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Análise: LEGO The Hobbit

Se hoje JRR Tolkien estivesse entre nós, o que diria ao ver como os seus contos foram adaptados nos diversos meios? Talvez apreciasse o rigor das adaptações em cinema ou a profundidade das adaptações em videojogos (uns melhores que outros). Mas acho que iria passar muitas horas a jogar este LEGO The Hobbit. Sim, é mais um jogo LEGO da Traveller’s Tells, mas nesta demanda do pequeno Bilbo Baggins reside tudo o que Tolkien queria transmitir com as suas histórias… Aventura! Com tijolos LEGO!

Começo com uma má notícia. Eu sei que é anti-climático, mas tem de ser dito. Este jogo apenas abrange os dois primeiros filmes realizados por Peter Jackson. Ou seja, o jogo é uma adaptação dos dois filmes já estreados no cinema (comercialmente mais lógico) e não do livro completo em si (que os fãs iriam achar mais justo). Se por um lado faz mais sentido porque o terceiro filme ainda não estreou, por outro, para quem já leu o livro torna-se frustrante apanhar o fim súbito do jogo numa fase tão apoteótica como o fim do próprio filme The Hobbit: The Desolation of Smaug. É chato, no mínimo, sobretudo se se é fã. Culpem Peter Jackson por ter dividido um livro, mais pequeno que um único volume (de três) do Senhor dos Anéis, em três filmes!

Como já disse, este jogo acompanha passo-a-passo os eventos dos dois filmes. O pequeno Bilbo Baggins começa a sua Viagem Inesperada com a visita do feiticeiro Gandalf e de 12 anões. O objectivo é partir para uma montanha longínqua e cheia de perigos de modo a ajudar o Anão Thorin Oakenshield a recuperar o seu reino. Apesar do conto escrito por Tolkien ser tão rico em eventos e fantasia, os argumentos cinematográficos acrescentam muitos outros eventos e personagens que não figuram no conto original. E há bastantes “impingimentos” da outra série de sucesso de Tolkien “O Senhor dos Anéis” neste dois filmes Prequela, como a importância dada ao Anel que Bilbo encontra (que nos livros é quase trivial), a introdução da personagem Legolas, o olho de Sauron, etc. Mais grave, penso eu, é que da história contada no livro, ficaram alguns pormenores importantes de fora. E isso é, logicamente, transportado para o jogo.

Felizmente que o jogo continua divertido como todos os LEGO que jogamos. De notar que muitas das novidades que surgiram no jogo The LEGO Movie estão presentes também aqui. A necessidade de construção de kits em larga escala para ultrapassar obstáculos específicos, o uso de personagens com habilidades especiais e momentos em que alternamos eventos paralelos da mesma acção.

Os tais kits que construímos passam agora a ser possíveis apenas depois de conseguirmos ingredientes específicos. E isso é uma novidade neste jogo. Temos de partir objectos no cenário ou partir pedra para obtermos madeira, pedra, ouro, cobre ou pedras preciosas num rudimentar sistema de crafting para que os hábeis anões consigam fabricar o novo kit. Este, depois é montado tal como no jogo anterior escolhendo peças-chave para o completar enquanto o computador o monta sozinho. Estes itens são acumuláveis no novo sistema de saque (loot). Enquanto partirmos todas as peças quebráveis do jogo para procurar studs (dinheiro do jogo), também angariamos outros ingredientes que servirão para crafting e igualmente para passar outras fases de jogo.

Por exemplo, o anão Bombur na sua… dimensão… pode ter de ser usado como trampolim e para isso damos-lhe mais comida para aumentar em tamanho. De notar que o saque não tem limite (pelo menos não o atingi) por item e há objectos mais complicados de obter. Apenas algumas personagens poderão extrair determinados itens e outros nem sequer estão disponíveis com as personagens da história original. Assim, se queremos mesmo completar tudo, somos convidados a jogar novamente no modo “Free Play” que desbloqueamos quando terminamos o nível e em que podemos escolher quem vem connosco das milhares de personagens listadas.

Uma outra novidade que introduz alguns momentos divertidos, sobretudo com bosses, é o novo sistema “Buddy Up”. Em diversos momentos, podemos agrupar dois ou mais anões para subir determinadas plataformas mais altas. Também é preciso agrupar dois anões para rebentar paredes ou mesmo derrotar inimigos mais fortes ou bosses. Os movimentos e animações são hilariantes com cabeçadas e piruetas que acho que nem os próprios anões da Terra Média seriam capazes de executar.

E esta é a premissa não só deste jogo, mas de todos os outros LEGO: o Humor. É talvez por isso que gostamos tanto de jogar estes jogos. Ver momentos tão sérios como as cenas com Azog, o maior dos antagonistas da história, permeados com humor quando a sua mão decepada no passado por Thorin saltita pela imagem não tem preço. Consegue mesmo sacar-nos umas gargalhadas.

Tenho de assinalar que a Terra Média está disponível para explorar entre missões. Há diversas missões secundárias disponíveis e convenientemente marcadas no mapa do jogo. Foi agradável circular pelo Shire a ajudar os amigos Hobbits, assim como foi andar por Rivendell e descobrir a bela arquitectura Élfica. Fez-me desejar ter um jogo deste género, não com personagens LEGO mas com modelos mais realistas e ter esta jogabilidade e liberdade de exploração em mundo aberto. Infelizmente não temos (ainda) algo tão bom no mundo de Tolkien, que nem sempre foi bem representado em videojogos. Por agora, este jogo consegue recompensar bem os fãs.

A nível técnico, resta-me assinalar que na versão testada na Playstation 4 o jogo corre como os demais LEGO que já analisamos nesta plataforma. Graficamente deslumbrante, no que as peças LEGO nos permitem obter e com fluidez. Há só que assinalar que existem alguns mapas menos bem concebidos em que as personagens facilmente escorregam para fora destes (perdendo os studs) e nos momentos de batalhas mais intensos é fácil perdermo-nos no caos, sobretudo se jogarmos a dois como o jogo permite. Tenho também de assinalar, com muita pena minha, que todas as cenas intermédias são in game com as personagens LEGO e não extraídas directamente dos filmes. Foi sempre assim nos jogos LEGO mas havia uma certa esperança… No entanto, todo o cast de vozes originais está presente e há ainda o prémio das introduções de cada missão serem narradas pelo lendário Christopher Lee (Saruman).

Veredicto

Fãs e menos fãs de JRR Tolkien vão gostar de LEGO: The Hobbit. Os primeiros porque vão ver todo o Lore dos livros e filmes aqui representados de forma soberba, com espaço para os tais momentos humorísticos. Os segundos porque qualquer jogo LEGO tem o poder de nos fazer jogar até à exaustão, nem que seja para obter mais e mais studs. Para os veteranos dos jogos LEGO, os novos sistemas de crafting e loot irão trazer uma nova diversidade, embora não seja algo que acrescente mais dificuldade, é sempre algo novo a ter em conta. No final, mesmo com a terceira parte por contar, vamos adorar passar algumas horas deste fantástico conto de um pequeno Hobbit que num buraco no chão vivia…

  • ProdutoraTraveller's Tells
  • EditoraWarner Brothers
  • Lançamento11 de Abril 2014
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Vita, Wii U, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroAventura, Puzzle
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Apenas abrange os dois primeiros filmes
  • Segue os filmes e não o livro
  • Pequenos problemas técnicos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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