Terminada a história principal, todos os que se aventuraram pelos implacáveis campos de batalha de Nioh aguardaram pacientemente pela primeira expansão deste jogo. “Dragon of the North” já chegou e promete dar mais alguns motivos para voltar ao jogo e… morrer.
A minha relação pessoal com Nioh tem sido de Amor/Ódio. Convenhamos que este foi, a par de BloodBorne, outro exclusivo PlayStation, esse da experiente From Software, um dos meus primeiros contactos com um RPG de acção. Digamos que, no meu caso, a curva de aprendizagem foi incrivelmente acentuada. Quando este DLC me chegou, tive de engolir em seco. No passado mês de Março a produtora Team Ninja já tinha desafiado a minha paciência com 10 missões de dificuldade elevada numa actualização gratuita. Agora, chegam mais umas quantas missões para nos desafiar, mas também outras novidades interessantes para expandir a experiência do jogo original. Será que sobrevivi ao desafio?
Desde o Castelo Aoba na região de Tohoku, o Lorde Masamune Date, que traduzido significa “Dragão Zarolho”, torna-se uma nova ameaça para o protagonista William Adams. Depois deste herói ter eliminado a ameaça dos Yokai, parece que os demónios voltaram a surgir na região de Oshu. Masamune refuta estas suspeitas. Tendo consigo um dos maiores exércitos da região, não parece minimamente ameaçado. Só que este Lorde esconde um plano sinistro. Está a angariar para si todas as Spirit Stones que consegue encontrar, algo que precipita uma investigação de Hatori Hanzo. Quando este acaba desaparecido, cabe a William procurá-lo. E, pelo meio, eliminar a nova ameaça dos Yokai.
Como devem ter calculado, terão de acabar a história principal do jogo se quiserem conhecer este novo enredo. Uma vez desbloqueada esta nova história, somos levados novamente à acção, agora numa nova área de jogo. A já mencionada região de Tohoku é uma das mais pequenas no mapa de jogo com apenas duas áreas e tendo também apenas um pequeno punhado de missões disponíveis. Contudo, apesar da sua dimensão, não deixa de ser uma região interessante, nem que seja pelo seu claro contraste visual. As aldeias, as florestas e os templos do jogo base, dão lugar a bonitas paisagens repletas de neve. Talvez não seja a melhor altura do ano para introduzir mapas nevados, mas os efeitos visuais compensam bastante. É capaz de ser uma das regiões mais belas a nível artístico que irão conhecer em Nioh.
Logicamente, serão os inimigos que ocuparão mais a vossa atenção, não que ofereçam, realmente, algo novo em termos de desafio. A dificuldade que nos criam é praticamente a mesma. Há, mesmo assim, alguns novos seres híbridos, entre humanóides de aspecto tenebroso e alguns bosses, estes sim bem mais implacáveis. Não encontrei nenhuma modificação assinalável no seu estilo ou nas estratégias para os derrotar. Simplesmente são mais difíceis de bater, talvez porque a produção quisesse aumentar a longevidade desta expansão por nos obrigar a perder mais tempo nos encontros.
Para nos ajudar neste combates, há algumas novidades de assinalar. Podemos agora equipar dois espíritos guardiões que podem ser comutados em combate. Já agora, há dois novos guardiões para escolher (regressa o gato Nekomata e temos agora o dragão Seiryu). Temos também mais Kodama para encontrar e obter mais bónus. A principal novidade, porém, está no “hardwarw”: a Odachi, uma nova espada Samurai gigante que introduz também um novo estilo de combate, com árvore de evolução própria e desafio no dojo. Outras novidades menos importantes são novas skins de personagens (incluindo as muito pedidas skins femininas) e novos troféus.
Como seria de esperar, num jogo tão fantástico a nível visual como foi o original, esta expansão não irá propriamente inovar no campo técnico. Como já disse, a nova região é muito bonita visualmente, há alguns inimigos mais tenebrosos em termos de design, mas, no geral, estamos no mesmo jogo com praticamente os mesmos pormenores visuais. Notei apenas que me parece que a Team Ninja ouviu os fãs mais vocais nos protestos dos checkpoints espaçados e criou mais templos para salvar o jogo que os que haviam nas múltiplas áreas do jogo base. De resto, toda a essência de Nioh está praticamente a mesma, fazendo deste DLC apenas uma mera expansão de enredo, abrindo portas para mais dois dos DLCs que estão planeados para esta época.
Ao mesmo tempo que este DLC foi lançando, notem que o jogo recebeu uma importante actualização 1.08. Com ela surgiram novidades no campo do PvP, novos limite máximos de equipamento e de Guardiões e uma nova dificuldade máxima absolutamente demente. Apesar de já ter terminado o jogo e ter até enveredado pelo New Game +, simplesmente decidi desistir de tentar esta nova dificuldade “Way of the Demon”. Eu sei que foi criada só mesmo para os que querem um desafio maior. Mas, a dada altura, estes jogos já podem ser tão difíceis que dificultar ainda mais a vida do jogador me parece pura tortura. Mesmo assim, há quem aborde este nível de dificuldade. Kudos para estes audazes.
Veredicto
Com a sua dimensão reduzida, “Dragon of the North” não parece ser tanto uma nova aventura, mas sim uma espécie de “episódio extra” do enredo original de Nioh. Nem sequer estabelece nenhum paralelo com o jogo original, obrigando-nos a acabá-lo primeiro. O que oferece, uma nova pequena região, um punhado de missões, uma nova arma e umas poucas novidades adicionais na jogabilidade, serve apenas para justificar mais umas horas de regresso ao jogo. E não é com um novo nível de dificuldade que aumentam a longevidade do jogo, rapaziada da Team Ninja. Esperamos que os dois próximos DLCs nos ofereçam um pouco mais que isto.