MULTIVERSUS

Análise – MultiVersus

Com mais de 145 mil jogadores no Steam, uma pontuação de 9/10 na mesma plataforma e outra pontuação de 4.6/5 na Epic Games Store, não podíamos deixar passar este título despercebido. Fomos conhecer o mais recente fenómeno: MultiVersus.

Não há dúvidas que MultiVersus é popular. Para todos os efeitos, se quisermos ser simplistas, este é um clone do conceito inventado por Super Smash Bros. Só com essa premissa, muitos pensariam que poderia ter poucas chances de fazer real competição com o original. No entanto, contra muitas das expectativas, tem provado ser um título à altura, se calhar impulsionado pelo seu modelo “free-to-play”. Há contudo, muito “sumo” para extrair e é isso que os jogadores estão a fazer. Tem um potencial enorme de diversão com o que oferece no jogo-base e um ainda maior potencial na perspectiva de novos lutadores, tendo em conta todas as licenças sobre a alçada da Warner Bros.

Partindo do príncipio que conhecem a mecânica de Super Smash Bros. da Nintendo, já deverão saber o que vos espera. Ainda assim, este primeiro título da produtora Player First Games não deve ser subestimado, tendo provado que pode ter alguma originalidade. Adiciona uma mecânica de desvios (dodges), mantém a lógica dos movimentos especiais e dá a possibilidade de dar saltos no ar num máximo de duas vezes em cada movimento. Há também a possibilidade de realizar escaladas na parede, bem ao género de um jogo de plataformas, substituindo por completo os clássicos suportes nas extremidades do cenário.

Neste título, notem, não podemos repetir os mesmos movimentos vezes sem conta. Se insistirmos, o jogo avisa a nós e ao nosso adversário que estamos a infligir menos danos. Se isto acontecer, será necessário rever a abordagem de ataque para não sermos apanhados desprevenidos para os contra-ataques do adversário. É uma mecânica que exige algum hábito e que foge um pouco ao conceito do vulgar “button masher”. Obriga mesmo a uma estratégia mais estudada.

Como seria de esperar, os combatentes estão divididos em várias categorias específicas, cada uma das quais desempenha um papel específico. São elas a Bruiser, Tank, Support, Mage e Assassins. Esta última é a que tem maior potencial ofensivo, enquanto os restantes são mais focada em golpes pesados, também com as personagens a serem mais capazes de resistir a uma maior quantidade de danos. Obviamente, existem também diferenças distintas entre as várias categorias. Se estão habituados às lógicas de classes de MMO (por exemplo), entendem esta.

Os Bruisers (Batman) são as personagens equilibradas por excelência e capazes de preencher perfeitamente qualquer papel. Os Mage (Bugs Bunny) são extremamente semelhantes aos Bruisers mas preferem ataques de longo alcance e a utilização de objectos. Os Assassins (Arya Stark) são mais rápidos mas também mais frágeis e capazes de utilizar múltiplos truques. Os Tanks (Superman) têm múltiplas opções para afastar os adversários e proteger-se. Por fim, os Supporters são capazes de curar, melhorar e trazer de volta os seus aliados ao campo de batalha.

Assim, escolher um ou outro herói é um tipo de abordagem que acrescenta estratégia ao título. Com esta fórmula, acredito que poderia realmente brilhar ao mais alto nível… se for realmente bem gerida. Não é preciso pensar muito para entender que uma equipa precisa ter uma boa comunicação, tendo em conta a panóplia de possibilidades a explorar. Claro, é realmente difícil ver uma acção coordenada de alto nível com jogadores casuais. Mesmo assim, o divertimento prevalece.

Enquanto escrevo esta análise, existem 13 personagens à escolha, o que permite qualquer um escolher o seu favorito e juntar-se à briga em jogos rápidos e divertidos. Para um título que quer ser extremamente acessível, a produtora introduziu também a possibilidade de jogar cooperativamente com um amigo contra a IA e de participar em desafios livres para todos, onde quatro lutadores serão capazes de desencadear um caos total.

Embora os comandos sejam relativamente simples, o domínio das habilidades e funcionalidades das personagens, assim como o domínio dos seus movimentos, requer muita prática e um estudo constante dos seus efeitos. Há, claramente um incentivo aos jogadores mais “hardcore”, o que, com as muitas opções de movimento disponíveis para o jogador, pode levar a resultados absolutamente imprevisíveis para os menos experientes, mas serão autênticas “armas secretas” para os mais experientes.

Dito isto, a sorte do Multiversus ainda está a ser construída em torno de uma das receitas de jogo mais conhecidos por aí. Por isso, praticamente qualquer pessoa pode jogar com relativa eficiência, especialmente porque é construído e equilibrado em torno de uma lógica 2 vs 2. As batalhas emparelhadas são mais caóticas, é certo, mas também são mais vantajosas para os novatos que se aventuram pelo online. Assim, podem ser treinados ou aprender observando os seus colegas de equipa. Claro que os veteranos é que terão de ter um pouco de paciência com estes novos jogadores.

Acho que os criadores deram forma a um jogo com uma jogabilidade viciante e, mesmo perante o risco de plagiar a sua “inspiração”, não foram ultrapassados nem mesmo em termos de estrutura. O título foi, de facto, concebido para competir online mas não é intimidador ao ponto de afastar os mais casuais. Tem uma progressão bastante rápida que permite desbloquear as personagens com a moeda do jogo que se consegue facilmente simplesmente participando nos combates.

Sim, já estão adivinhar que contém micro-transacções. Embora tenha, de facto, várias formas de monetização, só dizem respeito a desbloqueio mais rápido de personagens ou a itens de cosmética, como fatos especiais (e não todos) e várias decorações para o perfil. Isto quer dizer que estamos perante uma fórmula muito honesta, que não exclui o conteúdo principal para aqueles que não querem (ou não podem) gastar o seu dinheiro. Se no futuro isto mudar para algo mais “pay to win”, cá estarei para rever esta minha afirmar. Mas… “so far, so good”.

Neste momento é difícil dizer se MultiVersus é realmente competitivo. Popular, é de certeza, com sessões sempre disponíveis e sempre repletas de jogadores. Obviamente, não é possível avaliar devidamente o equilíbrio de um jogo de luta numa questão de dias. A minha impressão inicial (e quem sabe se vai durar) foi a de um título onde neste momento não há absolutamente nenhuma personagem dominante, apenas algumas escolhas mais vantajosas aqui e ali, variando no nosso próprio estilo de jogo.

O Iron Giant (acima), por exemplo, cujas dimensões são quase o dobro de outros “grandes” lutadores, são verdadeiramente únicas numa experiência deste tipo. O tamanho da personagem faz dela um “alvo em movimento” mas, tanto os seus movimentos como a sua resistência compensam parcialmente isso, transformando-o numa ameaça nas mãos certas. Tudo tem os seus “altos e baixos” e, até agora, é difícil dizer se o gigante realmente precisa de um “nerf” ou de um “buff”, apesar do seu tamanho.

Por fim, o plano técnico. Num jogo “free-to-play” com tantas plataformas disponíveis, não seria de esperar um “colosso técnico”. Por outro lado, a componente descontraída, tão ligada à banda-desenhada, cria um a aspecto simplista que não pretende puxar muito pelo hardware. Mesmo assim, num jogo tão competitivo e com tanto a “acontecer” no ecrã, a performance geral é francamente positiva, com muito poucos momentos de lag visual ou de movimentos. Nota-se muito bem que a produção gastou muito tempo com o “polimento” final do jogo.

Veredicto

MultiVersus prova ser um “brawler” com ideias extremamente claras sobre o seu futuro, baseadas numa lista louca e carismática de personagens jogáveis e tendo uma jogabilidade sólida e convincente. Embora inspirado num dos títulos mais famosos da Nintendo, a Play First Games consegue algo muito seu, um jogo divertido, rápido e com aquela pitada de originalidade que pode conquistar quem procura uma alternativa gratuita. Tem ainda uma estrutura fantástica para um jogo online e nem sequer é excessivamente atormentado pela monetização. Se houver uma gestão inteligente desta fórmula, será um sucesso ainda maior do que já é. Mas… só o futuro o dirá.

  • ProdutoraPlayer First Games
  • EditoraWarner Bros.
  • Lançamento19 de Julho 2022
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroLuta, Plataformas
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Equilíbrio entre personagens ainda não é claro
  • Qual será a frequência de actualiazações? E com que cuidado?

Jogo disponível gratuitamente para as plataformas listadas.

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