Insurgency-WASD

Análise: Insurgency (PC)

Oh não, mais um “shooter”… Já vos consigo ouvir aí desse lado a lamentar a existência de mais um jogo de acção na primeira pessoa, ainda por cima sobre o batalhado tema do combate moderno. Insurgency, porém, não quer ser “apenas mais um”. Tem ganas de ir mais longe, quanto mais não seja por frustrar os amantes dos jogos de tiros em arcada. E tudo começou com um pequeno projecto para contradizer os videojogos de guerra. 

Segundo reza a lenda, John Spearin, o criador deste projecto, estava numa trincheira durante o seu serviço militar quando se apercebeu de quão irreais eram os jogos de guerra actuais. Decidiu então pegar na plataforma Source para criar um mod gratuito de Half Life 2 que trouxesse a realidade do combate moderno para os jogos de acção. O projecto começou por se chamar Operation Counter-Insurgency, para depois se tornar no Mod do Ano 2007 com o nome Insurgency: Modern Infantry Combat.

Entretanto, impulsionado pelo sucesso do seu Mod, Spearin e a sua equipa criaram a New World Interactive e lançaram-se no “Early Access” no Steam (depois de uma campanha Kickstarter falhada) para tornar o seu mod num jogo standalone, ou seja, um jogo independente. O resultado é este que temos em mãos: Insurgency, disponível no Steam desde ontem e que tivemos a jogar até à exaustão.

A guerra moderna é uma montanha-russa de emoções onde o perigo salta a cada esquina e o jogo de equipa pode, mesmo, salvar vidas. Tudo se passa em palcos no Médio-Oriente onde Marines Norte-Americanos lutam contra a acção dos Insurgentes. Longe de ser a irreal corrida ao tiro de jogos como Call of Duty, Insurgency tenta realçar o perigo de um passo em falso, de se afastar da equipa ou de simplesmente estar no local errado na altura errada. Sendo um jogo totalmente online, pretende que o jogador ou se integre numa equipa em combates brutais em espaços confinados contra outra equipa, ou lute por objectivos em modo competitivo ou cooperativo, onde reina o já mencionado interesse no realismo.

São ao todo 12 mapas em 6 áreas de acção que variam desde as cidades rústicas do Iraque (onde até nem falta o busto de Saddam Hussein) até vilas em montanha ou no interior de imponentes edifícios. Nestes mapas desenrolam-se 5 tipos de jogos competitivos para 32 jogadores (16 x 16) que vão desde o típico “skirmish” até ao jogo de objectivos de captura de postos ou mesmo de escolta de VIPs. Sendo o modo competitivo o mais importante do jogo, é natural que seja o mais refinado. Os mapas estão muito bem desenhados e equilibrados para as duas facções (Marines e Insurgentes). Infelizmente há sempre “exploits” que os menos sérios tentam explorar. Como o jogo não apresenta a célebre “Killcam” onde mostra de onde partiu o tiro, é normal que um só “campista” se deite no canto mais escuro e ali passe o jogo. Até porque o nível de dificuldade elevado faz com que um só tiro certeiro no torso seja morte certa. E, por vezes, torna-se frustrante ver que os pontos de spawn estão cobertos por um chico-esperto que nem nos deixa respirar.

Depois existem dois modos de jogo cooperativo, para 6 jogadores, de captura de objectivos contra jogadores controlados pela (pouca) Inteligência Artificial do jogo. De facto, neste modo o que não gostei mesmo foi que a IA fosse tão desiquilibrada. Já mencionei que a dificuldade é elevada com tiros certeiros a serem morte certa. Ora, essa realidade com a IA é ainda mais frustrante porque tem uma tendência para descarregar a sua arma em nós com uma precisão quase demente. Mas depois correm e ficam de costas para nós… Algo não está bem nestes cérebros artificiais. É frustrante encontrar um insurgente de costas e ao virar-se dá-nos um tiro certeiro na cabeça!

Em termos de realismo na jogabilidade, acho que Insurgency fica bem lá em cima, rivalizando com outras tentativas de combate realista, como por exemplo ARMA III. As armas demoram a ser recarregadas, não o fazem automaticamente e temos de carregar na tecla se queremos que isso aconteça. As animações e modelos são o mais próximos que se pode ter do armamento moderno. Há lugar até para personalizar as armas com gadgets e cada um deles acrescenta (ou remove) potencial à arma. O peso do equipamento faz-nos correr mais devagar e cansar mais. Se estamos cansados é mais dificil alvejar. Cada bala que passa por nós cria desfoque na imagem e desconcentra o tiro. E o jogo não perdoa erros de posição. É preciso procurar cobertura e pedir auxílio aos membros da equipa.

Tenho de referir que para um jogo com uma produção de mod para jogo final, alguma coisa fica ainda por fazer. Dei por mim a ficar preso em determinadas zonas dos mapas, a “cair” dentro dos obstáculos e a ser alvejado atrás de paredes largas, sintoma de necessidade de refinamento na detecção de colisão. Claro que haverão patches para corrigir estas e outras coisas. Também existem ainda poucos servidores na Europa, o que faz com que a latência seja exagerada nalgumas sessões e, em alguns casos, perda de ligação.

Por último, visualmente. Insurgency usa perfeitamente o potencial do motor Source para uma boa experiência de jogo. Podem dizer que o Source está datado. Não vão encontrar grandes efeitos especiais nem grandes texturas. Mas é nessa simplicidade que o jogo corre fluido e sem paragens. As texturas são competentes e bem trabalhadas, alguns efeitos que não atrapalham e boas animações. Os sons estão razoáveis, com alguns efeitos de nota, como o silvo das balas a passar ou a fazer ricochete e pequenos pormenores como os sons de passos ou vozes de fundo. É uma boa experiência a nível técnico, despida de grandes efeitos visuais ou sonoros. Competente, diria até.

Veredicto

É um jogo equilibrado e sem grande espalhafato. Seria um colosso visual se usasse as técnicas modernas que outros jogos implementam mas isso faria desperceber a grande vantagem deste jogo viciante: a sua simplicidade. A nível de jogabilidade, não esperem o típico “gun-run” dos jogos de arcada ou as batalhas épicas com veículos. São só combates de infantaria. E são, quanto a mim competentes a tentar conferir o realismo que os autores queriam dar. Pode ser muito frustrante ao início mas acabamos por dar valor aos pequenos pormenores.

  • ProdutoraNew World Interactive
  • EditoraNew World Interactive
  • Lançamento22 de Janeiro 2014
  • PlataformasMac, PC
  • GéneroFPS
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • IA é desequilibrada
  • Dificuldade exagerada por vezes
  • Inúmeros exploits...
  • Alguns bugs

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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