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Análise: LEGO City – Undercover

Originalmente lançado para a Nintendo WiiU em 2013, LEGO City – Undercover chega agora também às consolas da actual geração e ao PC, com uma remasterização geral. Chase McCain está de regresso à cidade do LEGO para construir a sua aventura… literalmente!

Numa era de remasterizações, reboots e remakes, ver uma reedição de um jogo LEGO é algo estranho. Afinal, há tantos jogos desta série e quase todos eles multi-plataforma. Acontece que este título em particular foi um caso à parte, tendo feito parte de uma parceira de exclusividade que levou, pela primeira vez, estes simpáticos blocos de construção às consolas Nintendo. Curiosamente, esta nova versão na Nintendo Switch foi alvo de inúmeras críticas dos fãs por precisar de 13GB de espaço nessa consola. Nas restantes plataformas, esta questão não é assim tão importante, mas a nova portátil está limitada a 32GB totais, dá para a ver qual é o problema. Isso, porém, não invalida a qualidade geral deste jogo. Vejamos como está esta remasterização.

Chase McCain é um agente da Polícia que parece estar a compilar em si mesmo todos os estereótipos de policiais no cinema. Depois de uma ausência de alguns anos, o agente regressa à cidade do LEGO para voltar a caçar um perigoso vilão que dá pelo nome de Rex Fury. Este meliante, que também parece aglomerar muitos dos clichés dos vilões de filmes policiais, fugiu da cadeia e está a espalhar o caos pela cidade. Contudo, McCain também vê neste regresso uma oportunidade de reencontrar a sua paixão Natalia Kowalski, enquanto luta para recuperar a sua operacionalidade como agente da Polícia.

Um dos pormenores que menos gostei deste enredo é que muitos dos eventos com que nos deparamos no arranque parecem referenciar uma aventura prévia. Trata-se de LEGO City – Uncercover: The Chase Begins, lançado como prequela deste jogo para a Nintendo 3DS. Visto que não houve uma remasterização deste outro jogo, só quem tem esta consola portátil pode vir a saber o que aconteceu antes. O afastamento de Chase, o que levou Natalia a mudar de vida e quem é este tal de Rex, são perguntas que fazemos e que o jogo assume que vamos “entendendo” com o desenrolar do enredo. Pode até ser trabalho duplo, acredito, mas seria bom que a prequela The Chase Begins fosse incluída nesta remasterização. Ou então que um vídeo introdutório nos desse uma ideia do que se passou.

Como notaram, ao contrário da vasta maioria dos restantes jogos da série LEGO, este é um título com enredo e temas únicos sem recorrer a nenhum franchise em particular. Bom, a série LEGO City é mesmo uma linha de produtos LEGO, mas não estão aqui os Avengers ou o Batman. Mesmo assim, é impressionante a constante chamada de atenção para diversos filmes e mesmo outros jogos. É como se uma fórmula tão dependente de enredos de terceiros não tivesse suficiente substância para sobreviver sozinha. Não me entendam mal, eu gosto das constantes dicas que me fazem sorrir. Mas, algumas dessas dicas são algo desajustadas, como uma referência ao filme The Shawshank Redemption que duvido que muitas das crianças que vão jogar este jogo entendam.

Obviamente, nem só crianças vão jogar este título. É notório que todos os diálogos e desenlaces foram criados para os mais novos, mas há espaço para os adultos neste universo. Todos os jogos LEGO são particularmente viciantes com a sua acção em plataformas, puzzles simples e omnipresente humor. E esta fórmula apela a pessoas de todas as idades. Aqui no WASD, gostamos muito de jogos como LEGO Star Wars ou LEGO Batman. E ter um jogo com um mundo aberto à exploração (mais ou menos, já vou explicar) e com muitas horas pela frente, só pode ser positivo, sejam vocês miúdos ou graúdos. Nunca vou conseguir explicar o apelo destes jogos de forma fácil. Simplesmente existe, mesmo que seja repetido até à exaustão.

Começo, exactamente, pelos seus pontos fortes e que o distinguem dos demais títulos LEGO. Este é igualmente um jogo de plataformas, mas que se baseia numa gigante cidade aberta à exploração. Eventualmente, irão passar a maior parte do tempo a conduzir pelas ruas fielmente construídas com blocos LEGO, logicamente a bordo de veículos com a mesma composição. Só que há um truque da produção nesta aparente liberdade, que se torna engenhoso uma vez decifrado. Apesar da dimensão da cidade induzir-nos um sentido de mundo aberto, as missões de história são quase todas passadas em áreas confinadas e lineares. Ou seja, andamos pela cidade a explorar livremente, mas quando temos uma missão para cumprir, quase sempre é uma área fechada para atravessar, muitas vezes apenas disponível como um evento para activar.

E, sim, temos novamente que cumprir essa missão para desbloquearmos o modo “free play” dessa missão. Algumas áreas dentro da própria missão também estão fechadas e só podem ser acedidas por personagens especiais que angariamos mais lá para a frente. Também temos um objectivo mínimo de “studs” para apanhar e, por vezes, é necessário equipamento próprio para chegar a alguns locais. Tudo isto convida a uma repetição de missões só para completar cada tarefa que temos de cumprir em cada nível independente. Obviamente que isto é proporcional à vossa vontade de querer voltar a cada missão. Algumas são realmente divertidas, outras são francamente aborrecidas ou repetidas. Só mesmo os que gostam de fazer 100% terão algum interesse em regressar.

Fora das missões, temos diversas outras actividades para executar e “limpar” a LEGO City. Apesar da condução não ser particularmente interessante, podendo mandar parar qualquer automóvel e tomá-lo, é competente para nos ajudar a explorar ou levar para um qualquer ponto do mapa. Alternativamente, temos pontos de “fast travel” que vamos desbloqueando para tudo ser mais rápido. No meio dessa exploração, teremos de angariar studs e novos blocos de construção, além de procurar outra novidade com os novos “super blocos”. Estes, aliados aos tais blocos de construção, permitem criar “super construções” que nos dão zonas de construção de veículos, veículos de maiores dimensões, edifícios especiais e outras construções úteis. É como abrir uma daquelas caixas gigantes de LEGO e ver tudo a ser montado por magia. Melhor que isto, só montando peça-a-peça e à mão!

De um modo geral, o jogo é particularmente fácil de jogar. Não há um real desafio com algum risco de perda real caso falhemos o alvo. Os adversários esperam por nós se os perdermos numa perseguição, temos todo o tempo do mundo se estivermos com dificuldades a encontrar um trajecto, não há ecrã de “Game Over” se Chase cair num precipício e os puzzles são mesmo muito simples. Não é possível perder nos jogos LEGO, já sabem. Isto, aliado à sensação de liberdade, dá-nos uma descontração a jogar que não conseguimos ver noutros títulos recentes. Por outro lado, a falta de desafio poderá aborrecer-nos um pouco. Nada como chamar alguém à sala e dar-lhe o comando para ser nosso companheiro de aventura em acção cooperativa. Ao contrário do jogo original na WiiU, o modo cooperativo em ecrã dividido está de volta.

Só que, infelizmente, nem tudo corre bem pela cidade de LEGO. Em primeiro lugar, tenho de assinalar que, ao nível visual, o jogo está dentro dos padrões do que esperamos dos jogos desta série. Os bonecos e construções são brinquedos de plástico e não esperamos nunca ter aqui um colosso visual. Quando estamos nas partes jogáveis, o jogo mostra-se fluido e com texturas, modelos e animações dentro do expectável na realidade LEGO. Contudo, é quando as cenas intermédias entram em acção, que notamos uma quebra assinalável na qualidade de imagem. Nota-se que estes são vídeos criados para a versão anterior na WiiU com uma resolução mais baixa. A pixelização em alguns momentos, pelo menos, dá essa suspeita.

No entanto, o que para mim foi menos aceitável foram os ecrãs de carregamento. Convenhamos que este jogo não é assim tão exigente ao nível visual que obrigue a grandes manobras técnicas das actuais consolas. Entendo a necessidade de carregar uma nova área quando mudamos de zona em fast travel, por exemplo. Contudo, estes ecrãs de carregamento são constantes entre missões, entre novas áreas  e entre cenas intermédias, até. Não são intoleráveis, mas são mesmo persistentes e longos, pelo menos na versão analisada numa PlayStation 4 Pro. Alguns chegaram a durar quase um minuto. A tal ponto, que temos até textos inteiros de enredo para ler nestas fases de espera. Reforma no motor gráfico, TT Fusion?

Veredicto

Sem qualquer rede por baixo (leia-se sem um grande franchise de Hollywood para criar uma aventura), LEGO City – Undercover, vale-se de toda a fórmula usada até hoje pela TT Games. Mesmo que achem que essa fórmula está gasta e já se repete demais, este é um jogo, ainda assim, muito relevante para demonstrar que não precisa de um Batman ou Harry Potter para sobreviver. Há algumas pequenas novidades na jogabilidade, como os “super blocos” que permitem construções avançadas e a exploração da cidade, aliada à condução de veículos LEGO, que nos dão muitas horas de diversão além da sua história principal. A remasterização é tecnicamente competente, embora tenha algumas falhas pontuais que não a tornam perfeita. No geral, mesmo assim, é um dos melhores títulos LEGO, sobretudo se forem fãs destes simpáticos blocos de construção.

  • ProdutoraTT Fusion
  • EditoraWarner Brothers Entertainment
  • Lançamento7 de Abril 2017
  • PlataformasPC, PS4, Switch, Xbox One
  • GéneroArcade
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Ecrãs de carregamento
  • Baixa resolução de cenas intermédias

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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