o tempo está a esgotar-se e os Mudokons que controlam a locomotiva precisam de ajuda. Mas, calma, é preciso voltar atrás.

Toda a cena muda e regressamos no tempo, doze horas antes do comboio a alta velocidade. O nosso protagonista ainda está a celebrar a libertação do seu povo mas o vidente da tribo tem uma visão negra do futuro próximo. Há um novo perigo iminente que… Não chega a terminar a frase, uma vez que esse perigo aparece à porta. Com o caos instalado no acampamento de refugiados e ciente da responsabilidade de salvar o seu próprio povo mais uma vez, Abe lidera os seus companheiros num novo e difícil êxodo. Contudo, depois de fugir ao perigo, Abe cedo descobre que outros Mudokons precisam dele.

A história gira depois em torno da fuga destes pobres escravos das mãos dos implacáveis capitalistas, além de uma viagem quase “espiritual” para Abe reencontrar a sua “voz” e concertar o seu passado. Não é preciso uma grande análise aos factos em jogo para entender que se trata de uma enorme sátira à sociedade moderna e à “escravidão” da indústria, enquanto um herói improvável e relutante demora para “cortar os seus laços” que lhe selam os lábios.

No que toca à jogabilidade, esperem mais um jogo de plataformas em que cada sector age como um enorme puzzle. Numa boa parte do jogo, controlamos Abe para chegar a um determinado ponto mas, a dada altura, passamos também a ter de controlar os Mudokons para segurança. Como devem calcular, só a determinação de fazer o que é certo não será suficiente para orientar todos os Mudokons. Soulstorm requer muita habilidade, reflexos rápidos, um cálculo instantâneo de tempo e riscos, uma grande dose de sorte e claro… muita paciência!

Isto, porque a nova jogabilidade desta aventura tem um claro elemento de tentativa e erro. Daquele género em que morremos quarenta vezes seguidas na mesma secção implacável. Sejamos sinceros, a fórmula desta franquia sempre foi essa. Ainda assim, como frequentemente vemos alguns jogos a mudar com o tempo e a desistir das suas origens, houve alguma expectactiva se esta dificuldade tinha sido suavizada. Não foi e ainda bem. O jogo é severo, dá muita luta e gera alguma frustração. Mas, quando conseguimos passar mais um nível, dá para esquecer a frustração. Pelo menos até às próximas quarenta mortes seguidas.

Com estas palavras, já deve ter depreendido que morri muito nesta aventura. Sim, confesso que é verdade. Uma boa parte, foi devido às minhas próprias falhas, quando os comandos não responderam como deveriam, quando os Mudokons que libertamos não se moveram como desejei ou até quando a câmara bidimensional tornou difícil acertar num alvo. Notem que isto não é bem uma desculpa. As clássicas aventuras de Abe sempre tiveram controlos rígidos, em conjunto com uma passada lenta.

Ora, em Soulstorm todos os movimentos foram acelerados, com uma revisão que me surpreendeu. Abe é, finalmente, capaz de um tão desejado duplo salto, por exemplo, com novos desafios para tirar partido desta habilidade. Só que parece que se esqueceram de refinar todas estas interações com o ambiente, o que resulta em algumas “falhas involuntárias”. O tempo certo e a precisão são, por vezes, quase impossíveis de garantir nos momentos mais agitados. E foi mesmo aqui que senti maiores dificuldades, no balanceamento da velocidade e precisão.Nesta aventura também foi também adicionada uma mecânica de crafting, um pouco semelhante ao que se passa em Stranger’s Wrath. Ao longo dos quinze níveis (mais dois extra) da campanha, terão cada vez mais opções de usar os materiais apanhados ao longo do mapa. Seja para construir minas explosivas, granadas de fumo e muito mais. Há outros objectos que podemos usar como flares para iluminar no escuro, bolas de pano para atordoar os inimigos e bebidas inflamáveis. Trazem variedade à experiência, mas também representam um desafio adicional.

Conforme manda a tradição, cada etapa apresenta uma série de quebra-cabeças para resolver de maneiras diferentes, salvando o maior número possível de Mudokons espalhados pelo mapa, aproveitando a sua ajuda onde quer que seja necessário. Inevitavelmente iremos dar de caras com Sligs onde temos uma fracção de segundo para reagir, visto que estamos completamente indefesos. Felizmente, dá para contorná-los, movimentando-nos silenciosamente, escondendo dentro de armários ou esquivando do seu campo de visão com granadas de fumo. Há outros casos em que as hordas de Mudokon tentam fugir em segundo plano e teremos de lhes dar cobertura neutralizando todos os inimigos que tentam matá-los.

Como já mencionei, a campanha está composta por apenas quinze níveis. Contudo, estes níveis são todos bastante diversificados e desafiantes. O que implica que a duração da aventura irá depender muito da destreza de dedos de cada um… e dos intervalos que irão fazer para não atirarem o vosso DualSense à televisão, numa ira que sairia muito cara. Estamos a falar de uma aventura que poderá durar entre 10 a 15 horas mas pode aumentar facilmente se decidirem voltar aos níveis para obter melhores estatísticas. Entretanto, saibam que o jogo conta com quatro finais diferentes, dependendo do número de Mudokons que conseguiram salvar até ao final. Se querem passar por aquelas secções onde morreram quarenta vezes é que já não sei.

O design dos níveis nunca me deu a sensação de algo realmente original do que já temos visto neste género. Ainda assim, diria que é variado e adapta-se muito bem às dinâmicas que o jogo vai apresentando. No geral, foi feito um óptimo trabalho para permitir que a série tivesse espaços muito maiores e mais abertos do que os títulos anteriores. No que toca ao grafismo, o jogo corre a uma resolução de 1440p na PlayStation 5. Contudo, embora na maior parte do tempo se fixe nos 60 fps, notam-se alguns altos e baixos. Umas vezes devido à animações e escala dos cenários, noutras quando a câmara muda de ângulo, enquanto algo está a acontecer no fundo. De um modo geral, porém, tecnicamente este é um avanço técnico na série, só possível com o hardware em mãos.

Veredicto

Oddworld: Soulstorm é um óptimo jogo com alguns grandes problemas. Não há dúvida que os fãs da série, os nostálgicos da era da PlayStation ou aqueles que tiveram o primeiro contacto com a série em New ‘n’ Tasty, irão apreciar este novo reboot e os muitos novos recursos que traz à fórmula original. Infelizmente, os fãs também terão de lidar com algumas questões no sistema de controlo impreciso, mal optimizado para um aumento na passada. Isto resulta numa sequência interminável de tentativas e erros que, provavelmente, afastarão os menos pacientes.

  • ProdutoraOddworld Inhabitants
  • EditoraOddworld Inhabitants
  • Lançamento6 de Abril 2021
  • PlataformasPC, PS4, PS5
  • GéneroPlataformas
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Oscilação de dificuldade
  • Controlos imprecisos
  • Pode causar frustração

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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