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Análise – MLB The Show 22

É aquela altura do ano em que vou escrever sobre algo que, provavelmente, muitos de vocês não irão ler. Falo, claro de MLB The Show 22, um título realmente fantástico e rico em conteúdo mas de um desporto que pouca gente por cá sequer saberá apreciar.

Pela segunda vez, este é um raro título de produção interna do SIE San Diego Studio e editado pela Sony Interactive Entertainment a ser lançado em plataformas além das PlayStation. Neste ano, chega também à Nintendo Switch, além das consolas Xbox onde já batia umas bolas no ano passado. É um caso sério de uma franquia que pretende chegar a uma audiência cada vez maior, rompendo as infames barreiras dos exclusivos de plataformas. Mas, mesmo com todos estes esforços, essa audiência será sempre bastante restrita. Não porque o jogo não tenha a qualidade desejada de um título oficial mas porque o desporto em si simplesmente não é popular fora das Américas e alguns países asiáticos.

Sinceramente, é difícil conversar sobre seja o que for com que não tenhamos o mínimo de empatia ou, simplesmente, tenhamos um mínimo de conhecimento. Como digo sempre que analiso jogos desta franquia em particular, considero-me um ligeiro apreciador de Baseball, tendo até jogado um pouco e até tendo algum equipamento que ficou dessa “aventura”. Analisar este jogo do ponto de vista das suas regras, realismo na simulação ou até pela representação fiel da realidade é, portanto, complicado.

Contudo, gosto de pensar que, um dia, terão curiosidade de descobrir o que é este desporto que se joga com tacos, luvas estranhas e bolas pesadas de borracha prensada. Esta é mais uma entrada numa série interessante para se descobrir, talvez como uma tentativa de lhe dar “outra chance”. No passado, notei que a principal razão porque pouca gente gostava de baseball, eram as suas extensas e obtusas regras. Ver um jogo de baseball na televisão (ou mesmo ao vivo), além de fastidioso, pode ser um momento de pura estranheza. Em jogo, ao menos temos algo mais acompanhado.

Não! Não acredito que é desta que o Baseball conquista a Europa, muito menos Portugal, que ainda hoje não tem uma representação séria ou uma sua liga oficial de Baseball. É aliás muito discutível se fora dos EUA, mesmo em países com imensa presença, como o Japão, Coreia ou países da América do Sul, o desporto realmente vingará. Mesmo nos EUA, o Baseball é hoje em dia um desporto de menor relevância, onde o público marca presença, mais para conviver, que propriamente para “emoções fortes”.

Transportar este espírito, diria, “elitista” para um videojogo é, portanto, uma tarefa complicada. Ainda para mais, quando falamos para uma audiência com muito pouco ou quase nenhum contacto com a Major League of Baseball, um campeonato que nem sequer tem transmissão em nenhum canal Português, nem mesmo naqueles canais obscuros de Cabo (acreditem, eu pesquisei). Infelizmente, uma vez mais, o jogo também não faz grande esforço por ensinar a jogar, partindo do principal pressuposto de que “se estamos a jogar, sabemos como jogar”. Enfim.

Esta análise, portanto, prende-se com o que o jogo representa e, claro, com o que traz de novo à “cena” do Baseball. Este é um jogo sazonal, como tal, esperem todas as equipas, jogadores e estádios da MLB devidamente representados para época transacta. Curiosamente, este é o primeiro jogo lançado deste desporto sem qualquer tipo de concorrência directa (há um jogo Japonês que provavelmente nunca ouvirão falar). Concordarão comigo que o facto de nenhum outro título do género ter sido lançado globalmente neste ano, diz muito sobre a popularidade deste tipo de jogos.

Nesta edição, a grande novidade é a nova mecânica de estádios personalizados. Agora, poderão criar um campo de baseball com muitas mais opções e poderão melhorá-lo dinamicamente, consoante a vossa equipa cresça no modo de carreira. O interface foi revisto para se tornar algo mais acessível e mais robusto. E é ainda possível partilhar os estádios com a comunidade, havendo mesmo criações bem engenhosas e temáticas, como estádios retro, por exemplo. Honestamente, gostava de ver este nível de empenho com os estádios noutros jogos de desporto.

Outra grande novidade é o modo cooperativo até três jogadores. Como devem calcular, se mesmo eu tive dificuldades em jogar este jogo de forma competente, imaginem a dificuldade em angariar um único parceiro para este modo. Contudo, é possível ver o potencial de jogar com alguém na mesma equipa, permitindo até jogar contra outras equipas de 2vs2 ou 3vs3. A interacção entre pitcher e catcher claramente ganha outro ritmo entre jogadores humanos e tenho pena que não ver isso em acção.

Para quem gosta do aspecto de Role Play, o modo de carreira “Road to the Show” está melhor que nunca, podendo personalizar cada pormenor de um atleta e tendo um vasto número de peças de equipamento, habilidades e perks para explorar. A ideia, claro, é elevarmos este jogador até ao mais alto nível da grande competição. Alternativamente, temos modos mais ligeiros como o “March to October”, com torneios de equipas com jogadores actuais ou lendários e as mini-épocas para desafiar os jogadores com competições menores mas mais dinâmicas e com objectivos.

No que toca ao aspecto, como não podia deixar de ser, o San Diego Studio aproveitou para melhorar vários detalhes na interacção, com especial destaque para as animações e dinâmicas dos toques na bola com o taco, as corridas para a conquista de bases e outros aspectos, tudo com novos efeitos visuais, como a poeira que se levanta na corrida, por exemplo. Visualmente, aliás, o jogo é francamente polido, com os comentários dos locutores a dar algum brilho adicional. A modelação das faces não é o melhor que já vi, mas cumpre em identificar as feições dos atletas.

Curiosamente, tive a oportunidade de jogar este título em duas consolas diferentes, numa rara oportunidade de jogar o mesmo jogo na PlayStation 5 e na Xbox Series X. Nas duas consolas, a comparação é possível. Joguei nuns impecáveis 60 fps numa resolução 4K, o que deu ainda mais a sensação de estar a ver um jogo em directo na TV. Acredito que na PS4, XBox 1 ou Switch o jogo perca um pouco deste brilho, dado o hardware menos potente e o facto de não possuir o modo de criação de estádios. Mas, estas versões não ficarão muito atrás.

Veredicto

Que MLB The show 22 é o jogo de eleição dos amantes de Baseball, não é novidade para ninguém. Para um título sazonal, continua a trilhar o seu caminho, inovando onde pode, sem cometer nenhuma estravagância de assinalar. Para quem não segue a MLB (ou o desporto em si), é complicado aconselhar a sua aquisição. Para quem quiser descobrir o que faz tantos Americanos passarem uma tarde a comer cachorros-quentes a assistir a um jogo de horas de “nada” e segundo de emoção, porém, este é o título que devem escolher… porque não há propriamente outro para optar.

  • ProdutoraSan Diego Studio
  • EditoraSony Interactive Entertainment
  • Lançamento1 de Abril 2022
  • PlataformasPS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroDesporto
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • É um desporto de nicho por cá
  • Faz pouco por ensinar a jogar

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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