Análise: Job Simulator

No ano 2050, o robôs substituíram qualquer trabalho humano devido à sua velocidade e eficácia. Os empregos como os conhecemos, são agora memórias do passado. Mas para não esquecer como chegamos até aqui, o JobBot criou o “Job Simulator” para mostrar aos humanos da nova geração como eram os seus empregos há muitos anos. Tudo para manter a história da humanidade.  

Esta é a premissa deste título, o primeiro jogo a ser apresentado e lançado para o HTC Vive no passado mês de Abril. Desde então tem sido muito bem recebido pela imprensa especializada, recebido inúmeros prémios, incluindo o galardão de “melhor jogo em Unity” e tido como um dos mais divertidos e das melhores experiências em Realidade Virtual. Agora, com a sua chegada ao PlayStation VR, é a nossa vez de verificar o porquê desta fama.

Com lugar num futuro distante, Job Simulator coloca-nos no papel do único humano num mundo de robôs flutuantes. Estes robôs, todos eles, curiosamente, com aspecto de monitores CRT, criaram simulações de empregos para que possamos “viver a experiência” de como era trabalhar “antigamente”. Ao todo são quatro ambientes que podemos experimentar: Cozinha, Escritório, Loja de Conveniência e Oficina de Automóveis.

Cada uma destas simulações coloca-nos em várias tarefas correspondentes a cada emprego, com a oportunidade de brincar com o ambiente que nos rodeia. Utilizando obrigatoriamente dois comandos PS Move, temos a capacidade de manipular objectos de forma natural. E é normal que falhemos nesse processo. É por isso que o humor é uma constante. Há piadas secas, comentários sarcásticos sobre a eficiência dos Humanos e algumas referências ao nosso mundo. Tudo por causa da nossa própria prestação.

Nas quatro simulações terão várias interacções e objectivos para completar. No Escritório, os objectivos passam por mandar emails, atender telefonemas, ver memes na internet e criar apresentações ao estilo do powerpoint. É possível ainda contratar e despedir funcionários, por exemplo. Já no Restaurante, há que cozinhar com os utensílios mais compactos e um micro-ondas radioactivo capaz de transformar pão em pizza. Haverá a possibilidade de participar no programa de culinária e receber uma visita da infame inspecção (ASAE).

Na Loja de convivência, como em qualquer loja terão de lidar com muitas pessoas estranhas e chatas. Neste ambiente podem fazer cachorros quentes, vender jornais, fogo de artifício, fazer montras e limpar o chão. Talvez a interacção mais interessante seja na Oficina. Aqui temos a oportunidade de trabalhar em automóveis, incluindo a pintura, trocar matrículas de carros roubados e reparar o motor. Existem carros alimentados com batatas… sim… é melhor que troquem por baterias, se não for incómodo.

Cada uma destas simulações, posiciona-nos num espaço com movimentos laterais inibidos mas permitindo rodar livremente. Este espaço é intencionalmente rodeado de ferramentas e utensílios. Uma opção inteligente para eliminar o risco de causar quaisquer danos aos objectos que nos rodeiam (no mundo real) e permitindo também jogar em pé, aliás o movimento vertical é necessário. E preparem-se para agachar muitas vezes.

As simulações têm um número limitado de tarefas para cumprir, mas estão desenhadas para serem opcionais. Cada uma delas é colocada em fila num objecto interactivo e só começam quando desejarem, isto permite que passem um bom tempo a brincar com todos os objectos que encontram em cada simulação. Podem beber óleo, atirar donuts para dentro de aquários, até mesmo despejar ketchup para cima dos robôs. Vocês decidem o que fazer, sejam criativos. E é, talvez, este mundo tão interactivo que torna este jogo tão divertido.

A melhor parte de Job Simulator é a precisão na captura dos nossos movimentos. Em poucos segundos, torna-se natural a forma como interagimos e como todo este mundo virtual funciona. O único botão que vão usar é o gatilho que fica encarregue de fechar a mão virtual. A partir daqui, podem agarrar, segurar, atirar e abrir. Já vimos este tipo de interacção, talvez um pouco mais intencionalmente complexo, em outros jogos como Surgeon Simulator, por exemplo. Aqui, porém, é muito mais preciso, graças ao PS VR + PS Move e, claro, toda a sua precisão.

O único problema que senti, teve a ver com a detecção do PS Move com alguns objectos presentes atrás de mim. No jogo é possível rodar livremente e ver o que nos rodeia. No entanto, como o movimento dos comandos é registado através das suas luzes no topo, há momentos em que o nosso próprio corpo bloqueia a luz entre a câmara e o PS Move, quando isso acontece ficamos sem ver as nossas mãos virtuais ou os objectos podem cair. Aqui, não podemos mesmo fazer grande coisa. Só há uma fonte de captura no PS VR (A PS Camera) e não podemos evitar esta situação.

Veredicto

Agora percebemos porque Job Simulator é detentor de tantos prémios. É um dos jogos que continuamos a visitar todos os dias para descobrir mais interacções e pequenos segredos engenhosamente escondidos. E é também um excelente exemplo de que não é necessário um grande grafismo foto-realista para criar um jogo imersivo e divertido. Nunca trabalhar foi tão divertido. Experimentem fotocopiar a vossa cara no escritório e preparem-se para uma boa gargalhada.