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Análise – Moss

Os jogos de realidade virtual transportam-nos para dentro dos jogos, de modo a viver situações fantásticas e quase impossíveis. Moss, por seu lado, vem quebrar esse conceito com um jogo de plataformas na terceira pessoa. Será que é uma boa forma de usar o VR?

Tenho de vos confessar que a única vez que ouvi falar de Moss foi na última feira E3, mais precisamente quando publicámos a notícia sobre este jogo da nova produtora Polyarc. A partir daí, o jogo ficou um pouco toldado com outros lançamentos, mesmo tendo uma demonstração que está disponível na PlayStation Store. Quando surgiu a oportunidade de o testar pela primeira vez, percebi que não dei a devida atenção a esta excelente experiência. Não consigo deixar de me espantar pelo com o grafismo, pelo conceito por detrás da aventura e pela sua personagem tão carismática. Ainda há tempo para me redimir e de vos explicar como me rendi a esta lindíssima aventura.

Poderíamos classificar Moss como um jogo de aventura na terceira pessoa e não seria uma classificação errada. Este título, porém, é realmente um ensaio curioso de como podemos usar a realidade virtual de forma criativa, longe dos FPS ou dos jogos na primeira pessoa. Moss usa o PlayStation VR para controlamos a câmara com a nossa própria cabeça num espaço em três dimensões, ao mesmo tempo que nos dá o controlo da personagem. E, pelo meio, ainda podemos ainda interagir e manipular os objectos dos cenários, como uma entidade divina. Esta é, realmente, uma nova visão do uso da realidade virtual fora do vulgar, talvez apenas visto em experiências de realidade aumentada com objectos físicos.

A história leva-nos para um conto de fadas, onde a pessoa que utiliza o PS VR, é conhecida como um “Reader”. Este é um ser mágico e ancestral que é despertado quando a pequena roedora Quill encontra uma pedra misteriosa na floresta. Com as nossas habilidades, iremos ajudar Quill na sua jornada para salvar o seu tio, que está a combater a escuridão que tomou conta do seu mundo. Consciente da ajuda que podemos prestar nesta situação, vamos ajudar a pequena heroína a atravessar reinos perdidos, a resolver quebra-cabeças e a combater inúmeros inimigos, tudo para ajudar o seu tio em apuros.

O laço que criamos com a adorável protagonista nasce logo nos primeiros segundos de jogo. Quando ainda estamos deslumbrados com o cenário em nosso redor, vemos a protagonista a chegar através das plantas altas. O sentido de escala é imediato e com o seu pequeno tamanho, temos a sensação de que se trata de um ser frágil. A certa altura, ouvimos uma ave e percebemos que Quill esconde-se para não ser presa do pássaro. É nesse preciso momento que a protagonista encontra a pedra misteriosa. Ao iniciar a interacção connosco, quebra quarta barreira e a magia começa.

Apesar de a controlarmos, nunca sentimos que estamos a personificar Quill. Temos noção que estamos a ajudá-la, afinal, somos nós que a dirigimos. No entanto, sentimo-nos parte do jogo, sobretudo quando Quill olha para nós ciente da nossa presença, faz-nos sinais para comunicar connosco ou dá dicas sobre algo no cenário. Muitas das vezes, chega mesmo a  exprimir a sua gratidão pela a nossa ajuda, por exemplo, depois de um complexo quebra-cabeças, levantou a sua pequena pata para me dar um “High-5”. Com estes pequenos pormenores, há uma constante sensação de sermos uma equipa e não conseguimos deixar de nos sentir mal quando a vemos assustada ou ferida.

Em termos de jogabilidade, tendo em conta que somos um “Reader”, a nossa posição no mundo virtual do jogo nunca muda. Podemos mover livremente a cabeça num espaço tridimensional, enquanto ajudamos a adorável roedora a caminhar de cenário em cenário, com transições muito suaves a interligar cada um deles. Os cenários que iremos visitar ao longo do jogo, já agora, merecem um destaque especial. Têm um genial nível de detalhe, aliado à tal sensação de escala que já mencionei, seja na vila dos roedores ou no pântano onde existem armaduras de humanos espalhadas no chão.

No que toca à interacção, a pequena Quill pode ser controlada com o analógico esquerdo do comando Dualshock 4. Tem um botão para atacar e outro para saltar. Nós, seres ancestrais, temos uma esfera mágica que é controlada com a ajuda do sensor de movimento do mesmo comando. Com esta esfera podemos arrastar blocos no espaço tridimensional, interagir com diferentes objectos e até acarinhar a pequena Quill. Os controlos são simples e muito intuitivos, permitindo uma sensação de movimento natural dentro do espaço de jogo.

Apesar de Quill estar equipada com uma espada, não será com essa arma minúscula que se irá defender. Sendo o seu protector, vamos partir muitas vezes em combate, embora não seja mesmo o principal foco deste título. Haverá momentos que terão de eliminar uns estranhos insectos mecanizados mas, a luta em si, é bastante simples e linear. O principal foco está, sim, nos quebra-cabeças que, por sinal, também não são muito complicados. Existem alguns que requerem mais atenção, por tratarem-se de problemas em três dimensões, onde temos de ter em conta a profundidade. Mas, não desesperem que não se sentirão presos em nenhum deles.

Tenho de destacar ainda as brilhantes animações feitas para a pequena Quill. Todos os seus movimentos parecem ter sido recriados de verdadeiros roedores, menos a parte em que empunha a sua espada, claro. Moss surpreendeu-me pelo facto de ser um dos jogos visualmente mais polidos do PlayStation VR que já tive oportunidade de experimentar. O mundo em nosso redor tem vida, as plantas, por exemplo, respondem aos movimentos de Quill ou até mesmo aos nossos, caso tentemos aproximar-nos demasiado. A atenção aos pormenores é realmente envolvente e fenomenal.

O único pormenor que menos gostei é a curta duração desta experiência. São precisas apenas três horas para que o jogo acabe e quebre o nosso laço com Quill. O final da trama deu-me a ideia de que a produtora ainda continuará a trabalhar nesta aventrua, possivelmente com uma expansão ou mesmo uma sequela. Mesmo assim, não pude deixar de lamentar o fim algo repentino. O pior foi enfrentar a ideia que não iria continuar a acompanhar Quill. A ligação emocional não é apenas acessória, garanto. Por tudo o que já falei, fica bem claro que Moss é um é um excelente exemplo da expressão “qualidade acima da quantidade”.

Se sentirem saudades, há aqui algum convite para jogar de novo esta aventura mais umas vezes. Quem gosta de completar os jogos a 100%, terá aqui alguns desafios para prolongar a jogabilidade. Os colecionáveis não são muito complicados, mas há troféus desafiantes, como o dedicado a passar todo o jogo sem deixar que Quill morra, por exemplo. Tendo em conta que há alguns cenários com saltos desafiantes, tenho a certeza que será uma platina frustrante. Boa sorte, persistentes. Mas, hey, a Quill merece!

Veredicto

Moss pode muito bem ser uma evolução no que toca aos jogos de plataformas para a Realidade Virtual. A Polyarc fez um excelente trabalho ao criar esta fantástica aventura com ideias frescas. Transmite uma sensação única de nos colocar dentro do jogo, sem nunca remover o protagonismo da pequena heroína na sua enorme demanda. A ligação com esta personagem torna-se bastante forte logo nos primeiros segundos de jogo. É daquelas personagens memoráveis que vão ficar connosco durante vários anos. Só tive pena de ter acabado esta aventura em tão pouco tempo. O que só demonstra a sua qualidade. Quando queremos mais é sinal que algo foi bem feito.

  • ProdutoraPolyarc
  • EditoraSony Interactive Entertainment Europe
  • Lançamento27 de Fevereiro 2018
  • PlataformasPS4, PS4 Pro, PSVR
  • GéneroAventura, Plataformas
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

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  • Curta duração

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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